Presidente da ACATE fala ao DC sobre a taxa de juros
Reportagem publicada no dia 11 de dezembro na editoria de economia do jornal Diário Catarinense repercutiu nos setores mais importantes da economia do Estado a manutenção da taxa de juros pelo Copom. O presidente da ACATE foi um dos entrevistados.
Confira a reportagem:
Reportagem publicada no dia 11 de dezembro na editoria de economia do jornal Diário Catarinense repercutiu nos setores mais importantes da economia do Estado a manutenção da taxa de juros pelo Copom. O presidente da ACATE foi um dos entrevistados.
Confira a reportagem:
http://www.clicrbs.com.br/pdf/5589826.pdf
Turbulência Global
Apesar da crise, juro é mantido
Pressionado de um lado pelo presidente Lula, empresários e sindicalistas por corte nos juros e, de outro, por sua própria convicção de que a crise global pode levar a inflação a fugir do seu controle em 2009, o Banco Central optou, ontem, por um meio termo. Manteve inalterada a taxa Selic por mais seis semanas, mas indicou que pode começar a reduzi-la a partir do mês que vem, na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2009.
Assim, a última reunião do Copom de 2008 não mexeu nos juros básicos da economia, que continuam em 13,75% ao ano pelo menos até 21 de janeiro. Mas o comunicado divulgado após a reunião ressaltou que um corte na Selic chegou a ser discutido, embora tenha prevalecido a posição mais conservadora, por unanimidade.
"Tendo a maioria dos membros do comitê discutido a possibilidade de reduzir a taxa básica de juros já nesta reunião, em ambiente macroeconômico que continua cercado por grande incerteza, o Copom decidiu, por unanimidade, ainda manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, sem viés, neste momento", diz o texto.
Eram fortes as pressões do governo pelo corte na Selic, como vem fazendo a esmagadora maioria dos países diante da brusca queda na atividade econômica, e a manutenção da taxa foi longamente discutida.
A reunião de ontem se estendeu por quatro horas, o dobro da duração média. Lula cobrava do BC uma redução nos juros ou, pelo menos, uma sinalização de que a taxa (a mais alta do mundo descontada a inflação) possa cair em breve. O conteúdo do comunicado foi a maneira de atender à reivindicação.
De imediato, uma redução de 0,25 ponto nos juros básicos teria pouco impacto real no custo dos empréstimos bancários no país, que já ultrapassa 40% ao ano, em média, segundo o próprio BC.
Mercado estima alta de 2% no PIB em 2009
A queda serviria para indicar que novos cortes podem ser promovidos, estimulando empresários a retomar seus investimentos e as pessoas a consumir: os dois principais motores do PIB em 2008.
Nas últimas semanas, Lula demonstrou insatisfação com o nível das taxas de juros no Brasil e pressionou o presidente do BC, Henrique Meirelles, a reduzir a Selic.
No mercado financeiro, estima-se que a economia deva crescer 2% no ano que vem, bem abaixo dos 4% perseguidos pelo governo. Do lado da inflação, os favoráveis ao corte dos juros dizem que não há sinais de alta preocupante no nível de preços. No mês passado, por exemplo, o IPCA subiu 0,36%, uma desaceleração em relação ao 0,45% de outubro.
Apesar desses argumentos, o BC continua mostrando preocupação com o comportamento dos preços. Assim como na reunião anterior do Copom, no final de outubro, a instituição considera que o cenário atual é muito incerto e que ainda é cedo para projetar com segurança como a economia brasileira reagirá.
Repercussão entre lideranças catarinenses
Glauco José Côrte, primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc)
Qual sua avaliação sobre a decisão do copom?
Nossa expectativa era de redução, por menor que fosse. Os preços dos produtos industriais e das commodities estão em queda e isso deveria pesar mais na decisão do Copom.
Como a definição altera os planos do setor para 2009?
Tudo indica que na primeira reunião do Copom no ano que vem as taxa de juros irão baixar. Hoje os juros altos inibem o consumo e, portanto, o crescimento do país. O dinheiro está caro e escasso e isso só vai mudar com uma decisão do Banco Central pela diminuição dos juros.
O senhor acha que o governo federal deveria começar a interferir nas decisões no Banco Central?
Não, absolutamente. Apesar de acreditarmos
que os juros têm que baixar, não
achamos que o governo deva interferir. Isso
causaria mais danos à economia do que a
própria manutenção das taxas de juros.
Sergio Medeiros, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL) de Santa Catarina
Qual sua avaliação sobre a decisão do copom?
Para nós do comércio, a manutenção da taxa foi uma frustração. Foi uma decisão desnecessária do Copom. A sinalização de uma redução seria uma medida positiva para o consumidor.
Como a definição altera os planos do setor para 2009?
A decisão da manutenção tem um impacto psicológico no consumidor, o que prejudica as vendas. E também estamos sentindo agora os impactos práticos das decisões anteriores. Isso pode, a curto prazo, movimentar a economia para baixo.
O senhor acha que o governo federal deveria começar a interferir nas decisões no Banco Central?
Não. Existe uma independência do Copom que é importante, uma independência da questão política. Mas é preciso olhar mais para as necessidades do mercado.
Rui Luiz Gonçalves, presidente da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate)
Qual sua avaliação sobre a decisão do copom?
Foi uma decisão na contramão. O mundo inteiro está numa crise de liquidez. E o Brasil está sendo conservador demais. Com essa taxa, as pessoas vão pensar melhor antes de fazer circular o dinheiro.
Como a definição altera os planos do setor para 2009?
Todos os setores de produção perdem. Uma redução de pelo menos 0,25 ponto porcentual já seria importante para a indústria continuar planejando investimentos para 2009.
O senhor acha que o governo federal deveria começar a interferir nas decisões no Banco Central?
Não. O Copom tem que ter independência, mas é preciso uma participação mais eclética nesta decisão.