Setor de tecnologia de SC vê oportunidades para 2009
Entrevistado neste domingo, 04 de janeiro, pela colunista Estela Benetti, do jornal Diário Catarinense, o presidente da ACATE fala sobre as oportunidades para o setor no ano de 2009.
Confira a entrevista na ítegra:
Entrevistado neste domingo, 04 de janeiro, pela colunista Estela Benetti, do jornal Diário Catarinense, o presidente da ACATE fala sobre as oportunidades para o setor no ano de 2009.
Confira a entrevista na ítegra:
Setor de tecnologia de SC vê oportunidades para 2009
Um dos setores que deverá enfrentar poucos impactos negativos em função da crise global é o de tecnologia de Santa Catarina. As empresas de software e hardware do Estado vêm crescendo numa média anual de aproximadamente 30% em faturamento. Para este ano, a estimativa da Associação Catarinense das Empresas de Tecnologia (Acate) é de que o crescimento fique em torno de 20%, o que é um belo desempenho diante da previsão do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 2,8% e de um cenário mundial bem mais difícil.
O presidente da Acate, Rui Gonçalves, está confiante na elevada capacidade de inovação do setor e de oportunidades que serão criadas no Brasil diante da cotação do dólar mais elevada, que inibe a participação de estrangeiros.
Sempre se diz que durante crises as empresas investem mais em tecnologia para enxugar processos e aprimoram seus sistemas de informação, o que beneficia o setor. E a Acate, por sua vez, neste período, quer aproveitar para criar um sistema de qualificação de mão-de-obra para ter profissionais formados quando a economia real passar a crescer mais, nos próximos anos. Leia a entrevista de Rui Luiz Gonçalves a seguir.
EM EXPANSÃO
– O nosso setor tem registrado um crescimento histórico entre 20% e 30% ao ano. Esperamos que em 2009, apesar da crise, a gente consiga crescer 20%. É claro que temos empresas que crescem muito além dessa média.
SOLUÇÕES NACIONAIS
– Acreditamos que o setor vai crescer porque, além de continuar atendendo seus clientes atuais, vai poder conquistar mais mercado. É que durante uma crise, muitas empresas buscam mais inovação, o que depende de soluções em software ou hardware. Além disso, como o real sofreu desvalorização diante do dólar, ficou mais difícil importar tecnologia, o que vai levar empresas do Brasil a buscar soluções nacionais.
Também acreditamos que os investimentos no setor produtivo vão crescer de forma mais acelerada porque o mercado de papéis (ações e outros) trouxe grandes perdas aos investidores.
UNIÃO NO ESTADO
– Um dos objetivos da Acate é unir o setor de tecnologia do Estado e buscar investimentos diante das várias oportunidades que surgem. Recentemente, incluímos também empresas de Chapecó, Criciúma e Lages. Temos que reconhecer os méritos do presidente Lula. Nunca houve tanto investimento em tecnologia como nos últimos anos. Grupo de 15 empresas de SC conseguiu recursos não-reembolsáveis da Finep, com cifras de R$ 1 milhão a R$ 4 milhões, e quase tudo será destinado para mão-de-obra.
COM A FINEP
– Temos uma parceria muito forte com a Finep. Conseguimos liderar a participação no programa Juro Zero para o setor no país. Aprovamos projetos orçados em R$ 20 milhões na primeira etapa e, agora, conseguimos renovar mais R$ 20 milhões. É um dinheiro sem garantia real que emprestamos para as empresas que desenvolvem inovação tecnológica. Só cinco cidades do país participam, e nós fomos responsáveis por 50% das operações no Brasil. O objetivo é levar essa experiência para outros municípios de SC com a Acate. Hoje, todas as regiões do Estado participam do Arranjo Produtivo Local do setor, que aprovamos junto ao Ministério do Desenvolvimento.
700 A MIL EMPRESAS
– A Acate não tem, ainda, números completos sobre o setor no Estado, onde há vários polos tecnológicos. As projeções são de que SC tem de 700 a mil empresas de software e hardware. Em Florianópolis, temos cerca de 360 empresas de software e cem de hardware. O setor de tecnologia é um dos que mais arrecadam Imposto Sobre Serviços (ISS) na Capital. Até setembro de 2008, registrou faturamento de R$ 592 milhões e arrecadou R$ 7,7 milhões em ISS. Ao longo de 2007, arrecadou R$ 9,9 milhões do mesmo tributo, ficando à frente da construção civil, serviços de saúde e turismo.
ARTISTAS DO SOFTWARE
– Um dos pontos fortes é a geração de renda. Hoje, o salário médio do setor de tecnologia está em torno de R$ 2 mil, mas temos muitos engenheiros com apenas 22 anos que ganham R$ 7 mil a R$ 8 mil. São artistas do software. A função deles depende muito do desempenho individual e da sua capacitação. As empresas que têm esses profissionais fazem esforço para retê-los porque, do contrário, as outras contratam.
Com a qualidade de vida de Florianópolis, muitos executivos de outros centros optam por trabalhar aqui em Florianópolis.
FORMAÇÃO
– Nós estamos projetando um grande programa de formação profissional de nível técnico, com inserção social. Você pega um jovem de baixa renda e oferece educação, isso dá condições para ele ter um emprego com salário R$ 2 mil ou mais. Eu sempre digo que a inclusão digital faz a inclusão social. A Acate apresentou, agora, um projeto para a Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado (Fapesc), e o seu presidente, o professor Diomário Queiróz, ficou muito interessado. Nosso objetivo é identificar talentos nas escolas e desenvolver esses profissionais, que terão emprego garantido. A prefeitura de Florianópolis também deverá participar. Somente aqui na Capital são abertas 30 a 40 novas empresas de tecnologia por ano, que precisam de profissionais. O setor oferece 4 mil empregos diretos e 60 mil indiretos.
ALTOQI É LÍDER
– Eu sou filho de agricultor de Ilhota, no Vale do Itajaí. Cursei Ciência da Computação e fiz pós-graduação em Engenharia da Produção, na UFSC. Quando me formei na graduação, com 22 anos, não queria voltar para o interior, a exemplo de muitos que se formam em Florianópolis. Então fundei a AltoQi, especializada em software para engenharia.
Oferecemos softwares que permitem projetar sistemas hidráulicos, elétricos, de telefonia, cabeamentos e a parte estrutural de edificações. Temos 90% do mercado de SC desse segmento e mais de 50% do mercado brasileiro. Nossa empresa tem 19 anos e oferece cem empregos diretos.