Balanço 2020: Fapesc lança número recorde de editais e contribui para expansão do ecossistema de ciência, tecnologia e inovação
O ano de 2020 proporcionou a expansão do ecossistema de ciência, tecnologia e inovação catarinense em direção a todas as regiões. A Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) contribuiu com isso ao lançar o recorde de 34 editais. O número é mais de três vezes superior à média dos anos anteriores.
Até então, 2019 contava com a maior quantidade de editais. Curiosamente, a Fapesc chegou a 19 chamadas públicas no ano passado, mais que o dobro dos anos anteriores, que mantinham a média anual de oito ou nove.
Os editais desse ano contemplaram desde pesquisa básica e aplicada para produção de conhecimento e soluções dentro das universidades até o desenvolvimento de ideias e criação de empresas, que poderão gerar renda e emprego.
O presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen, explica que a missão é justamente promover o ecossistema catarinense de ciência, tecnologia e inovação com fomentos e ações de integração. Resultando em equilíbrio regional e desenvolvimento econômico sustentável. Outro papel é integrar diferentes agentes que produzem conhecimento e soluções.
“O investimento feito pelo Governo do Estado por meio da fundação é essencial para a manutenção e crescimento da pesquisa e da inovação. Por isso, buscamos cada vez mais recursos, parcerias e chamadas públicas que atendam as demandas dos setores e das áreas do conhecimento. Também conectamos empresas, empreendedores, pesquisadores, universidades, governo e sociedade com foco na solução dos problemas do nosso Estado. As ações da Fapesc já estão produzindo resultados, mas trarão ainda mais impactos positivos para a sociedade catarinense nos próximos anos”, destaca Holthausen.
Já o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação, Amauri Bogo, ressalta o empenho da fundação em lançar tantos editais em um ano atravessado por desafios como o trabalho remoto, a pandemia e as dificuldades econômicas. E completa destacando o trabalho realizado dentro do ecossistema e o avanço nas relações com os órgãos da administração direta e indireta do Governo do Estado e entidades como Sebrae e Fiesc.
“O fato é que nós conseguimos criar uma capitalidade que envolve a pesquisa básica, a pesquisa aplicada, a pesquisa tecnológica e a inovação. Esses editais fizeram uma oxigenação total dentro dos entes que envolvem o ecossistema de Santa Catarina, como as instituições de ensino superior, as incubadoras e, principalmente, a Rede Catarinense dos Centros de Inovação que fazem o link entre os dados gerados pela pesquisa e a criação de soluções e produtos pela inovação tecnológica”, reitera Bogo.
O diretor de Administração e Finanças, Leonardo de Lucca, destaca que, além do lançamento dos editais, foi realizado um intenso trabalho ao longo de 2020 para modernizar a fundação e prepará-la para os desafios de 2021. “Estruturamos o projeto de reforma da sede da Fapesc. Estamos realizando também um levantamento de necessidades de equipamentos tecnológicos e de atualização de hardware e softwares que auxiliem no crescimento do portfólio de programas dos últimos anos”, conta.
Força-tarefa contra a Covid-19
Uma das primeiras movimentações da Fapesc no combate ao avanço da Covid-19 em Santa Catarina foi articular uma rede de pesquisadores catarinenses que pudessem contribuir com a tomada de decisão do Governo do Estado. A proposta foi bem aceita na comunidade científica e resultou em um grupo de voluntários que apresentaram análises técnicas sobre a pandemia.
Mas o trabalho da fundação não ficou apenas na articulação. Também contribuiu diretamente com recursos para pesquisas e desenvolvimento de produtos. Foram lançados três editais para combate à pandemia e seus efeitos, resultando em 16 projetos aprovados e um investimento que chega a R$ 2,2 milhões.
Entre as soluções mais aguardadas no Brasil e no mundo está o desenvolvimento de vacinas. A Fapesc fomentou dois projetos realizados na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e no Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, em Florianópolis.
Um dos estudos propõe a combinação da vacina já existente contra tuberculose (BCG) como um novo imunizante para o coronavírus. Neste momento, o grupo de pesquisa desenvolve bactérias BCG contendo antígenos do SARS-Cov-2 com o objetivo de proteger de uma única vez contra tuberculose grave e Covid-19. A pesquisa ainda está em estágio inicial, mas a próxima etapa é passar para testes em animais.
Enquanto a vacina catarinense não chega, outro estudo propõe o uso de um imunizante que já esteja no calendário vacinal, como é o caso da tríplice viral que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Um grupo de aproximadamente 400 voluntários, formado por profissionais da saúde, está sendo testado. Os resultados preliminares apontaram que quem recebeu a vacina ficou imune ou teve sintomas menos graves da doença.
Mas não apenas na pesquisa que a Fapesc contribuiu no combate à pandemia. Também investiu no desenvolvimento de produtos como detergentes, soluções para higienização de ambientes e até para ativação da economia, como é o caso do painel criado pela empresa Incentiv.me. Lá, poderão ser feitas doações para projetos sociais e de ativação econômica e ainda acompanhar o impacto na vida dos beneficiários.
O presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen, lembra a importância de agir de forma célere para acionar pesquisadores e empresas e criar soluções. “Quando a pandemia assolou nosso país e estado, buscamos parcerias para encontrar propostas e projetos que possuíssem nível de maturidade suficiente para auxiliar a sociedade no enfrentamento desta crise sanitária. Nossas chamadas fomentaram financeiramente projetos de universidades e empresas, além de subsidiar a formação de mestres e pós-doutores no aprofundamento de seus estudos, gerando propostas e pessoas qualificadas” explica.
Prêmios e reconhecimentos
Mas nem tudo em 2020 foi relacionado à pandemia. Os primeiros meses permitiram celebrar as conquistas realizadas em anos anteriores. Assim a Fapesc homenageou os 30 vencedores do Prêmio Inovação Catarinense – Professor Caspar Erich Stemmer.
Empresas e personalidades que contribuíram para o desenvolvimento da inovação em Santa Catarina estiveram no palco para receber prêmios, medalhas e troféus. Um gesto de reconhecimento a quem produz soluções, busca novos métodos e incentiva mais gente a seguir esse caminho.
Foram premiadas empresas como Ciser e Whirlpool, de Joinville, ou mesmo a Softplan de Florianópolis, grandes geradoras de inovação e empregos. Também startups que chegam agora no mercado com soluções que despontam pelo ineditismo e complexidade como é o caso da Biocelttis, produtora de tecido humano em laboratório, ou mesmo a NanoScoping, que cria soluções a partir de nanotecnologia.
Não basta falar só de empresa. O Prêmio Inovação Catarinense também é feito de gente. Pessoas de todas as idades foram homenageadas, como os jovens Mylena Reis Pinheiro e Vitor Piaia, do Centro de Educação Profissional de Chapecó, que levaram o primeiro lugar na categoria Jovem Inovador.
Impossível acompanhar a premiação sem também se emocionar com o entusiasmo com que a professora Giselle Araújo de Medeiros fala do projeto que desenvolveu na Escola Herondina Medeiros Zerefino, em Florianópolis. Ela ajuda meninas a criar aplicativos para celular, incentivando-as a ingressar no mundo da tecnologia.
O ano termina com o edital da nova edição do prêmio em andamento. São 226 inscritos disputando os primeiros lugares em 11 categorias. A divulgação dos finalistas será feita em março de 2021.
A fundação resolveu homenagear também quem dá visibilidade às pesquisas e às inovações produzidas em Santa Catarina. Para isso, lançou o Prêmio Fapesc de Jornalismo. Poderão participar jornalistas e veículos de todo Estado. Haverá uma etapa regional e outra estadual, premiando os melhores trabalhos em cinco diferentes categorias. As inscrições estão abertas até 1º de março de 2021. Para mais informações, acesse www.fapesc.gov.br.
O presidente da Fapesc reforça a importância de valorizar aqueles que inovam em Santa Catarina e os profissionais que difundem as ações de ciência, tecnologia e inovação. “É aplaudir o trabalho de quem gera resultados, inspiração e conexão para o aprofundamento do conhecimento, evolução da tecnologia e geração de inovação. Queremos mostrar o que Santa Catarina faz de melhor”, comenta Holthausen.
Quase R$ 15 milhões em pesquisa
Ao longo de 2020, a Fapesc lançou 13 editais destinados ao fortalecimento da pesquisa em Santa Catarina. O investimento chega a quase R$ 15 milhões. O mais aguardado deles é o Programa de Pesquisa Universal, que não tinha novas edições desde 2014.
O pico de audiência nas lives de lançamento e para tirar dúvidas sobre o Universal, que chegou a 1 mil pessoas online, resultou também no forte engajamento da comunidade científica nas inscrições. A fundação recebeu recorde de projetos submetidos, chegando a 1100, número bem acima da edição anterior, com 750.
O investimento de R$ 4 milhões em novas pesquisas e a regionalização fizeram do edital uma das ações da Fapesc mais aguardadas e comemoradas pelos cientistas catarinenses.
A saúde também foi outro destaque do ano. Além das chamadas envolvendo a pandemia, a fundação destinou em parceria com o governo federal e a Secretaria de Estado da Saúde R$ 2,5 milhões para estudos relacionados ao SUS. O edital PPSUS não era lançado desde 2015 e foi um dos grandes incentivos para novas propostas na geração de conhecimento e soluções para a saúde pública de Santa Catarina.
Já no último trimestre, a fundação expandiu as parcerias realizadas com algumas instituições de ensino superior para fortalecimento dos grupos de pesquisa. O resultado foi o lançamento de quatro editais envolvendo a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e o Instituto Federal Catarinense (IFC). Ficaram para 2021 o edital exclusivo para o sistema Acafe e o avanço na parceria com a Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS).
O investimento chega a R$ 6,4 milhões, incluindo recursos das próprias instituições. O dinheiro poderá ser usado na melhoria dos laboratórios, na compra de equipamentos e na aquisição de insumos para pesquisas, além do deslocamento de pesquisadores.
Segundo a gerente de Ciência e Pesquisa da fundação, Deborah Bernett, a ciência ganhou importante destaque, especialmente nos projetos voltados para a área da saúde. “Em 2020, a Fapesc investiu maciçamente na ciência e na pesquisa. Foi um ano atípico pela pandemia e, mesmo assim, não medimos esforços para apoiar projetos voltados direta ou indiretamente às ações emergenciais de combate à Covid-19”, analisa.
Inovação como estratégia de desenvolvimento
A Gerência de Inovação da Fapesc é relativamente nova. Começou a operar em 2019, a partir da reforma administrativa feita pelo Governo do Estado. Desde então, vem colecionando lançamentos de importantes programas de incentivo ao empreendedorismo inovador, como o Centelha e o Tecnova II. Ambos os editais foram publicados em 2019, mas foi ao longo desse ano avançaram com a seleção de projetos e a transferência de recursos para os contemplados.
Só para ter uma ideia, o Centelha – programa realizado pelo governo federal e realizado em Santa Catarina pela Fapesc – destinou R$ 1,68 milhão para 28 diferentes propostas. Cada selecionado vai ganhar R$ 60 mil para desenvolver o produto e abrir a empresa. Começam assim novos negócios no Estado com potencial de geração de renda e empregos qualificados.
O ano termina com mais uma excelente notícia: a Fapesc conseguiu aprovar o Centelha 2, que chega agora com mais recursos e com a possibilidade de incluir mais projetos. Serão investidos a partir de 2021 mais R$ 3 milhões pelo programa, contemplando a abertura de 50 novos negócios.
Outro programa lançado em 2019, mas que teve desdobramentos ao longo desse ano é o Tecnova II. Nessa chamada, foram destinados R$ 7,5 milhões para que 28 empresas catarinenses possam desenvolver produtos inovadores. Com essas novas soluções, ganha a economia catarinense podendo gerar novas receitas e aumentando a produtividade.
Um dos setores beneficiados com essas soluções é o agronegócio. Cada empresa receberá entre R$ 150 mil e R$ 300 mil para desenvolver produtos como uma plataforma de análise dos riscos microbiológicos em alimentados utilizando sequenciamento de DNA e aprendizagem de máquina. Outro projeto prevê uma tecnologia inovadora para imunodiagnóstico aviário. Propostas envolvendo agricultura e meio ambiente também foram destaques, como o uso de nanotecnologia para produção de defensivos agrícolas naturais para manejo sustentável do campo.
Mas a grande surpresa do ano foi o início das primeiras turmas do Programa Nascer, realizado em parceria com o Sebrae/SC. Nele, 314 equipes passaram ou estão passando por um processo de pré-incubação que tornarão uma ideia em um negócio viável. A intenção é que esses novos empreendedores terminem as mentorias com condição de serem incubados, receberem investimento ou mesmo abrirem as próprias empresas.
Cada turma do Nascer está alocada em um dos Centros de Inovação do Governo do Estado ou em cidades que vão receber ainda essa estrutura futuramente. Assim, o desenvolvimento do empreendedorismo inovador atinge cada canto do Estado. Mas, por causa da pandemia, os trabalhos estão sendo realizados remotamente.
A Fapesc também tem a preocupação de formar pessoas qualificadas para atuarem nas empresas de inovação. Por isso, é a principal apoiadora do Programa Entra 21 – Blusoft que treina jovens da cidade de Blumenau para atuar no setor de Tecnologia da Inovação e Comunicação. Cerca de 300 alunos foram contemplados com aula de programação, empreendedorismo e línguas.
Outra estratégia da fundação é o fortalecimento regional a partir da Rede Catarinense de Centros de Inovação. Para isso, desde 2019 vem investindo em programas e apoio aos Centros de Inovação e aos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs). Também concedeu bolsas para contratação de pessoas qualificadas que ajudassem na gestão desses centros, na ativação do ecossistema local e nos comitês de implantação.
Por fim, a Fapesc está destinando R$ 3,4 milhões para apoiar as incubadoras de empresas em Santa Catarina. A intenção é reduzir os efeitos da pandemia, auxiliar na retomada da economia e criar oportunidades para que mais empresas possam ser incubadas, movimentando todo o setor.
Segundo a gerente de Inovação da Fapesc, Gabriela Mager, 2020 foi um ano em que a tecnologia e inovação foram protagonistas na sociedade e a fundação foi um agende importante para o crescimento e a aceleração do ecossistema. “Lançamos e acompanhamos editais pensando a jornada do empreendedor inovador, que inicia na ideia que pode ser tornar uma empresa sendo pré-incubada no Programa Nascer, ou em seu crescimento como empresa no Programa Centelha e o apoio à inovação de risco em empresas consolidadas com o Programa Tecnova. Premiamos os inovadores: alunos, professores, pesquisadores, empresas e órgãos públicos. Apoiamos a estruturação das incubadoras no Estado. Enfim, muito trabalho com resultados importantíssimos para colocar Santa Catarina como referência no mapa da inovação” explica.
Foco nas bolsas
A pandemia impediu que eventos de ciência e tecnologia fossem realizados presencialmente em Santa Catarina. Isso impactou diretamente a Gerência de Eventos de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapesc durante o ano. Contudo, a equipe focou os esforços para manutenção e ampliação na oferta de bolsas para pesquisa e inovação. Foram lançados ao todo 10 editais ao longo de 2020, gerando um investimento de R$ 6.8 milhões.
Mas antes, manteve ativas 529 bolsas com recursos próprios e parcerias. Sendo elas 31 de iniciação científica e tecnológica, 330 de mestrado, 71 de doutorado, 12 de pós-doutorado e 85 para desenvolvimento de tecnologia e inovação.
Também foi buscar mais recursos para Santa Catarina. Assim, a Fapesc garantiu investimento de R$ 7,3 milhões junto à Capes para novas bolsas que serão implementadas em 2021 para os cursos de pós-graduação emergentes ou em consolidação em Santa Catarina. O valor será em parte destinado pelo Governo Federal com contrapartida da fundação.
Mas o grande diferencial para bolsas ficou com os projetos em parceria com os outros órgãos do Governo do Estado. Atualmente, são cinco editais abertos com 27 vagas para atuar em pesquisa e inovação na Controladoria-Geral do Estado (CGE), no Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC), Secretaria do Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE). Isso é resultado de um projeto da Fapesc para modernizar e melhorar os serviços dos órgãos do Estado.
A gerente de Eventos de Ciência, Tecnologia e Inovação, Ana Paula Netto Carneiro, diz que o sentimento da equipe nesse final desse atípico 2020 é de dever cumprido. “Apesar das adversidades enfrentadas durante o ano devido à pandemia, a Fapesc atendeu diversos programas, projetos e eventos por meio da destinação de recursos ao desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação na sociedade catarinense”, destaca.
Fonte: Fapesc