Como SC pretende solucionar falta de profissionais na área da tecnologia
Estudo recente mostrou que serão abertas mais de 16,6 mil novas vagas na área em Santa Catarina até 2023. Imagem: Thierry Roget, via Unsplash. Por Iomani Engelmann* A […]
Estudo recente mostrou que serão abertas mais de 16,6 mil novas vagas na área em Santa Catarina até 2023. Imagem: Thierry Roget, via Unsplash.
Por Iomani Engelmann*
A falta de talentos no setor de tecnologia se intensificou com a pandemia. A necessidade urgente de transformação digital das empresas de todos os segmentos, além do trabalho remoto, acentuou a escassez de profissionais. Esse déficit é mundial, o que leva a uma disputa global por talentos. Diante desse cenário, as próprias empresas do ramo e entidades têm se organizado para atrair e formar profissionais.
Em Santa Catarina, terceiro maior polo de tecnologia em número de colaboradores do Brasil, há diversas iniciativas e a Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) é uma das protagonistas desse movimento.
O primeiro passo para pensar em soluções a longo prazo foi fazer uma mapeamento, junto às empresas de base tecnológica, para entender a real demanda e quais são as funções e habilidades mais exigidas.
O estudo, divulgado recentemente, mostrou que serão abertas mais de 16,6 mil novas vagas na área em Santa Catarina até 2023 — mais da metade delas (56%) para desenvolvedores. As funções mais demandadas são Desenvolvedor Full Stack, Back-end e Front-end, seguidas por analista de serviços/suporte TI e analista de negócio.
Já em relação às competências dos candidatos, as mais valorizadas são conhecimentos em tecnologias ágeis, experiência profissional na área, habilidade em execução de projetos e domínio de linguagens de programação. Esse mapeamento inédito auxilia tanto na definição de capacitações de profissionais de acordo com as necessidades das empresas como para saber quais as áreas estão com maior déficit.
O passo seguinte foi identificar ações de formação de profissionais nesta área. Um exemplo é o Programa Entra21, criado pelo Blusoft, Polo Tecnológico de Blumenau, que fomenta a mão de obra para o setor de tecnologia no Vale do Itajaí. O projeto, financiado pela Prefeitura de Blumenau, Governo do Estado e empresas da região do Vale do Itajaí, já capacitou gratuitamente mais de quatro mil jovens desde 2006, com cursos de desenvolvimento em linguagens de programação, além de aulas de inglês ou alemão e de desenvolvimento humano.
Para garantir uma formação baseada nas demandas do mercado de tecnologia, a Acate e o Senai também lançaram, no ano passado, o DEVinHouse, um programa para formação de desenvolvedores em nove meses e com bolsas de estudo integrais. Empresas parceiras participam do projeto como patrocinadoras, ajudam a definir os conteúdos das aulas e se comprometem a contratar parte dos formados. Outra ação é o Programa Jovem Programador, coordenado pelo Sindicato Patronal das Empresas de TI de SC (SEPROSC), e Senac/SC, em parceria com a Acate e empresas. Estão previstas 635 vagas ainda em 2021 com turmas em 11 cidades catarinenses.
Nosso foco em Santa Catarina é em uma jornada de formação de talentos para a tecnologia. Essa iniciativa de longo prazo deve englobar todas as fases de aprendizado, inclusive com projetos para que crianças despertem para a tecnologia, passando por um reforço, por exemplo, no ensino de ciências exatas, principalmente Matemática, nas escolas. E, por fim, oferecendo cursos de formação para jovens. Para isso, estamos nos reunindo e promovendo o engajamento de diversos atores no ecossistema de inovação, como governo do estado e entidades como Senai.
Todos esses fatores e iniciativas mostram que o desafio de formar talentos na área de tecnologia é complexo e exige um esforço conjunto de toda a sociedade — poder público, Academia, empresas, associações e população em geral. Em Santa Catarina, programas e projetos em andamento mostram que estamos no caminho certo, porém ainda há muito para avançar. Só com um trabalho completo, desde o ensino fundamental voltado para as competências tecnológicas até especializações, poderá suprir essa demanda crescente a longo prazo. E só com a capacitação desses profissionais especializados, Santa Catarina e o país poderão avançar de forma mais consistente para uma verdadeira transformação digital.
*Iomani Engelmann é presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE)
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