Software e serviços crescem 21% no Brasil, mas setor está próximo do ‘colapso’, adverte ABES
Na contramão do cenário vivido pelo mercado mundial de software e serviços, que registrou crescimento de modesto 0,5% em 2010, o setor teve alta de 21,3% no Brasil, movimentando cerca de US$ 19,04 bilhões no período. Desse total, US$ 5,5 bilhões dizem respeito a software e US$ 13,53 bilhões referem-se a serviços relacionados. As cifras representam 1,8% e 1,2% dos mercados globais de software e serviço, respectivamente.
Na contramão do cenário vivido pelo mercado mundial de software e serviços, que registrou crescimento de modesto 0,5% em 2010, o setor teve alta de 21,3% no Brasil, movimentando cerca de US$ 19,04 bilhões no período. Desse total, US$ 5,5 bilhões dizem respeito a software e US$ 13,53 bilhões referem-se a serviços relacionados. As cifras representam 1,8% e 1,2% dos mercados globais de software e serviço, respectivamente.
Os números são resultado de uma pesquisa realizada pela IDC e divulgada nesta segunda-feira, 27/06, pela Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes). Segundo a análise, os resultados posicionam o Brasil no 11º lugar do ranking mundial – uma posição acima da registrada em 2009.
Apesar do crescimento, a Abes alerta para a necessidade de uma mudança no modelo adotado atualmente pelo mercado brasileiro de software e serviços. Gerson Schmitt, presidente da associação, destaca que hoje 70% do software consumido no país são importados.
“Isso acontece porque, infelizmente, o modelo adotado no Brasil é baseado em serviços, que atende a dois terços do mercado total, exige um número maior de profissionais e ainda apresenta uma produtividade econômica 30% menor às empresas”, destaca o executivo.
De acordo com o levantamento da IDC, do US$ 1,74 bilhão exportado em software e serviços em 2010, 71% dizem respeito ao segundo. “Significa que estamos exportando mão-de-obra barata quando o país tem um enorme déficit de profissionais”, alerta o presidente da Abes.
“Hoje o Brasil não precisa exportar serviços, mas software. Esse modelo de exportação de serviços demanda mais profissionais capacitados para fazer menos e receber menos. É um modelo macroeconomicamente inviável”, afirma.
Serviços x Software
“Em nossa [Abes] opinião, insistir no crescimento de um perfil de exportação dominado pela venda de serviços representará um colapso setorial e insucesso do atual modelo, com a comoditização do seu mais valioso ativo vendido pelo menor preço possível na unidade homem/hora”, diz Schmitt.
Para a Abes, o Brasil precisa investir na venda de soluções replicáveis, de alto valor percebido, com inteligência e capacidade de inovação como diferenciais competitivos. Schmitt diz que, para passar a exportar em uma década 40% do que a Índia exporta atualmente em serviços (US$ 50 bilhões ao ano), o Brasil teria que multiplicar seis a sete vezes o atual volume de exportações de serviços off shore de TI – chegaria a US$ 20 bilhões até 2010.
“Neste caso, apenas para atender o segmento de exportação com a atual predominância de serviços, seriam necessários cerca de 400 mil profissionais”, contabiliza o executivo, acrescentando que isso é impensável em um mercado que não precisa de emprego, mas de profissionais. “A previsão é que haja um déficit de 200 mil profissionais já em 2013”.
Se desconsiderado o mercado total de TIC, o Brasil registrou investimentos da ordem de US$ 165,69 bilhões em 2010. O montante é composto por US$ 5,4 bilhões em software, US$ 11,90 bilhões em serviços de TI, US$ 19,80 em hardware, US$ 80,6 bilhões em Telecom, US$ 39,50 bilhões em TI in house e US$ 6,54 em outros serviços relacionados. Neste valor não estão consideradas as exportações de software e serviços, que juntas somam US$ 1,74 bilhão.