Quem são as mulheres por trás da tecnologia em Santa Catarina?
Santa Catarina é o estado que mais cresce em inovação no Brasil. O setor de tecnologia teve um aumento de 63,2% na quantidade de empresas em 2020. Cada vez […]
Santa Catarina é o estado que mais cresce em inovação no Brasil. O setor de tecnologia teve um aumento de 63,2% na quantidade de empresas em 2020. Cada vez mais dinâmico e representativo, o ecossistema catarinense serve de exemplo para outras regiões do país e do mundo, em termos de estadualização tecnológica, formação de talentos e associativismo.
Por outro lado, ele ainda tem um longo caminho a percorrer para ser chamado de diverso. Quando se trata da participação por gênero , menos da metade dos colaboradores (43%) e apenas 22,8% do total de empreendedores são mulheres. É o que apontam os dados do ACATE Tech Report 2021. Os números são ainda mais discrepantes quando levada em conta a realidade populacional do estado, uma vez que pouco mais da metade das pessoas que vivem em SC (50,36%) se autodeclara. do gênero feminino, de acordo com o último censo demográfico brasileiro, realizado em 2010, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conhecer o perfil das pessoas que atuam na tecnologia catarinense é importante para criar e direcionar ações que atuem nas dores e necessidades do ecossistema. Neste artigo do Blog ACATE, você confere quem são os talentos femininos que ajudam a movimentar essa economia.
Formação acadêmica
Entre abril e maio de 2021, o Grupo Temático Mulheres ACATE lançou uma pesquisa pioneira no ecossistema, com o objetivo de mapear a participação feminina no setor de tecnologia catarinense. Até então, só se conheciam números mais gerais sobre o tema, como o fato de Santa Catarina estar à frente do resto do país no que diz respeito ao número de colaboradoras mulheres no universo tech (enquanto no estado são 43%, a média no Brasil é de 36%).
Com o levantamento, descobriu-se que a permanência das mulheres no setor está diretamente atrelada à formação acadêmica. 70,1% das respondentes possuíam pós-graduação, mestrado ou doutorado; 18,4% ensino superior completo e 6% ensino superior incompleto.
Até 2023, as empresas de base tecnológica de Santa Catarina devem abrir 16.612 novas vagas e não há talentos suficientes para suprir a demanda. Por isso, para que mais mulheres ocupem espaços no mercado de inovação, é preciso investir em iniciativas que formem pessoas de perfis diferentes para preencher esses postos.
Cargos e segmentos
Outra informação relevante para entender quem são essas mulheres são os cargos e segmentos em que elas estão. Das pessoas que participaram da pesquisa, 26,5% são interlideranças (diretoras, coordenadoras, gerentes) em suas empresas, 21,1% tem cargos técnicos, 12,12% são CEOs, 11,6% sócias-fundadoras e 8,8% empreendedoras. As demais (19,8%), ocupam posições diversas, entre elas consultoras, professoras, estagiárias, assistentes e arquitetas.
Quanto à liderança feminina, apenas 16,32% das empresas das respondentes possuem a mesma parcela de mulheres e de homens em funções de chefia. 24,64% possuem mais de 50% de mulheres nesses cargos e cerca de 60% estão abaixo dessa linha de equidade. Há mais CEOs femininas e sócias-fundadoras em micro e pequenas empresas. Em empreendimentos de médio e grande porte, as mulheres ocupam mais interlideranças e cargos técnicos.
Os segmentos tecnológicos com mais participação feminina foram educação, saúde, software, serviços, consultoria, TI, construção civil, indústria, cosmética, telecomunicações e comunicação social. Nesses, as mulheres prestam serviços relacionados a desenvolvimento de software; monitoramento de dados; aceleração de startups; criação de apps, jogos e animação; fintechs; produtos de energia; seguros cibernéticos; cosméticos e insumos nanotecnológicos; Big Data Analytics; produção de vídeos; consultoria de RH em tecnologia; soluções para gestão do varejo; viagens nacionais e internacionais; e inovação tecnológica. Além disso, as habilidades profissionais mais demandadas no mercado, segundo as participantes da pesquisa, foram comunicação, liderança, gestão, desenvolvimento, criatividade, projetos, negociação, organização.
Empresas que contratam mulheres
A rotatividade das mulheres no setor de tecnologia catarinense é bastante significativa. Quase metade (49,3%) das respondentes declaram ter de 1 a 3 anos de atuação dentro da mesma empresa, 19,05% têm de 4 a 6 anos e 7,75% de 7 a 10 anos.
De acordo com a pesquisa, as empresas que mais empregam mulheres são as que estão há mais tempo no mercado. 46,7% têm mais de 10 anos de existência, 15,6% têm de 5 a 10 anos, 9,5% de 1 a 2, e 11,6% têm menos de um ano. Além disso, há mais atuação feminina (73,2%) nas empresas de micro, pequeno e médio porte — com base na classificação da Receita Federal — e com menor número de colaboradores — 60,5% de atuação em empresas com menos de 50 funcionários, sendo 30,6% em empresas com até 9 funcionários. As empresas com maior faturamento e mais de 50 funcionários tendem a ter menos mulheres em seu quadro de colaboradores.
Quanto a programas de diversificação, 34% das empresas já investem nesse tipo de iniciativa e 12,2% estão em processo de implantação, enquanto 32% não investem. Os outros 14,3% das respondentes não souberam informar.
As boas práticas mais valorizadas pelas mulheres nas empresas de tecnologia são cultura inovadora; autonomia; flexibilidade; criatividade; desenvolvimento pessoal; metodologia ágil; plano de carreira; liderança aberta; equipes autogerenciáveis; empatia e colaboração; feedback; liberdade para ser protagonista; conversa direta; e treinamentos.
Dificuldades encontradas
Em seu cotidiano, as lideranças femininas da tecnologia apontaram ter maiores dificuldades com captação de recursos financeiros e humanos (33,4%), gestão por processos de tomada de decisão (32,7%); proposta de valor e definição dos processos operacionais (23,1%); e estruturação de uma rede de contatos com o ambiente externo (16,3%). Outros entraves encontrados foram: maternidade no empreendedorismo, internacionalização, gestão comercial, pandemia, gestão de pessoas, marketing, inovação, ampliação de mercado, saúde mental e mão de obra qualificada.
Na geração de negócios, as maiores dores estão relacionadas a linha de recursos financeiros (26,5%); formação da equipe e/ou engajamento (21,8%); técnicas de negociação (13,6%); e falta de capacitação (7,5%). Outras citadas foram: tempo, organização, criação de novos produtos, maturidade, perfil dos clientes, mão de obra, jurídico e marketing.
Por fim, quando perguntadas sobre capacitação profissional, as participantes disseram sentir mais necessidade de aprender sobre liderança (38,1%); vendas (22,4%) e financeiro (18,4%); além de tópicos como leis trabalhistas, metodologia ágil, UX, comunicação, gestão de processos, relacionamento, indicadores, marketing e novos negócios. 19,7% das respondentes alegaram não sentir falta de capacitação em suas empresas.
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Foto: Unsplash
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