Com alterações climáticas, pesquisadores da Quiron analisam tendência de aumento do risco de incêndio na floresta amazônica
O cenário de mudanças climáticas que o planeta passa condiciona severamente os incêndios florestais e os gastos, ao redor do mundo, para mitigar seus efeitos. De acordo com relatório elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), os incêndios florestais aumentarão em 50% até 2100. O alerta recai principalmente para as entidades governamentais, que frequentemente canalizam a maior parte dos recursos para as atividades de reação e resposta de incêndios, e não para a preparação e prevenção destes.
Sejam atores governamentais ou entidades privadas, pequenos silvicultores ou mesmo empresários do setor, todos buscam encontrar alternativas para lidar com os efeitos diretos e indiretos de incêndios nas florestas.
A publicação das Nações Unidas reforça o apelo para que “dois terços dos gastos, hoje disponibilizados, sejam dedicados ao planejamento, prevenção, preparação e recuperação”, resguardando no máximo “um terço para a resposta”, ou seja, o enfrentamento e combate das chamas – quando estritamente necessário – em campo.
Outro relatório, desta vez do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, também da ONU – traz um dado ainda mais assustador que o da UNEP: o planeta enfrentará diversos perigos climáticos inevitáveis com um aquecimento global de 1,5 °C. Um aumento maior ainda geraria impactos adicionalmente graves, alguns até irreversíveis.
Especialista em predição de incêndios, com a solução Flareless, a Quiron Digital, empresa associada à ACATE, possui tecnologia proprietária, através de monitoramento remoto, permitindo mitigar perdas com ameaças florestais. A empresa possui time de pesquisa e desenvolvimento com grande know-how na área florestal. Dedicada a trabalhar no aperfeiçoamento de produtos e inovações nas análises de imagem, o time conta com a liderança do Professor Associado no Departamento de Engenharia Florestal da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC-CAV), doutor em Ciências Geodésicas, Marcos Schimalski. Ele lidera um time que conta ainda com o Mestre em Engenharia Florestal pela FURB, Adam Marques.
Na tentativa de prever um cenário em que as alterações climáticas afetem regiões já mapeadas pela empresa, a Quiron recorreu ao seu time de pesquisa para projetar como a amplitude de áreas expostas ao aumento de temperatura acaba por refletir em menor capacidade local de evitar o alastramento do fogo.
“Nós realizamos uma extrapolação das variáveis meteorológicas, simulando cenários de incremento de temperatura e acréscimo de 7% para as demais variáveis como vento, umidade relativa e precipitação, sendo este o valor de acréscimo citado pelo relatório do IPCC.”, comentou Adam Marques.
Assim, no cenário previsto, para cada grau aumentado de temperatura, os índices de variabilidade meteorológica foram incrementados na proporção de 7%. Apesar do cenário prever mais chuva, isso não tornaria as áreas menos propensas a queimar, já que as chuvas seriam mais volumosas e mais espaçadas ao longo do tempo.
“É justamente o fato de a chuva estar concentrada num único período que ela vai proporcionar que o restante do tempo esteja propício à ocorrência de incêndio. A distribuição de chuvas ficará mais irregular. O aumento de volume será acompanhado de uma má distribuição e maior período de estiagem, então isso não auxilia o combate de incêndios”, ressaltou o pesquisador.
Confira alguns dados do estudo realizado:
O estudo pode ser interpretado movendo-se a barra superior, no período de até um ano, e clicando nos números de 0 a 4, que indicam os possíveis aumentos de temperatura superficial, em graus celsius.
No caso de grandes incêndios, além da perda da vegetação, acaba-se gerando camadas espessas de fuligem acumulada, onde elevados níveis de chuva podem fazer com que grandes acúmulos de material se desloquem com muita força, ocasionando eventuais rupturas e verdadeiras avalanches de terra. A fuligem não tem capacidade de reter a água que escoa superficialmente, ao contrário de um cenário onde a vegetação se faz presente. Outro ponto que facilita para as rupturas de grandes massas são as raízes das grandes árvores que queimaram, que durante o processo de apodrecimento gera bolsões de acúmulo de água que podem saturar o solo e dar início a deslizamentos. O desmatamento também pode agravar ainda mais o problema, já que essas são situações que acabam sendo mais recorrentes, avalia Adam.
“De um cenário que não havia índices extremos para a propagação de fogo, temos agora uma indicação de risco Muito Alto ou Alto, na escala, superior a 50%, num maior número de dias. Teremos cenários de extremos cada vez mais agressivos e recorrentes. Nessa situação até a floresta densa tem condição de estar vulnerável aos incêndios. Fizemos uma simulação, com base nos dados do relatório do IPCC, onde os dados demonstram que mesmo florestas úmidas como a floresta Amazônica poderiam ter um aumento ainda mais expressivo de incêndios, caso os piores cenários se confirmem”, afirmou.
“É de vital importância estarmos de olhos atentos à construção desses cenários. Com o aumento gradual de temperatura, fica evidente o aumento do risco de incêndios em mais de 50% e isso precisa ser levado em consideração para o planejamento de políticas públicas e privadas de prevenção de incêndios florestais”, analisa Diogo Machado, diretor de marketing da Quiron Digital.O professor Marcos Schimalski, líder da equipe, comentou sobre o trabalho realizado, e a experiência adquirida com as pesquisas na área. “As duas décadas com pesquisas na área florestal traduziram-se em um algoritmo de predição de perigo de incêndio florestal com acurácia e, acima de tudo, com informações que permitem aos gestores públicos e privados o uso eficiente dos recursos disponíveis para a prevenção e o combate aos incêndios florestais. A capacidade do Flareless em aprender continuamente adicionam a dinamicidade necessária para que as informações disponibilizadas pela plataforma Quiron sejam assertivas e de fácil utilização.”
A Quiron utilizou dados de Humaitá (AM), um dos maiores municípios do país, na Floresta Amazônica, onde já havia feito avaliações entre fevereiro de 2020 e novembro de 2021.
O relatório do IPCC analisa algumas regiões como mais críticas que outras, dependendo da distância e proximidade de rios e mar, por exemplo, impactando de forma diferentemente áreas mais e menos propensas a enfrentar secas severas e altos riscos de fogo.
*Fonte: Quiron Digital