Para indústria, governo induz reserva de mercado com novas regras para compras
Durante o painel “Políticas de compras, programas de incentivo à tecnologia e produção nacionais”, realizado no III Seminário Fiesp de Telecomunicações, no dia 31 de outubro, o poder de intervenção do governo – seja na esfera pública ou privada – foi o grande mote do debate. Não faltaram polêmicas e posições divergentes.
Durante o painel “Políticas de compras, programas de incentivo à tecnologia e produção nacionais”, realizado no III Seminário Fiesp de Telecomunicações, no dia 31 de outubro, o poder de intervenção do governo – seja na esfera pública ou privada – foi o grande mote do debate. Não faltaram polêmicas e posições divergentes.
Participaram do painel Paulo Castelo Branco, da NEC, João Flecha de Lima, da Huawei, Wagner Ferreira, da Alcatel-Lucent, Raul del Fiol, da Trópico, Aluizio Byrro, da Nokia Siemens e Ricardo Tavares, da Ericsson. Como representante do governo, Pedro Alem, do Ministério das Comunicações.
O chairman da Nokia Siemens, Aluizio Byrro, ponderou a legitimidade do governo em adotar medidas que favoreçam o desenvolvimento local, mas cobrou um maior diálogo e a ação em outras áreas que não seja a criação de possíveis reservas de mercado.
“Acredito que a Lei de Informática, por exemplo, poderia ser aperfeiçoada para conceder maiores benefícios para quem desenvolva ou produza mais localmente. Mas mexer no processo de compras é uma ação que deve ser mais discutida. Vivemos num mundo cada vez mais globalizado”, destacou Byrro.
O diretor de Relações Governamentais e Indústria da Ericsson, Ricardo Tavares, adotou o tom mais opositor às regras de compras definidas para a Telebrás e, agora, em estudo na Anatel – no regulamento de Pesquisa e Inovação, que deverá ficar pronto em 2012. Nele, há a proposta que 30% das compras das operadoras privadas sejam dedicadas às indústrias com desenvolvimento e fabricação no país.
“Estamos correndo o risco de perder R$ 1 bilhão que investimos no Brasil há 10 anos. Somos a única multinacional que manteve fábrica no país e podemos ser punidos com essa vantagem à indústria local”, afirmou Tavares.
Posição logo contestada pelo presidente do Conselho de Administração da Trópico, Raul Del Fiol. “Não entendo onde a Ericsson pode ser prejudicada. Aliás, na Suécia não há regras de proteção?”, indagou.
Para o diretor da Alcatel-Lucent, Wagner Ferreira, a indústria se ressente da falta de previsibilidade das empresas brasileiras. “Para justificar uma produção local, precisamos de demanda porque existe o custo Brasil”, afirmou. A CDTV, do Convergência Digital, acompanhou o painel e reproduz os principais pontos em discussão.
Veja alguns vídeos do debate no link original da reportagem, no Convergência Digital.