Brasil quer BNDES e BID no financiamento de interconexão sulamericana
A interligação das redes de telecomunicações sulamericanas – uma espécie de backbone continental – deve custar US$ 100 milhões e levar dois anos para ser concluída, a tempo da Copa do Mundo de 2014. E é provável que o BNDES e o Banco Interamericano de Desenvilvimento ajudem a financiar a empreitada, ao menos apelo nesse sentido foi feito pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
A interligação das redes de telecomunicações sulamericanas – uma espécie de backbone continental – deve custar US$ 100 milhões e levar dois anos para ser concluída, a tempo da Copa do Mundo de 2014. E é provável que o BNDES e o Banco Interamericano de Desenvilvimento ajudem a financiar a empreitada, ao menos apelo nesse sentido foi feito pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
Diante dos colegas ministros sulamericanos, durante reunião, em Brasília, da Unasul, Bernardo defendeu o projeto de interligação como essencial para ampliar o acesso à Internet na região. Ele lembrou que todos os países tem algum tipo de programa de massificação da banda larga, mas também que esses projetos enfrentam dificuldades, em especial, de custos.
“O avanço desses programas esbarra em problemas comuns a todos nós e o primeiro deles é o alto preço das conexões, que impede aos setores da população com menor renda ter acesso aos serviços”, disse o ministro, ao insistir que, em geral, esse acesso é concentrado e com “velocidades pouco expressivas”.
Nas contas do Minicom, com R$ 100 milhões será possível, em até dois anos, completar os trechos de fibras ópticas que garantam um anel óptico intercontinental, com aproveitamento de infraestruturas existentes, como redes de energia elétrica e gasodutos. “Conclamo o BID, a Corporação Andina de Fomento e o BNDES a envidarem seus esforços no apoio financeiro”, disse Bernardo.
A ajuda faz sentido, menos pela etapa da interconexão, mas principalmente pelo que é, de fato, o foco principal do projeto, bem como de maior custo: a construção de novas saídas internacionais que, partindo do Brasil, chegarão aos Estados Unidos e Europa – e com a forte possibilidade de um terceiro braço dessa rede se desviar para a África.
“O elevado preço da conectividade internacional se reflete diretamente no preço que o cidadão dos países da América do Sul paga para acessar a Internet”, disse Paulo Bernardo. Segundo ele, esses custos com as conexões internacionais representam de 35% a 40% do valor total do serviço, peso maior que em outras regiões.
“Um provedor de serviços de conexão à Internet na América do Sul paga, no melhor dos casos, três vezes mais pela conectividade internacional que um provedor localizado nos Estados Unidos. E essa é uma realidade que precisa ser mudada com urgência”, completou o ministro brasileiro, em clara defesa dos novos cabos submarinos.
A interconexão sulamericana e os cabos submarinos são complementares, até porque a primeira garante escala na demanda por tráfego. Provavelmente, cada país acabará adotando a solução, pública ou privada, mais adequada a seus interesses e legislações nas interconexões. No caso da nova saída internacional – pelo projeto, a partir de Fortaleza-CE – será montada uma empresa específica.
Até aqui, porém, somente Brasil e Argentina se mostraram dispostos a efetivamente aportar capital nessa empresa – via as estatais de telecomunicações dos dois países, embora por aqui a Odebrecht também tenha interesse. As negociações envolvem ainda a Angola Telecom, também estatal, com vistas ao trecho que uniria o cabo em direção à Europa com o continente africano.
Fonte: Convergência Digital