Valor Econômico aborda Vertical Sustentabilidade em reportagem sobre negócios inovadores
Reportagem publicada nessa segunda-feira (27), no caderno Negócios Sustentáveis do Valor Econômico, fala sobre uma nova fonte de capital de risco: o Fundo de Inovação em Meio Ambiente (Inssed-Fima), que dispõe de R$150 milhões para investir em empresas com o faturamento anual superior a R$ 20 milhões. A iniciativa foi apresentada pela Vertical Sustentabilidade da ACATE, durante o Verticalmoço realizado no início deste mês.
Reportagem publicada nessa segunda-feira (27), no caderno Negócios Sustentáveis do Valor Econômico, fala sobre uma nova fonte de capital de risco: o Fundo de Inovação em Meio Ambiente (Inssed-Fima), que dispõe de R$150 milhões para investir em empresas com o faturamento anual superior a R$ 20 milhões. A iniciativa foi apresentada pela Vertical Sustentabilidade da ACATE, durante o Verticalmoço realizado no início deste mês.
Empresas catarinenses associadas, como o Grupo Nexxera, a Umwelt e a Ekoimpacto, são citadas como exemplo de tecnologias verdes. O coordenador da Vertical Sustentabilidade, Gerson Zimmer, fala na matéria “Sustentabilidade não é apenas discurso, mas comportamento que reflete o valor real criado na organização. O diferencial da empresa sustentável é que ela tem foco no longo prazo, o que garante crescimento Sólido.”.
Confira a reportagem a seguir:
Investidor busca empresa com perfil do século XXI
Dauro Veras, para o Valor Econômico, 27/05/2013
Empreendedores com negócios inovadores ou sustentáveis têm uma nova fonte de capital de risco. O Fundo de Inovação em Meio Ambiente (Inseed-Fima) dispõe de R$ 150 milhões para investir em empresas de tecnologias limpas que tenham faturamento anual de até R$ 20 milhões. A iniciativa da Inseed Investimentos, do Grupo Inovação, conta com assessoria técnica do Banco Sumitomo Mitsui e tem entre os cotistas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), além de fundos de pensão e investidores institucionais. Desde janeiro já foram apoiadas duas empresas e a meta é chegar a 18 nos próximos quatro anos. O fundo foi apresentado em 13 de maio, em Florianópolis, durante evento da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), que criou uma Vertical de Sustentabilidade para difundir o conceito entre suas 350 associadas.
Os investidores buscam negócios que favoreçam o desenvolvimento de ciclos produtivos sustentáveis, em que o objetivo é obter o menor impacto socioambiental possível na cadeia de valor. "Queremos apoiar empresas que já nasceram com a mentalidade do século 21, com alto nível técnico e profissional, ambiciosas e desprendidas", diz o gestor do Inseed-Fima, Alexandre Alves. O fundo aplica recursos em três eixos: soluções ambientais – que vão desde a gestão de resíduos sólidos à despoluição do ar, solo e água; tecnologias avançadas, tais como materiais alternativos, construções verdes e agropecuária sustentável; e novos modelos, como ecofranquias, serviços de logística e de mobilidade urbana. Inicialmente, o valor por empresa é de R$ 1 milhão a R$ 5 milhões, podendo alcançar R$ 10 milhões em rodadas posteriores. Ao firmar um pacto de investimento, a Inseed passa a participar das decisões como integrante do conselho administrativo ou de cotistas. "Não entramos com pressa para sair", diz ele. "Sempre construímos uma projeção de resultados para um horizonte de pelo menos cinco anos".
Em Santa Catarina, negócios ancorados em tecnologias verdes têm ganhado projeção nos últimos anos. É o caso da Umwelt Biotecnologia Ambiental, empresa com 30 funcionários criada em 1996, em Blumenau. Uma de suas especialidades é o tratamento biológico de águas e efluentes, utilizado por corporações como Brasil Foods, Hering, Klabin, Coteminas e Embraco. A empresa criou produtos com a bactéria marinha vibrio fischeri, que emite luminescência ao entrar em contato com substâncias tóxicas. Outra de suas inovações é um processo de remoção de cor nos efluentes têxteis, que reduz a aplicação de produtos químicos em até 50%. Está em andamento projeto para degradar gorduras provenientes da indústria frigorífica. "Nossos produtos são inovadores por não terem referenciais no mercado nacional, e sustentáveis porque garantem a redução dos custos de processo e um melhor controle ambiental", diz o diretor Gerson Zimmer, que também coordena a Vertical de Sustentabilidade da Acate.
O Grupo Nexxera, sede em Florianópolis, desenvolve tecnologia de ponta para gestão de negócios de 300 das 500 maiores empresas do país, entre eles, 70 instituições financeiras. Seu Selo Tecnologia Verde oferece sistemas para reduzir o número de documentos impressos no mundo corporativo. "Além da economia de papel, contribuímos com a redução do número de atividades operacionais, aumento da mobilidade, rastreabilidade e segurança contra fraudes", diz o assessor de projetos e investimentos da empresa, Paulo Lisboa. O grupo, composto por nove empresas, publica anualmente um Relatório de Sustentabilidade e tem um comitê interno que realiza reuniões periódicas sobre o tema.
Outro destaque em sustentabilidade é a Dígitro, empresa com 700 empregados que atua nas áreas de inteligência, tecnologia da informação e telecomunicações. Sua nova sede, com 11.400 metros quadrados, é um dos prédios mais modernos de Florianópolis. A construção atendeu os critérios da RoHS (sigla em inglês para Restrição de Certas Substâncias Perigosas), diretiva europeia que proíbe o uso de cádmio, mercúrio, chumbo e outros elementos nocivos à saúde no processo de fabricação de produtos. A eficiência energética do edifício já rendeu vários prêmios. "Temos capacidade de armazenar 60 mil litros de água da chuva para 22 banheiros e a limpeza, 63% do consumo da empresa", informa o gerente administrativo Ígor Empinotti. As janelas foram planejadas para aproveitar ao máximo a luz solar e atenuar o impacto direto. Um telhado especial, paredes com vidro duplo espelhado e revestimentos de cerâmica retêm 70% do calor externo, economizando 12% de eletricidade com o ar condicionado. A Dígitro quer fornecer energia fotovoltaica aos ambientes de trabalho até 2015.
Várias startups catarinenses também buscam o caminho da sustentabilidade para crescer com ideias inovadoras. A Ekoimpacto, por exemplo, cria tecnologias para gestão de resíduos sólidos. Ela está instalada no Midi Tecnológico, incubadora empresarial mantida pelo Sebrae/SC em parceria com a Acate e reconhecida como uma das melhores do país. O carro-chefe da startup é o Ekobin, que faz a medição automática dos resíduos e envia as informações em tempo real para a internet. "O equipamento permite obter informações para pesquisa e desenvolvimento, marketing verde e ajuda a avaliar o retorno de processos de educação ambiental", explica um dos sócios, Alceu Medeiros. Outros dois produtos em desenvolvimento são o Ekompost, que faz compostagem acelerada de resíduos orgânicos com minhocários, e o Katalyst, um gerador eólico de pequeno porte projetado para dar retorno do investimento em até três anos.
"Sustentabilidade não é apenas discurso, mas comportamento que reflete o valor real criado na organização", resume Gerson Zimmer. "O diferencial da empresa sustentável é que ela tem foco no longo prazo, o que garante crescimento sólido". A afirmação é comprovada por pesquisa feita pela universidade americana Harvard realizou entre 1992 e 2010.
Nesse período, verificou o desempenho de 600 empresas globais entre as maiores listadas nas bolsas de valores. O objetivo foi compará-las com base na adoção de 27 políticas de sustentabilidade nas áreas ambiental e social – entre elas, eficiência energética, redução de emissões de gases poluentes, respeito aos direitos humanos, promoção da diversidade e do trabalho decente.
Para complementar os dados, os pesquisadores analisaram os balanços anuais e entrevistaram 200 executivos. As empresas foram classificadas em dois grupos: as de alta sustentabilidade, que adotaram mais de dez dessas políticas na década de 1990, e as de baixa sustentabilidade, com menos de quatro políticas e entraram no processo a partir de 2000. O resultado apontou que as primeiras tiveram valorização do patrimônio 30% superior às demais, e sua rentabilidade líquida foi duas vezes maior. Conclusão: sustentabilidade dá lucro, tanto para o empreendedor quanto para a sociedade.