Indústria de games caça talentos no mercado brasileiro
Caçar talentos e serviços com qualidade e preços competitivos estão entre os principais desafios para que uma empresa de games nascida no Brasil tenha sucesso e vida longa. A afirmação é de Fabio Massuda, CEO da Mobjoy Games, sediada em Campinas, que participará esta semana do 2º Fórum Global de Gerenciamento de Projetos, no Rio de Janeiro.
Caçar talentos e serviços com qualidade e preços competitivos estão entre os principais desafios para que uma empresa de games nascida no Brasil tenha sucesso e vida longa. A afirmação é de Fabio Massuda, CEO da Mobjoy Games, sediada em Campinas, que participará esta semana do 2º Fórum Global de Gerenciamento de Projetos, no Rio de Janeiro.
Antes da sua palestra, nesta quinta-feira, dia 04/09, Massuda falou com exclusividade ao Convergência Digital sobre os desafios da indústria de games no Brasil e a formação de talentos, tão cobiçados pelos empreendedores do segmento de TI. Para o executivo, descobrir os profissionais talentosos ainda é um dos maiores desafios.
“Conseguir talentos ainda é complicado. O perfil específico dos profissionais exige que eles tenham aprendido muito e, muitas vezes, por conta própria. Além disso, programação é um mercado muito competitivo, e as empresas de jogos competem entre si e com outras empresas de tecnologia por esse talento”, afirma.
Ele ressalta ainda que a indústria de games necessita de serviços, que muitas vezes não estão disponíveis no Brasil. De acordo com Massuda, muitos dos serviços são contratados de outros países, por questões de preço, especialização e qualidade. Além disso, ele diz que, como qualquer empresa no Brasil, as da área de games enfrentam dificuldades com burocracias e estruturas legais e tributárias. “Isso tira agilidade (e fundos) das empresas”, ressalta.
Segundo o CEO da Mobjoy, o ecossistema de empreendedorismo e capital é menos desenvolvido no Brasil do que em outros países. “Além da dificuldade de se empreender, a disponibilidade de investidores e capital para empresas de jogos é muito maior no exterior, porque são mercados já acostumados (e calejados) com essa indústria”, afirma.
A Mobjoy é um dos raros casos de publisher nacional de games móveis, está na Apple Store e no Android Market, e todos os dias disputa espaço com os gigantes internacionais na área de games. Massuda diz que, para se manter neste nicho, é preciso superar desafios constantes. “Somos obrigados a aprender bastante e nos adaptar rapidamente. A principal característica tem que ser a adaptabilidade e a criatividade. Seja para definir e desenhar produtos, seja para distribuir seus gastos em marketing”.
Para o empreendedor, o Brasil se destaca na indústria mundial de games, entre muitos fatores, porque o desenvolvedor brasileiro é criativo na busca para solucionar problemas e é um apaixonado pelo que faz. “São raros os casos em que vemos pessoas trabalhando com jogos por achar que os ganhos financeiros são maiores. Paixão é um fator super importante aqui”, comenta.
Massuda observa ainda que o Brasil é um país cujo custo para criar uma empresa top performer de jogos é menor, quando comparado aos EUA, Europa e Ásia. Isso acontece, segundo ele, porque a competição por talentos é intensa, mas em menor grau.
“A cultura gamer no Brasil é bastante parecida com a dos EUA e da Europa. Assim, um jogo criado no Brasil costuma ter um alinhamento cultural mais natural com os desses países, o que aumenta a aceitação”, completa.
A Mobjoy trabalha com um modelo de remuneração em que a publicidade se paga pela quantidade de downloads gerados, e não por impressões ou cliques. Massuda diz que o usuário está cansado de ser atormentado por propagandas em jogos, o que prejudica a avaliação que o usuário tem do jogo.
“Ao adotarmos a monetização baseada em downloads, garantimos que o usuário, de fato, se interessou pelo jogo. É um ganha-ganha. Para quem paga pela propaganda, é uma garantia de que teremos um grande cuidado em só oferecer produtos alinhados com os gostos do usuário. E isso se reverte em um maior valor financeiro pago para nós na conta final”, detalha.
Confira as dicas de Massuda para se tornar um sucesso na indústria de games:
· Em qualquer uma das grandes áreas no desenvolvimento de jogos – programação, arte e game design – é importante que o profissional se preocupe em aprender e se especializar. Formação acadêmica ajuda, e muito, mas não diria que é absolutamente imprescindível. Há pessoas excelentes na Mobjoy sem curso superior, mas que correram muito atrás de aprender.
· Os melhores programadores de jogos tendem a vir de ciência ou engenharia da computação, o pessoal de arte tende a vir de design ou arte e o pessoal de game design de curso específico na área, mas não é tão cartesiano assim. Os melhores talentos, mesmo com curso superior específico, fizeram muita coisa extracurricular, desenvolvendo desde cedo seus próprios jogos e aprendendo “na raça”.
· Se especializar é chave. Tenho ressalvas quanto a cursos – superiores ou não – que são muito “genéricos” e não se aprofundam em uma área específica. Sempre recomendo que a pessoa veja qual das 3 áreas ela prefere e faça tudo para se especializar nela e não escolher cursos só porque tem o nome “jogos” neles.
· Em relação à gestão, eu diria que é algo que você pode aprender na própria empresa. A forma de se gerenciar times e produtos é um conhecimento formado ao longo da carreira.
· É fundamental ser Irrequieto e curioso.
· É preciso ser autodidata e buscar estar sempre atualizado.
· Criatividade é imprescindível. Não existe receita de bolo. Tem que criar, testar e ver o que funciona ou não.
· Pragmatismo é fundamental. Por ser um mercado muito dinâmico e acelerado, dificilmente o produto perfeito será criado na primeira tentativa. Tem que focar em execução e teste rápidos.
· Não ter medo de aprender. Desenvolver jogos não é simples e não dá para aprender só em cursos. É buscar aprender, executar e testar, constantemente.
· Encontrar-se com o maior número de pessoas possível. Um grupo bem formado, motivado e com papéis bem claros é fundamental. Desenvolver sozinho não é tão divertido e, em geral, você deixa passar coisas que irão prejudicar seus produtos no futuro.
· Networking. Uma boa conversa de uma hora costuma trazer mais conhecimento do que uma semana de trabalho solo.
Fonte: Convergência Digital