Levantar influência da empresa no Poder Público é principal razão de espionagem na indústria, diz coronel Moretzsohn em evento da ACATE
Contraespionagem foi o tema central do Vertical Meeting de maio, realizado na última quinta-feira (03) na sede da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE). O palestrante coronel Eugênio Moretzsohn, especialista em Operações de Inteligência, apresentou conceitos sobre inteligência, espionagem e engenharia social.
Contraespionagem foi o tema central do Vertical Meeting de maio, realizado na última quinta-feira (03) na sede da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE). O palestrante coronel Eugênio Moretzsohn, especialista em Operações de Inteligência, apresentou conceitos sobre inteligência, espionagem e engenharia social.
Segundo Moretzsohn, inteligência poderia ser traduzida como antecipação — ou seja, tem a função de alertar. Já a contrainteligência serve como prevenção, com o objetivo de proteger informações. A espionagem nada mais é do que a inteligência feita de forma antiética. “Por isso, existem medidas de contrainteligência integradas para fazer frente a ameaças de espionagem. Isso é chamado de contraespionagem”, explicou.
As principais razões para espionagem na indústria são, em ordem de prioridade: levantar a influência da empresa/sócios junto ao Poder Público, verificar propostas comerciais e informações privilegiadas da participação em certames licitatórios (editais), ter acesso a informações sobre o perfil da alta administração e colaboradores, mapear a carteira de clientes e planilhas de preços dos fornecedores.
“Pessoas são alvos preferenciais dos espiões, já que podem ser corrompidas e passam por fragilidades. Assim, são o elo mais frágil da corrente de segurança”, explicou Moretzsohn. Um dos métodos mais utilizados pelos espiões é a Engenharia Social, que de acordo com o palestrante pode ser definida como “o uso planejado, dissimulado, deliberado e internacional da simpatia, da sedução, da influência, da mentira e da persuasão, para atrair, convencer, engajar, manipular e obter a cooperação consciente ou involuntária de uma ou mais pessoas , tudo com a finalidade de conseguir facilidades, vantagens, e, principalmente, acesso real ou potencial a dados, informações e situações, de elevado interesse, de forma presencial, à distância ou uma combinação de ambas”. Os alvos dos espiões estão muito vulneráveis a essas técnicas em redes sociais, happy hours, salas de embarque de aeroportos e coffee break de eventos.
Outras estratégias utilizadas na espionagem são entrevistas — conversas amistosas, com objetivos definidos —, especialmente as de elicitação, quando fazem o entrevistado responder além do que ele gostaria; e as de ganha-ganha, que começam com a abordagem de assuntos triviais, mas após o entrevistador oferecer uma informação de sacrifício, recebe outra importante pelo sentimento de gratidão causado no alvo.
Para se prevenir da espionagem, o coronel sugeriu realizar um diagnóstico, eleger um comitê multidisciplinar de segurança, investir em compliance, aperfeiçoar o processo seletivo, adotar técnicas de compartimentação, credenciar colaboradores de acordo com as informações que terão acesso, adotar protocolos de segurança em eventos e viagens, ser exigente quanto ao sigilo profissional e supervisionar terceiros que trabalham na empresa.