Iniciativas democratizam o acesso ao aprendizado de programação em Florianópolis
Em um mercado de trabalho pouco aquecido existe um setor que passa longe das estatísticas: o de tecnologia.
Em um mercado de trabalho pouco aquecido existe um setor que passa longe das estatísticas: o de tecnologia. Se por um lado o primeiro trimestre de 2018 registrou uma taxa de 13% de desemprego — mais de 13,7 milhões de pessoas de acordo com o IBGE — , pelo outro, as vagas para a área digital saltam para cerca 200 mil, de acordo com o Banco Mundial. Uma pesquisa recente feita pela plataforma de recrutamento Revelo analisou informações de 9 mil ofertas de emprego e 100 mil potenciais candidatos cadastrados no último ano. O resultado mostrou que um desenvolvedor ganha em média R$ 6.452 por mês no Brasil — mais do que um advogado, por exemplo.
O cenário parece o ideal: um setor que está contratando e que paga bem. Mas a realidade é a falta de profissionais para preencherem as oportunidades. Victor Oliveira, CEO da Cheesecake, uma empresa que desenvolve softwares e aplicativos terceirizados, destaca que a causa do déficit de programadores no mercado pode ser a falta de acessibilidade a cursos de formação. “Muitas vezes, os cursos que formam desenvolvedores e programadores têm um custo elevado, são inacessíveis para quem não tem uma base teórica ou esbarram na barreira linguística, uma vez que algumas turmas dependem muito do inglês. Sendo assim, por mais que o interesse em desenvolver habilidades nessa área exista, algumas pessoas não conseguem se capacitar para o mercado”, explica Victor.
Para aproximar jovens, mulheres e minorias do setor e torná-lo cada vez mais plural e acessível, iniciativas ensinam programação, algumas gratuitamente, em Florianópolis. Conheça alguma delas:
Aprendendo a programar
A iniciativa do Comitê para Democratização da Informática (CPDI) oferece, gratuitamente, cursos de programação básica para jovens entre 14 e 20 anos. Os alunos desenvolvem jogos digitais e aprendem na prática as técnicas da programação. As aulas ocorrem diariamente na Escola de Educação Básica Rosa Torres de Miranda, no Jardim Atlântico — de segunda a sexta-feira, das 13h30 às 17h30. A nova turma do projeto já está com as Inscrições abertas.
Inscrições: http://www.cpdi.org.br/
Mão na Massa
O programa Mão na Massa é uma iniciativa da empresa Cheesecake Labs, em parceria como o Comitê para Democratização da Informática (CPDI) e o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), que ensina programação básica e avançada gratuitamente para jovens de Florianópolis. No total, mais de 50 alunos já participaram do Projeto que é ministrado pelos próprios desenvolvedores e designers da Cheesecake. “O Mão na Massa segue um propósito muito grande que temos que é de inserir a comunidade em torno da empresa no contexto tecnológico, que pulsa tão fortemente na cidade. O projeto ajuda em duas frentes: ensinando a programação e aproximando os jovens do mercado de trabalho”, completa Victor.
Inscrições: As inscrições serão abertas nos próximos meses, mais informações na página do Facebook da Cheesecake Labs (www.facebook.com/
Little Geeks Club
O Little Geek Club foi criado pela desenvolvedora de software Ingrid Faber, que trabalha na divisão de agricultura da Hexagon, empresa localizada em Florianópolis desenvolvedora de soluções digitais para eficiência, produtividade e sustentabilidade no setor agrícola. Cansada de um setor hegemônico e cheio de estigmas, a desenvolvedora resolveu fundar, junto com seu marido, um clube de computação para crianças que visa desmistificar a ideia do geek masculino e solitário. “As pessoas precisam ter consciência de que a tecnologia está em todas as áreas, não importa o seu interesse. Em todos os lugares existe espaço para a tecnologia e para a inovação, e qualquer pessoa pode ajudar a desenvolvê-la”, ressalta Ingrid.
Inscrições: www.littlegeeksclub.com.br
Technovation Challenge
O Technovation Challenge é uma competição mundial que oferece a meninas a oportunidade de aprender as habilidades necessárias para se tornarem empreendedoras e líderes em tecnologia, criando aplicativos e iniciando negócios que solucionam problemas em suas comunidades. Promovido pela ONG norte-americana Iridescent, em 2018 o desafio teve mais de 19.000 garotas inscritas em todo o mundo. Em Florianópolis, a terceira edição do projeto reuniu 46 meninas de 12 escolas públicas e privadas em workshops e palestras, apresentados por mulheres consideradas referências no setor. Como mentoras voluntárias, elas apoiaram os grupos de estudantes no desenvolvimento de tecnologias voltadas para problemas da sociedade, dando dicas de desenvolvimento, estratégias de marketing, experiência do usuário, entre outros ensinamentos relevantes para a criação de tecnologias e negócios na área.