Como participar – e ajudar a desenvolver – um ecossistema de inovação?
O Startup Summit deixou várias lições para empreendedores, profissionais, representantes do setor público e da academia. Destacamos algumas.
O termo “ecossistema de inovação” tem se tornado uma palavra-chave para explicar o desenvolvimento de novos negócios, o surgimento de uma geração empreendedora e de uma série de eventos no ambiente de tecnologia. Mas afinal, o que é exatamente um ecossistema de inovação e como ele pode estimula a Nova Economia?
O ecossistema, no mercado de inovação, repete a lógica do meio-ambiente. Reúne a população em comunidades que buscam recursos para viver e trabalhar de acordo com desafios e oportunidades oferecidas por fatores locais e também externos. A população, no caso, são os empreendedores.
A comunidade é o entorno: entidades associativas, universidades, governo e empresas de grande porte. Os recursos são: dinheiro, clientes, fontes de informação e captação de pessoas para trabalhar. Os fatores locais envolvem a qualidade de vida naquele local, a regulamentação e a cultura para fomentar o empreendedorismo. Os fatores externos são aqueles que extrapolam a competência ou a capacidade de resolução por parte daquele local/município (questões e legislações estaduais, federais etc).
Esta foi, em resumo, a conceituação do “ecossistema de inovação” feita pelo diretor executivo do Sapiens Parque, José Eduardo Fiates, em um dos painéis de encerramento do Startup Summit, que reuniu em julho de 2018 mais de 2,3 mil pessoas de 10 estados em Florianópolis. Um evento que é resultado, justamente, deste ecossistema de inovação e que está com inscrições abertas para a segunda edição, marcada para os dias 15 e 16 de agosto em Florianópolis.
O Startup Summit deixou várias lições para empreendedores, profissionais, representantes do setor público e da academia. Destacamos algumas:
Participe da comunidade – ou então estimule a criação de uma
O empreendedor Gélio Junior tinha montado uma startup na pequena Praia Grande, no extremo sul de Santa Catarina. Quando precisou expandir os negócios, se mudou para a maior cidade da região, Criciúma, que ainda não contava com eventos ou uma comunidade ativa no setor de tecnologia. Algo que começou a mudar com a realização do primeiro Startup Weekend, em 2016.
“Depois disso é que o pessoal começou a se empolgar e se reunir periodicamente. Nos últimos dois anos já aconteceram mais de 70 encontros de desenvolvedores e empreendedores. Em cada evento a gente deixa a porta aberta para que mais pessoas venham fazer parte”, comenta.
A importância de quem vem de fora
Nem só de talentos locais vive um ecossistema de inovação – pelo contrário. No livro “A Ascensão da Classe Criativa”, o pesquisador Richard Florida afirma que as regiões mais prósperas (em termos de tecnologia e economia criativa) nos EUA são aquelas com maior atração de pessoas de outras cidades. Florianópolis é um exemplo: além de receber muitos novos moradores em função das universidades, o crescimento de empresas de base tecnológica tem aumentado o número de “forasteiros”.
Como recorda o gerente de marketing da Hostgator Luiz D’elboux, que chegou de São Paulo há dois anos, “viemos para cá em função da mão de obra altamente especializada. E desde a mudança a empresa começou a crescer de maneira acelerada em função dessa qualidade. Eu mesmo fiquei muito impressionado com o que se tem aqui no estado”, acrescenta. A empresa investiu no ano passado mais de R$ 4 milhões no escritório de Florianópolis, que centraliza as operações da empresa na América Latina.
Bons exemplos de uma região podem (e devem) ser replicados em outras
Enquanto Florianópolis conseguiu reinventar sua economia graças ao potencial de diversos empreendedores, somado à presença de universidades e entidades públicas e privadas, quais os caminhos para que desenvolver a inovação em outras cidades? Um exemplo é o que está acontecendo no Oeste catarinense: o movimento Desbravalley envolve profissionais, empreendedores, investidores e representantes de entidades e universidades de diversas cidades na região para estimular eventos e iniciativas de inovação.
“Fomos juntando todo mundo que queria se engajar neste propósito. E isso gerou um movimento forte: organizamos vários Startup Weekend, um deles só focado em soluções para agronegócio e batemos o recorde de público dos Meetups do programa StartupSC, com mais de 900 participantes em Chapecó”, resume Andrei Bueno Sander, fundador da aceleradora 1BiCapital.
Aproxime-se de universidades e busque talentos
O empreendedor Thiago Vailati foi questionado algumas vezes se fazia sentido criar uma startup em sua cidade natal – Brusque, no Vale do Itajaí – ou se seria melhor procurar uma região com um polo de TI mais desenvolvido. Ele acabou optando por ficar “em casa” e aproveitar os recursos disponíveis – deu certo, sua startup Hiper cresceu e tem ajudado atraiar talentos para a região.
“Não fazia diferença instalar a empresa na minha cidade ou em outra. Sempre há desafios para buscar conhecimento, inovação e pessoas. Mas nós começamos a fazer um trabalho forte com universidades locais, que formam ótimos profissionais, e mostramos porque é bom morar em nossa cidade. A mão de obra nunca estará disponível”, resume Thiago.
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