Formação de talentos: como a ACATE colabora para suprir demanda por profissionais na tecnologia
O ecossistema de tecnologia catarinense teve o maior crescimento do Brasil nos últimos cinco anos. Segundo dados do Tech Report 2021, a quantidade de empresas do setor saltou 63,2% no […]
O ecossistema de tecnologia catarinense teve o maior crescimento do Brasil nos últimos cinco anos. Segundo dados do Tech Report 2021, a quantidade de empresas do setor saltou 63,2% no período. Esse aumento expansivo chamou a atenção da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e de demais entidades da inovação. Mais de 16 mil vagas devem abrir no estado até 2023 e não há talentos suficientes para suprir a demanda.
Na pandemia da Covid-19, o setor seguiu na contramão dos impactos negativos do vírus sobre a economia — como o fechamento de negócios e o desemprego. Além disso, foi um período de fortalecimento de laços com outras áreas, pois a necessidade do isolamento social acelerou a tendência de transformação digital das empresas de todos os ramos. Como consequência, os especialistas em tecnologia estão sendo cada vez mais requisitados por instituições públicas e privadas, dos mais variados segmentos, já que a inovação pode ser implementada em quaisquer tipos de produtos e serviços.
Com profissionais qualificados sendo absorvidos tanto por empresas especializadas na área (In Core) quanto por organizações de base não-tecnológica (In House), a ACATE observou a necessidade de articular parcerias para formação de talentos para a tecnologia, elegida como uma das prioridades da Associação nos próximos anos. As ações mobilizam também instituições privadas e do terceiro setor, além do poder público. Na atual gestão da Associação, a Vice-Presidência de Talentos tem como missão colocar em contato os diversos atores catarinenses, a fim de gerar oportunidades de acordo com as demandas de tecnologia mapeadas no estado.
Importância da formação
A formação de profissionais para o setor tecnológico é benéfica não apenas ao crescimento do ecossistema de inovação, como também para quem não faz parte do ramo, mas busca, na tecnologia, soluções para otimizar o ambiente de trabalho.
“Profissionais qualificados resultam em entregas eficientes e de alto padrão”, explica Moacir Marafon, Vice-Presidente de Talentos da ACATE. “Nos últimos anos, diversas organizações têm demonstrado interesse em investir nisso”. É estimado, por exemplo, que 21,8% das indústrias terão sua produção totalmente digitalizada até o ano de 2027, adotando inteligências artificiais, sistemas de automação e blockchain, de acordo com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI).
Um estado referência em tecnologia
SC é hoje a terceira maior potência tecnológica do país em produtividade. A receita anual de suas empresas soma R$ 65,8 mil por colaborador, superando a média brasileira de R$ 56,2 mil. É o quarto ecossistema em número de profissionais, com aproximadamente 68 mil trabalhadores, e ocupa a sexta posição tanto em número de negócios — apresentando quase 18 mil empreendimentos ativos — quanto em faturamento, com R$ 19,8 bi. Em 2020, contava com 9,4 mil pessoas aptas a ingressar no mercado de trabalho. Mesmo que todas essas sejam empregadas dentro de três anos, ainda haverá um “apagão” de 7,2 mil profissionais no setor.
O estado que mais se destaca no Brasil em percentual de colaboradores In Core já é Santa Catarina, com 61,5% de especialistas em tecnologia empregados nas suas áreas de formação. Por outro lado, em função do baixo crescimento de matrículas no Ensino Superior, em cursos de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI), o número de concluintes por mil habitantes catarinenses é de 4,68, valor bem distante do Distrito Federal, que mais forma pessoas para o setor (9,84).
Perfil das vagas
Para enfrentar o desafio da falta de talentos, a ACATE planejou estabelecer uma jornada completa de formação, com etapas evolutivas, envolvendo pessoas desde a infância até a fase adulta. Todas as fases desse processo precisam estar alinhadas com as demandas reais do mercado, antes de serem implementadas na prática.
“O déficit por talentos é um entrave mundial”, explica Iomani Engelmann, presidente da Associação. “Antes de decidirmos que ações poderíamos tomar para solucionar essa dor do ecossistema, tivemos que fazer um mapeamento junto às empresas de base tecnológica de Santa Catarina, a fim de entender o perfil de colaboradores que elas procuram”.
Os resultados do estudo indicaram que mais da metade dos postos de trabalho abertos no mercado de Tecnologia da Informação (TI) catarinense são — e serão — para desenvolvedores de software, sendo 23% de cargos Full Stack (perfil amplo de programação), 18% de Back-end (programação por trás das páginas web e aplicativos) e 12% de Front-end (programação de interfaces ou partes visíveis de páginas e apps).
Entre as competências mais demandadas pelas empresas do estado, estão conhecimentos de metodologias ágeis, experiências profissionais e potencial de execução de projetos. A capacidade de resolver problemas é uma habilidade buscada por 9 a cada 10 empresas do setor de tecnologia. O trabalho em equipe, a proatividade, a comunicação e o raciocínio lógico foram lembrados por 78%, 68%, 59% e 58% das empresas respondentes à pesquisa, respectivamente.
O mapeamento de vagas aponta ainda que profissionais que dominam as linguagens de Javascript, Java, React e React Native se destacam em processos seletivos.
Ferramentas para lidar com o “apagão”
Conhecendo as características das oportunidades de emprego, a ACATE buscou se conectar a formadores de talentos para compor a jornada de formação tecnológica ideal à realidade do estado. Na primeira etapa, foram articuladas iniciativas para despertar o interesse de crianças e adolescentes pela tecnologia, aumentando o número de jovens que visualizam possibilidades e sonhos de carreiras promissoras neste setor. Assim, acredita-se que haverá mais candidatos nos cursos de formação para o trabalho, maior engajamento dos alunos, menos evasão nos cursos superiores e maior empregabilidade dos que se formam.
São parceiros na etapa “Despertar” o Prototipando a Quebrada (PAQ) — projeto social da Grande Florianópolis, que leva educação tecnológica a regiões periféricas; o Programa Pode Crer — ação da ACATE com o Instituto Padre Vilson Groh, organização sem fins lucrativos que também desenvolve ações educativas e socioassistenciais nas periferias; e o hellow — projeto em construção da ACATE com o SENAI Santa Catarina que utiliza um aplicativo gamificado para ensinar noções de lógica e programação.
Na sequência da jornada, projetos oferecem experiências práticas para ingressantes no mercado de trabalho e pessoas em transição de carreira. Fazem parte da etapa “Primeiros passos” o Oracle Next Education (ONE) — parceria entre a Oracle e a ACATE para formação de jovens de baixa renda, a partir dos 18 anos; o Floripa Mais Empregos — iniciativa da Prefeitura de Florianópolis para formar e conectar profissionais com oportunidades na tecnologia; e o DEVstart — parceira ACATE e SENAI SC ainda em construção, que prevê uma formação inovadora via plataforma.
A etapa “Profissionalizar”, por sua vez, é o momento de estruturar projetos de formação profissional, que preparem e insiram estudantes nos postos de trabalho das empresas. Atualmente, é a que concentra o maior número de iniciativas.
No DEVinHouse, da ACATE com o SENAI SC, estudantes se formam como desenvolvedores e empresas se comprometem a contratar esses alunos. O programa Entra21, realizado pelo Blusoft — polo regional da ACATE em Blumenau —, oferece cursos gratuitos a pessoas de todo o estado, com financiamento da Prefeitura de Blumenau, empresas e a Fapesc. Já o DEV-TI SC+TEC, edital também da Fapesc, instituições de ensino superior sem fins lucrativos propuseram uma série de cursos, em diferentes cidades de Santa Catarina, para formação de estudantes em linguagens de programação. No Jovem Programador, uma parceria do Senac SC e do Seprosc, jovens são qualificados na área de desenvolvimento de softwares e aplicações, com apoio da ACATE. O programa Geração do Futuro, da Prefeitura de São José com a ACATE e o SENAI SC, visa preparar talentos para a tecnologia desde o ensino fundamental. E, ainda, um projeto piloto da Cisco Networking Academy com a Teltec Solutions, associada à ACATE, visa construir um banco digital de vagas para que as empresas da Associação possam, futuramente, se conectar a candidatos.
Concluindo a jornada, a etapa “Aperfeiçoar” objetiva promover oportunidades de especialização para os profissionais mais experientes em temas específicos como, por exemplo, inteligência artificial, ciência de dados, segurança da informação, engenharia de software, entre outros. Para dar mais esse passo, é necessário ter mais volume de alunos nas etapas iniciais, de forma que o fluxo de alunos de uma fase para outra seja mantido.
>> Acesse os resultados completos do mapeamento de vagas por meio do link.
>> Saiba mais sobre essas e outras entregas da ACATE para o ecossistema
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