Tecnologias visam integrar pré e pós-obra de imóveis, além de melhorar a experiência de clientes
A 2ª edição do Construtech Experience em Florianópolis reuniu cerca de 150 pessoas, entre profissionais e empreendedores dos segmentos da construção civil e de imóveis, para apresentar tendências sobre o papel das tecnologias e inovações com o propósito de auxiliar na construção, administração e utilização de empreendimentos.
Enrico Dias, CEO da Rede Vistorias e diretor da Vertical de Negócios da ACATE com foco em tecnologias voltadas para a construção civil e o setor imobiliário, abriu o evento destacando o movimento que as construtechs e proptechs catarinenses realizaram em todo o país nos últimos anos com o objetivo de difundir a inovação. No ano de 2023, a Vertical Construtech da ACATE promoveu eventos em Curitiba, Joinville, Balneário Camboriú, São Paulo e Belo Horizonte, conectando soluções de startups aos desafios de construtoras, incorporadoras e administradoras de referência regional e nacional. De volta a Florianópolis, a segunda edição do Construtech Experience no CIA Primavera também teve o propósito de gerar conexões na tarde do dia 04 de outubro.
O painel com os mantenedores da Vertical no evento foi mediado pelo diretor do grupo de empresas da ACATE que destacou que o objetivo das tecnologias é gerar transformações na visão em toda jornada do ciclo do ativo imobiliário, ou seja, desde o canteiro de obras até a gestão e propriedade em uso. Junto a Enrico, também foram painelistas Karine Cunha Souza, head de produtos da AltoQi, e Cristiano Gregorius, diretor executivo do Sienge, que integra o Grupo Softplan, ambos representando o setor de tecnologia. Pelo lado da construção civil, Luiz Franzolin, CEO do grupo Franzolin, e Isabella Trindade, da área de Inovação e Ecossistema da MRV&CO, apresentaram visões da aquisição de tecnologias por construtoras e incorporadoras de acordo com suas próprias estratégias.
Para Cristiano Gregorius, o segmento não está atrasado com relação às tendências e a transformação digital no setor da construção civil já é perceptível, por exemplo, com a adoção de tecnologias, a instalação de comitês de inovação pelas construtoras e a realização de eventos que promovam debates. “Em eventos como este [o Construtech Experience], nós temos discutido o que de fato move e vai mover o segmento para os próximos desafios. Com conexão, podemos levar soluções aos clientes para os problemas atuais”.
Entre os desafios da construção civil estão as vendas e a produção, com necessidades de redução de atrasos e digitalização do canteiro de obras, conforme apontou Isabella Trindade. Luiz Franzolin complementou que a digitalização precisa trazer um novo olhar para a modelagem de projetos de forma mais eficiente e que esteja o mais próximo possível da realidade.
O CEO do grupo Franzolin também foi um dos palestrantes principais do evento, abordando sua experiência na construtora que atua no interior de São Paulo e busca trazer ao mercado novos empreendimentos com tecnologia, sustentabilidade e inteligência. Além da construção, Luiz apresentou os esforços do grupo no desenvolvimento de um sistema operacional para a administração de condomínios e que já está sendo implementado em edificações da Franzolin. A partir disso, o executivo comparou a necessidade de o setor conectar o que seria o front end, a estrutura da edificação, ao back-end, a gestão e as comunidades que interagem com os ambientes.
A experiência das pessoas com os empreendimentos também foi tema da palestra de Marcelo Mahtuk, fundador da Manager Gestão Condominial, que defendeu que as incorporadoras criem legado ao levar ao mercado novos empreendimentos, como exemplo, ele apresentou a execução do projeto do maior empreendimento da América Latina, o Parque Global, em São Paulo, e que terá mais de 200 mil m² e um complexo de cinco torres de 46 andares, shopping center, universidade e dois hospitais. A empresa de Marcelo é responsável pelo comissionamento, prática que se refere suporte e acompanhamento da edificação, e ele relatou que para este empreendimento existe uma regulamentação e um aplicativo para a gestão patrimonial de cada área, pois os ambientes são planejados por especialistas para a melhor experiência das pessoas com curadoria de artes, arquitetura, urbanismo e paisagismo.
Além dos painéis e palestras, a tarde do Construtech Experience também foi aberta a atividades paralelas, com feira de exposições e apresentação de soluções em tecnologia por empresas participantes da Vertical Construtech da ACATE em uma rodada de pitches para tomadores de decisão e o público presente. Leonardo Kock, sócio-diretor da Cartesian, teve a oportunidade de apresentar sua startup: “Nós somos entusiastas do polo de construtechs que estamos criando e levando para todo o país. Estamos fazendo uma transformação no Brasil levando o que temos feito de bom em tecnologia e trazendo resultados para o mercado imobiliário. Em momentos como este do Construtech Experience, podemos fazer trocas, entregar conteúdo de qualidade, provocar olhares para o futuro e fazermos a transformação do mercado da construção civil”, ressalta Leonardo.
O Construtech Experience foi realizado pela Vertical de Negócios da ACATE com o patrocínio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (CREA-SC), PlanRadar, Mobuss Construção e DCA – Delta Cable Americas. Também foram parceiras do evento as mantenedoras AltoQi, Grupo Franzolin, MRV&CO e Sienge. A Vertical ainda conta com o apoio das empresas Prevision, Cartesian, Porter Group, Éleme, Hinc, Hauseful, Blocco Ag., Otus, Grupo RV e Predialize.
Oportunidades em construtechs e proptechs
O mercado de construtechs e proptechs do Brasil é formado por mais de mil startups, conforme o mapeamento realizado pela Terracota Ventures que também aponta o crescimento de três vezes desde 2018 no número de negócios. São Paulo é líder em representatividade, seguido por Santa Catarina, que é polo de 12% das empresas dos segmentos.
Esses foram alguns dados trazidos por Bruno Loreto, Managing Partner da Terracotta Ventures, ao Construtech Experience. Loreto destacou em sua palestra a origem das próximas grandes oportunidades em construtechs e proptechs.
Ao analisar o mercado, Bruno Loreto aponta movimentos que irão impulsionar o desenvolvimento e o surgimento de soluções inovadoras como o novo Minha Casa Minha Vida, que em sua primeira edição em 2009 propulsionou a injeção de recursos e propiciou a primeira onda de digitalização para o segmento. Outra oportunidade está na descarbonização de edifícios, com metas globais para sustentabilidade e maior aporte de recursos por fundos de investimentos em atividades que impactam positivamente o meio ambiente.
O Managing Partner da Terracotta Ventures também destaca que a inteligência artificial vem para ser uma tecnologia para apoiar diversas frentes do segmento da construção civil e do ramo imobiliário, por exemplo, com soluções para personalização de ambientes, realização de cotações, gestão de informações para tomada de decisões, assistência a operadoradores de máquinas, entre outras possibilidades que já são acompanhadas na atualidade e exigem dos gestores que se conectem às inovações com impactos e resultados desde curto a longo prazo.
Tecnologias para gestão, uso da propriedade e construção
Além das palestras principais, o Construtech Experience apresentou duas trilhas focadas em tecnologias para a propriedade em uso e para a etapa de construção de empreendimentos.
As trilhas tiveram início com painéis sobre gestão condominial e que focaram na passagem de bastão dos empreendimentos das construtoras para os administradores e moradores. O painelista Marcus Nobre, CEO da uCondo, destacou que o futuro das tecnologias para a área cada vez mais vão conversar entre si e conectar momentos do ciclo do ativo imobiliário. Junto a Marcus, Joaquim Venancio, fundador da NokNox e atual diretor de produto do Quinto Andar, Luiz Filipe Ramos, COO da AlmahCondos, e Cleiton Sander, CEO da Éleme, trataram sobre o futuro da gestão de condomínios.
A integração e o alinhamento entre os diferentes players desde a obra até o uso do empreendimento por meio da tecnologia foi apontada como uma das boas práticas propostas com o objetivo de melhorar a experiência em uma jornada transparente e que busque atender as distintas expectativas de gestores, empresas envolvidas com o empreendimento e, por fim, para os proprietários e moradores.
A tendência de implantação de tecnologias nos novos empreendimentos possui desafios como a necessidade de planejamento antecipado, enquanto o projeto está em concepção. Essa etapa permite que os condomínios já estejam preparados para o recebimento de infraestrutura, sem que sejam necessárias mudanças estruturais após a construção.
Além disso, o segundo painel da trilha debateu a segurança e qualidade de vida nos condomínios com a participação de Alexandre Pandrini, CEO da MR Síndico, e Odirley Rocha, diretor de Relacionamento na Porter Group. Eles destacaram que a tecnologia tem o papel de facilitar a gestão dos condomínios, principalmente, em atividades como manutenção, previsão orçamentária, gestão, além de auxiliar na antecipação de ações necessárias para o futuro.
No âmbito da construção, os executivos Alexandre Müller, cofundador e CEO da Parkside, e Gabriel Freire, diretor Comercial e de Incorporação na Dimas, debateram sobre estratégias no desenvolvimento de produtos imobiliários com a mediação de Leonardo Kock, sócio-diretor da startup Cartesian. Ambos os executivos das construtoras apresentaram visões distintas sobre a realização de novos empreendimentos por suas empresas. Enquanto a Parkside tem um olhar para o cliente e a localização, seus empreendimentos são padronizados e com condições mais acessíveis no mercado, já a Dimas atua com o objetivo de promover a personalização de imóveis de acordo com a flexibilidade dos clientes, além disso a construtora busca gerar impacto para o público que reside no entorno com espaços abertos.
As estratégias discutidas também focaram no desafios das construtoras em um painel com a participação de Gustavo Simas, gerente de operações da FG, e Rodrigo Koerich, presidente do BIM Forum, e mediado por Paula Lunardelli, CEO da Prevision e vice-presidente de Ecossistema da ACATE. Os três debateram sobre a digitalização através do modelo BIM (Building Information Modeling), que consiste na utilização de plataformas que integrem todos os setores envolvidos e etapas da edificação de projetos. Os painelistas abordaram outros processos e mecanismos que trazem resultados mais eficientes para entregas no prazo e redução de pessoas no canteiro de obras, por exemplo, com soluções de industrialização.
Vertical Construtech da ACATE
A Vertical Construtech é composta por mais de 60 empresas que atuam no desenvolvimento e comercialização de soluções tecnológicas para a construção civil e imobiliária, no estado de Santa Catarina.
Reúne empresas com soluções para locação e venda de imóveis, análises de dados para o mercado imobiliário, relacionamento entre fornecedores e construtores ao longo da cadeia, planejamento de obras, entre outros.
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