3 mulheres que fazem a diferença na tecnologia em SC
Cada vez mais as mulheres ocupam cargos de liderança no mercado de tecnologia. Apesar de ainda estarem em menor número nas empresas, cerca de 36% entre colaboradores no Brasil e 42,8% em Santa Catarina, segundo o Tech Report 2021 da ACATE, elas têm se sobressaído no setor e acrescentado soluções ao ecossistema.
Destacando-se em áreas como empreendedorismo, investimentos, gestão financeira e de pessoas, marketing e engenharia, ao estarem em espaços de poder, essas profissionais também pavimentam o caminho para outras mulheres. Exemplos disso são Annalisa Dal Zotto, Paula Lunardelli e Betina Ramos, referências em negócios de inovação e tecnologia em Santa Catarina.
Negócio que começa em casa
Annalisa Blando casou-se aos 17 anos com Renan Dal Zotto, ex-jogador e atual treinador da Seleção Brasileira de Vôlei. Iniciou ainda jovem a graduação em direito, mas não seguiu carreira, seguindo para o mercado de construção civil, no qual criou uma empresa de obras. Ela também trabalhou como modelo. Com um olhar empreendedor e voltado para a resolução de problemas, observou na convivência com a profissão do marido uma dor entre os esportistas:
“É uma carreira curta, que acaba muito rapidamente. As pessoas precisam se organizar cedo para enfrentar o pós-carreira. Precisei aprender a trabalhar com essa dor e descobri a profissão do planejador financeiro pessoal”, conta.
Foi para resolver essa dor entre os profissionais do esporte que ela fundou a ParMais, empresa de planejamento financeiro e investimento, que atendeu e orientou vários outros públicos sobre questões de finanças. Em 2021, foi adquirida pela 2TM, unicórnio com operação no mercado de Bitcoin, e passou a se chamar MB Asset.
Ela está no segundo mandato como vice-presidente de Finanças da ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia). Segundo ela, a estrutura familiar e o apoio dos pares de negócio foram essenciais na sua construção profissional. A relação com a associação dá espaço para que ela também contribua com o desenvolvimento econômico e social em Santa Catarina.
“O objetivo da vice-presidência é o mesmo da ACATE: colaborar para o crescimento e fortalecimento do ecossistema. Gerar negócios, empregos e talentos, além de ajudar na geração de riqueza e incremento do PIB (Produto Interno Bruto) de Santa Catarina”, afirma.
Pronta para conversas difíceis
O começo da vida profissional de Paula Lunardelli está na engenharia civil. Formada pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), começou sua carreira como executiva em empresas da área. Sua primeira experiência empreendedora foi com a Prevision, que desenvolve soluções para construção civil, no ano de 2017.
A empresa nasceu com o objetivo de melhorar as formas de análise de desempenho e os gargalos dentro das construtoras. Para isso, ela criou uma tabela para utilização própria, que logo transformou-se em uma tecnologia de gestão validada e atual referência em construtechs. A Prevision foi adquirida este ano pela Softplan, um dos maiores grupos de negócios SaaS e transformação digital do país.
A engenheira participou de programas como o RIA/SC (Rede de Investidores Anjo), por meio do qual recebeu o primeiro investimento, e o MIDITEC, incubadora gerenciada pela ACATE e mantida pelo Sebrae/SC, que está entre as cinco melhores do mundo, segundo o UBI Global.
As experiências em tantos projetos voltados para o fortalecimento de startups forneceram o conhecimento necessário para que Paula assumisse a vice-presidência de Ecossistema na associação, área responsável por monitorar os resultados de programas e criar novas ações de apoio às empresas associadas. Aos risos, ela conta que ouviu de outros líderes que ela é a pessoa ideal para o cargo, porque sabe resolver conversas difíceis com sutileza:
“Resolver problemas é comigo mesmo e talvez isso venha muito da minha história como engenheira civil e gestora de obras”.
Da ciência ao empreendedorismo
Para Betina Zanetti Ramos, a trajetória científica veio antes da carreira como empreendedora. Ela se formou em Farmácia e tem doutorado em Química pela UFSC e pela Université Bordeaux, na França. A decisão de abrir uma empresa de tecnologia ocorreu em 2008, ano em que fundou a Nanovetores, indústria de ativos nanoencapsulados de alta performance para cosméticos, que possui clientes em 46 países. Ela continua envolvida em pesquisa e é conselheira do Conselho Deliberativo do CNPq.
Em 2021, assumiu a diretoria do Grupo Temático Mulheres ACATE, no qual ajuda a fortalecer o empreendedorismo feminino. Atualmente, o grupo é um dos maiores da associação, com mais de 100 empresas participantes. Em abril deste ano, ela tomou posse como vice-presidente de Integração.
“Um dos grandes pontos da cadeira é fazer com que os associados de todos os polos em Santa Catarina sintam-se pertencentes e percebam a importância que, de fato, eles têm no estado. Queremos fortalecer, engajar e promover sinergia entre os polos tendo também um olhar de internacionalização para essas empresas. Que estas trocas tragam crescimento para o mercado de tecnologia, pois quando a maré sobe, todos os barcos sobem juntos”, explica.
Para ela, a presença de mais mulheres no mercado, como colaboradoras e sobretudo, líderes, traz mais inovação e inclusão às soluções e produtos desenvolvidos pelas empresas:
“A renda é outro ponto com papel fundamental, pois, quando as mulheres crescem em suas carreiras, impactam diretamente no poder de compra de toda a sociedade. Atualmente são elas, por exemplo, a maior parte das chefes de família no Brasil”.
Nascida em São Miguel d’Oeste, interior de Santa Catarina, e com experiência em iniciativas voltadas para empreendedoras mulheres, ela diz ter aceitado a vice-presidência por entender que pode contribuir ainda mais para o fortalecimento e integração do ecossistema.
O Grupo Mulheres ACATE
Criado em abril de 2018, o grupo Mulheres ACATE tem como propósito fortalecer o protagonismo feminino no universo tech e, assim, transformar a cultura empreendedora, impactando o nosso ecossistema e o tornando mais igualitário, justo, criativo, inovador e diverso.
O Grupo Temático Mulheres ACATE é um movimento colaborativo e conta com a adesão de mais de 100 mulheres que já estão construindo – ou querem construir – o futuro da tecnologia em Santa Catarina. Podem participar regularmente dos encontros periódicos do grupo todas as mulheres empreendedoras, sócias-fundadoras, CEOs, diretoras ou interlideranças de empresas associadas à ACATE. Para mais informações sobre como participar, acesse aqui.