ACATE discute sobre o 5G no futuro das cidades e para os negócios
Desde a implantação até o uso da tecnologia 5G, a ACATE promoveu um debate sobre os desafios, oportunidades e inovações que a quinta geração de telecomunicação móvel traz à Santa Catarina e ao Brasil. O evento na tarde do último dia 20 de setembro, reuniu operadoras responsáveis pela instalação da infraestrutura tecnológica a nível nacional e regional, empresas de tecnologia, autoridades municipais e estaduais, entre outros atores para pensar sobre o futuro das cidades e de setores, como o agronegócio e a indústria.
As discussões foram abertas por Fernando Gomes de Oliveira, coordenador do grupo de Trabalho de 5G da Vertical Smart Cities da ACATE, que apresentou um panorama atualizado sobre as liberações dos municípios para receber o 5G e as cidades que já possuem a tecnologia. Atualmente, o Brasil já tem mais de 12 milhões de acessos via quinta geração de redes móveis e conta com cerca de 170 cidades com a tecnologia em operação – cinco delas em Santa Catarina: Criciúma, Florianópolis, Jaraguá do Sul, Joinville e São José.
Oliveira destacou que a implementação do 5G no Brasil ocorre de forma acelerada em comparação ao cronograma previsto pela Anatel para a desocupação das faixas de frequência que poderiam interferir no sinal, o que é um requisito para o recebimento da rede pelos municípios. “Já vemos cidades abaixo de 30 mil habitantes com o 5G em operação, o que seria esperado apenas para 2026, ou seja, há um avanço nesta implementação”. O coordenador acrescentou que ainda existe um caminho longo pela frente para que mais municípios também concluam outro requisito, que é a atualização das Leis de Antenas. De acordo com Oliveira, as cidades de SC estagnaram com relação aos trâmites legislativos para a liberação do 5G neste ano, sendo que em 2022, o estado liderava nacionalmente as atualizações no aspecto legal.
Para abordar a importância do movimento dos municípios para revisarem as suas Leis de Antenas, o vereador de Criciúma, Nícola Martins, participou do evento e detalhou sobre a experiência realizada pela ativação do 5G em Criciúma. O vereador ressaltou que o primeiro passo foi desmistificar junto às demais Câmaras Municipais da região Carbonífera sobre as falsas informações que a tecnologia poderia ser prejudicial aos animais ou causar doenças. O grupo de trabalho de 5G da Vertical Smart Cities da ACATE, junto a demais atores, também realizou esforços em Criciúma e outras cidades de SC com o objetivo de oferecer conhecimento técnico e especializado em audiências públicas para gestores municipais.
A nível estadual, o Governo de SC e a Assembleia Legislativa (Alesc) também estão envolvidas na implementação do 5G no estado. Através de um vídeo, o deputado estadual e presidente da Comissão de Economia, Ciência, Tecnologia, Minas e Energia da Alesc, Jair Miotto, afirmou que a assembleia realiza encontros com as operadoras de telecomunicações responsáveis pelo 5G em SC a fim de acelerar a instalação da infraestrutura da tecnologia. Quanto ao Governo do Estado, representado pelo diretor da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Inovação, Diogo Quintino, as ações são realizadas no âmbito da Rede Catarinense de Centros de Inovação para pleitear junto às operadoras a implantação do 5G nos habitats de inovação visando oferecer oportunidades de desenvolvimento de novas soluções para startups e empresas de tecnologia.
A ACATE também colabora na geração de oportunidades para negócios desenvolverem tecnologias com o uso do 5G. Entre as iniciativas está o Living Lab 5G de Florianópolis, que foi lançado em fevereiro deste ano pela Prefeitura Municipal e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O projeto está em fase de construção do edital, mas já recebe pré-inscrições de empresas interessadas em testar e validar inovações tecnológicas e modelos de negócios que utilizem a quinta geração de redes móveis. De acordo com Thaís Nahas, diretora da Vertical Smart Cities e do polo regional da ACATE na Grande Florianópolis, o programa busca soluções para os desafios de saneamento básico, mobilidade, planejamento urbano, governança e segurança pública. Para se pré-inscrever, clique aqui.
O evento “5G: Inovações e desafios para a aplicação da tecnologia” foi promovido pela Vertical Smart Cities da ACATE no CIA Primavera, em Florianópolis, e contou com o patrocínio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (CREA-SC). Para assistir ao evento completo, acesse este link.
As oportunidade do 5G para as cidades
O 5G é uma oportunidade para tornar as cidades mais inteligentes por meio da tecnologia. A diretora da Vertical Smart Cities, Thaís Nahas, mediou um dos painéis do evento e fez a abertura destacando que “a rede 5G é muito mais do que um avanço, é o caminho para desenvolver aplicações, governos poderão entregar melhores serviços públicos, assim como, as empresas privadas também poderão viabilizar a melhora da qualidade de vida nas cidades”.
Para reunir os diferentes atores que podem colaborar para a inteligência das cidades, o painel contou com representantes da esfera governamental, das operadoras e de empresas desenvolvedoras de soluções. Leandro Antunes, presidente do Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina (CIASC), abordou o caminho pelo qual as cidades precisam passar em busca de se tornar municípios 5.0, que são aqueles que por meio da geração de emprego e renda, empreendedorismo e inovações obtêm as características de sustentabilidade e resiliência. Segundo Leandro, este contexto tem sua importância ampliada na sociedade atual e futura para solucionar desafios, por exemplo, diante do envelhecimento da maior parte da população no Brasil.
Para Jeison Bittencourt, head Corporate Solutions da TIM nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte, o 5G é um habilitador do que ainda será criado a partir do uso da tecnologia. Ele ressaltou que por enquanto é difícil prever todas as soluções que estão por vir, pois as aplicabilidades ainda são incipientes, mas destacou o retrospecto do 4G, que surgiu como uma inovação para impulsionar as videochamadas e evoluiu para a tecnologia dos aplicativos de GPS, mobilidade, delivery, entre outros.
No âmbito da operadora, Bittencourt detalhou sobre investimentos que a TIM promove para utilizar infraestruturas como postes e relógios em vias públicas para a instalação de estruturas de rede e, também, apontou sobre o desafio das cidades em movimento, onde novas edificações geram dificuldades para propagar o sinal. O head acrescenta que a operadora desenvolve parcerias público-privadas em redes públicas nas rodovias e serviços, por exemplo, de tele-gestão de luminárias em municípios.
Em convergência com a integração da infraestrutura urbana por meio das redes, Sandro Vieira, diretor-executivo da Digicity, fez sua explanação sobre como as tecnologias podem ser potencializadoras de soluções para o meio urbano. “O ambiente da iluminação pública é fortemente favorável para o espalhamento do sinal 5G e, adicionalmente, é possível ter toda uma capacidade de sensoriamento de clima, enchentes, bueiros inteligentes, e todos conectados à Internet das Coisas (IoT)”.
Um dos usos atuais do 5G se dá para oferecer autonomia ou semi-autonomia a veículos que atuam no setor de mineração gerando ganhos de produtividade, segundo Jeison. “A aplicação que utilizar os benefícios do 5G de alta velocidade e baixíssima latência, e que consiga trazer isso para o ambiente empresarial, vai dar um salto de produção gigantesco. E precisamos ver como isso será feito no ambiente urbano”, aponta Jeison Bittencourt, head Corporate Solutions da TIM nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte.
5G no agronegócio
Com cerca de 23% da cobertura de internet em áreas agrícolas de acordo com dados da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), a expectativa no campo é de que o 5G melhore a conectividade e impulsione a agricultura. Para debater como a quinta geração de telecomunicação móvel atenderá aos desafios do setor do agronegócio, Joel Risso, diretor de Novos Negócios do Serasa Experian e diretor da Vertical Agtech ACATE mediou o bate-papo com Paulo Roberto Lisboa Arruda, do núcleo de projetos da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina (SAR), Leandro Rebouças, gerente Sênior de Produtos e Internet das Coisas da Telefónica Tech, e Carol Pimenta, COO da ManejeBem.
Para dar início ao painel, Paulo Roberto Lisboa Arruda apresentou consequências do problema de conectividade no campo, que afetam o acesso a informações, capacitação e assistência técnica, vendas, automação, entre outras atividades que encontram dificuldades. Algumas das soluções para chegar ao interior foram realizadas pelo Governo do Estado desde 2004. Em 2023 novos programas serão lançados para apoiar agricultores ao levar fibra óptica para o meio rural e oferecer linhas de financiamento para fomentar o acesso à internet, de acordo com Arruda.
Na visão da operadora, Leandro Rebouças considera que a conectividade é um meio para que agricultores possam entender melhor o seu negócio e obter retorno de investimentos. “Entende-se a necessidade de que em determinadas circunstâncias do agro há dificuldade de conectividade, mas como as razões da falta de conectividade no campo são diversas e vão além da operadora por si só, é preciso entender como somos criativos para convencer o agricultor de que é possível investir em tecnologia”, aponta Rebouças que ressalta a existência de soluções diversas, por exemplo, para pecuária, maquinários e pulverização, além de infraestrutura de rede privativa.
Para Carol Pimenta, “Não existe desenvolvimento no campo e na agricultura, seja do grande ou do pequeno produtor, sem a conectividade, o que não permite a disseminação de conhecimento e de outras tecnologias”. Pelo trabalho da Maneje Bem de forma próxima a produtores rurais em situação de vulnerabilidade prestando assistência técnica de forma digital, a COO também percebe que os problemas vão além da conectividade: “Os produtores não tiveram a oportunidade de se desenvolver junto com a tecnologia que está chegando e há casos em que o acesso só foi ocorrer a seis meses ou um ano atrás”.
5G para a indústria
Com Túlio Duarte, diretor Vertical Manufatura 4.0 da ACATE, Robson Truppel, consultor da R2Brasil Gestão e Projetos, Gabriel Amancio, CDO da Unifique, e Danilo Angelo, da área de desenvolvimento de negócios do Instituto de Pesquisas Eldorado, o último painel do evento debateu o 5G aplicado à indústria.
A tecnologia de quinta geração para o representante da Unifique, a operadora que integra o consórcio vencedor das faixas regionais do Sul do Brasil no leilão do 5G, possui o seu maior potencial no mercado B2B e industrial devido ao requisito de tempo de resposta. De acordo com Amâncio, “a tecnologia 5G se endereça a 99% dos casos de uso da indústria, mas é preciso fazer o básico de entender as dores, trabalhar na jornada das pessoas da cultura e capacitação para depois trazer a tecnologia”.
A necessidade de entender os desafios e benefícios também foi destacada por Danilo Angelo para que gestores possam saber das limitações que as configurações do 5G podem haver ou também de suas personalizações, como para o fatiamento de rede e a flexibilidade de arquitetura. Mas para além disso, Angelo aponta que é preciso pensar nas tecnologias que estão interligadas aos 5G, entre elas estão dados, nuvem, IoT, Inteligência Artificial e que tudo pode se traduzir em negócios.
O diretor da Vertical Manufatura 4.0, Túlio Duarte, encerrou o painel abordando que o processo para adoção do 5G na indústria exige colaboração para colher os benefícios tanto na gestão quanto para os colaboradores: “Existe um potencial muito grande na indústria com o 5G, mas o processo ainda carece de uma jornada com potencial de trazer benefícios muito maiores do que o 4G, que tornou o YouTube mais rápido para pessoas. O 5G vai deixar a vida mais rápida, o agro mais rápido, a indústria mais competitiva, a saúde melhor e assim por diante. E nesta jornada, estamos falando que todos os entes vão ter que contribuir para que o benefício chegue e se transforme em soluções”.
Verticais de Negócios da ACATE
Com atuação transversal aos diferentes segmentos de mercado, a Vertical Smart Cities é realizadora de ações acerca do 5G e é composta por mais de 60 empresas de tecnologia que pensam e criam soluções para cidades mais dinâmicas, sustentáveis e eficientes, integrando também representantes de governos, academia e da sociedade civil.
Hoje a ACATE conta com 11 Verticais, nas áreas de Agtech; Construtech; Edtech; Energia; Fintech; Manufatura 4.0; Peopletech; Saúde; Security Tech; Smart Cities e Varejo.
Por meio de reuniões periódicas, os associados participam de grupos de acordo com sua área de atuação e debatem problemas e necessidades de seus mercados. Integrar uma vertical permite alcançar grandes nomes do mercado e do ecossistema, ganhar visibilidade, trocar experiências, gerar networking, participar de rodadas de negócios, obter acesso a oportunidades ímpares e a conteúdos exclusivos. Para saber mais e participar das Verticais de Negócios, clique aqui.
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