A crise e seus impactos sobre o financiamento de inovação
Para o engenheiro Ronald Dauscha, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, que trabalhou por mais de duas décadas na multinacional Siemens, "existe claramente no Brasil uma crise de crédito e temor" e houve um reflexo direto dela sobre o faturamento e o capital de giro das empresas. Só no estado de São Paulo, segundo ele, 124 mil trabalhadores foram demitidos de multinacionais no setor de tecnologia e informática no mês de janeiro deste ano e 204 mil postos desapareceram desde o início da crise em diversas áreas.
Com relação aos investimentos em P&D no País, ele acredita que há um grande risco de redução, "mesmo quando estas áreas sejam reconhecidas como eficazes geradoras de valor agregado para a empresa ou como alavancadoras de rentabilidade ou produtividade", lamentou.
Uma proposta defendida por Dauscha para esta época conturbada é não cortar orçamentos federais para a inovação. Segundo ele, a pauta do dia é dar foco, e não reduzir os fomentos. Entre outras propostas, o engenheiro sugeriu estender a subvenção aos segmentos não só estratégicos, mas também aos setores tradicionais. Além disso, propôs isenção ou redução de impostos para aquisição de equipamentos de laboratórios para empresas privadas e a capacitação técnica para pesquisadores e demais profissionais envolvidos com inovação durante o período de crise.
Os especialistas reunidos no seminário concordaram que é preciso muita paciência, perseverança e dedicação, principalmente por parte dos órgãos públicos, na gestão das políticas, e que a crise pode ser uma oportunidade para buscar novas soluções para antigos problemas.
O evento contou ainda com a presença de representantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e especialistas do CGEE.