Artigo: Regulamentação dos Investidores, por Marcelo Cazado
Os investidores anjo são um dos elos iniciais da cadeia de capital empreendedor.
Os investidores anjo são um dos elos iniciais da cadeia de capital empreendedor. As empresas nascentes que recebem investimento dessas pessoas físicas têm mais condições de sobreviver em sua fase mais arriscada, ou seja, durante os seus anos iniciais. Ao mesmo tempo, possuem mais chances de atrair fundos de investimentos: os fundos preferem investir em empresas que passaram por rodadas prévias de investimento anjo porque elas tendem a ser mais maduras do ponto de vista de gestão, governança e seus empreendedores conhecem a lógica do capital de risco.
Com a regulamentação da figura do investidor anjo, aprovada na Câmara dos Deputados recentemente e que aguarda apenas a sanção presidencial, pessoas físicas e jurídicas poderão fazer aportes de capital, porém não poderão participar diretamente da administração da empresa. Por isso, não responderão por eventuais dívidas, mesmo em recuperação judicial. Dessa forma, esses investidores poderão apoiar novos negócios, gerando empregos e renda, sem colocar seu patrimônio pessoal em risco.
Para ser um investidor anjo, é necessário ter experiência no setor em que irá investir, tornando possível o compartilhamento de conhecimentos, além de tempo e disposição para ser mentor dos futuros sócios. Aos investidores que têm curiosidade de conhecer mais sobre o funcionamento dessa modalidade de investimento, recomendo que busquem os núcleos locais de investimento anjo em sua região. Tais grupos de investidores estão conectados, em sua maioria, pela Anjos do Brasil,que dissemina, promove e apoia o conhecimento sobre essa área.
O investimento anjo é um investimento qualificado, de alto risco e de baixa liquidez. E que, com o passar do tempo pode gerar múltiplos esperados entre 5 e 10 vezes o valor investido em um prazo aproximado de cinco anos. Cada anjo pode investir valores a partir de R$ 20 mil e o aporte é feito em conjunto com outros investidores. O valor total recebido pela startup investida varia entre R$ 50 mil e R$ 600 mil. É uma aposta interessante para investidores que queiram diversificar suas carteiras ao investir diretamente na economia real, aquela que gera diretamente conhecimento e empregos. Mas, sobretudo, é uma aposta – muitas vezes certeira – na inovação.
*Artigo escrito por Marcelo Cazado, líder da Rede de Investidores Anjo de Santa Catarina (RIA SC). Publicado originalmente no jornal Diário Catarinense em 04/11/2016.