Brasil quer parceria com a Alemanha para acelerar participação na Indústria 4.0
O Brasil articula para que suas empresas acompanhem as tendências da Indústria 4.0, termo de origem alemã que simboliza a 4ª Revolução Industrial, baseada na integração digital de etapas da cadeia produtiva.
O Brasil articula para que suas empresas acompanhem as tendências da Indústria 4.0, termo de origem alemã que simboliza a 4ª Revolução Industrial, baseada na integração digital de etapas da cadeia produtiva. O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Alvaro Prata, defendeu esse esforço nacional no 34º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, de 16 a 18 de outubro, em Weimar. A parceria com os alemães em inovação será levada a duas reuniões de ministros de ciência e tecnologia que serão realizadas de 3 a 6 de novembro, em Pequim, na China, com líderes do G20 e do Grupo Carnegie.
"A Alemanha é um grande parceiro industrial do Brasil. Nós estamos falando de mais de 1,5 mil empresas alemãs no país. Temos uma longa tradição de parceria acadêmica e industrial", diz o secretário. "E precisamos, mais e mais, de nos envolvermos na cooperação bilateral em inovação. A Indústria 4.0, que envolve uma nova revolução industrial, passando pela manufatura avançada, é um tema de grande importância para o país e para o nosso ministério."
Dentro do 34º Encontro Econômico, Prata apresentou o planejamento nacional em Indústria 4.0 durante o 3º Fórum Brasil-Alemanha de Inovação, ao lado do secretário de Inovação e Novos Negócios do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Vinícius de Souza. "Temos trabalhado junto ao MDIC e à Confederação Nacional da Indústria [CNI] na estruturação de uma agenda para fazer frente aos avanços da manufatura avançada. A Alemanha é referência na área e pode ser uma grande parceira nisso."
Prioridades
O fórum de inovação gerou debates entre a CNI, a Federação das Indústrias Alemãs (BDI), o MCTIC, o MDIC e o Ministério Federal de Educação e Pesquisa (BMBF, na sigla em alemão). Segundo o chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Manuel Montenegro, as prioridades levantadas pautaram a 43ª Reunião da Comissão Mista Brasil-Alemanha de Cooperação Econômica, no dia 18. "As nossas temáticas de economia e inovação estão cada vez mais imbricadas", avalia.
Para Montenegro, a união de academia, governo e indústria reforça a diretriz bilateral em cooperar em pesquisa sobre manufatura avançada, tanto nas companhias alemãs instaladas no Brasil quanto nas empresas nacionais interessadas em se inserir no processo de agregação de valor. Também presente em Weimar, ele informa que a Alemanha deve incorporar Indústria 4.0 em sua agenda no G20, já que o país preside a partir de janeiro de 2017 o grupo das 19 maiores economias do mundo somadas à União Europeia.
Ainda na Comissão Mista, Prata expôs as perspectivas brasileiras de desenvolvimento da cadeia produtiva de terras-raras – 17 elementos químicos essenciais para tecnologias digitais como smartphones, aparelhos de ressonância magnética, carros híbridos, catalisadores para refino de petróleo e ímãs de alto desempenho, usados em geradores de energia eólica. Os países iniciaram em 2015 uma parceria para pesquisa em mineração, extração, separação de óxidos, formação de ligas e fabricação final de produtos que incorporam matérias-primas economicamente estratégicas.
O secretário relatou aos alemães que o governo brasileiro prepara um programa de desenvolvimento da cadeia produtiva de terras-raras, para que empresas brasileiras possam aproveitar as reservas nacionais na produção e na exportação de equipamentos de alta tecnologia. De acordo com Montenegro, inicialmente restrita ao BMBF, a parceria pode se estender ao Ministério Federal de Economia e Energia (BMWi).
Realizado anualmente, em rodízio entre os dois países, o Encontro Econômico Brasil-Alemanha tem sua 35ª edição marcada para Porto Alegre, em 2017.
Inovação
Prata e Montenegro participam, de 3 a 6 de novembro, em Pequim, da Reunião de Ministros de Ciência, Tecnologia e Inovação do G20 e do 44º Encontro Anual do Grupo Carnegie, que congrega os ministros do G7 – Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Itália, França, Japão e Reino Unido – e de países convidados, como África do Sul, Brasil, China, Índia, México e Rússia.
A programação inclui um fórum de negócios com mais de 100 empresas dos países do G20 e uma série de painéis em que ministros e secretários manifestam as prioridades nacionais. "O foco indicado pela China para o evento é identificar a inovação como um antídoto para o crescimento lento", adianta Montenegro. "Toda a economia mundial passa por uma fase de crise, desde 2008, e está se recuperando, mas com grande dificuldade, sem tanto emprego, sem bem-estar e com queda de salários. Isso preocupa porque a gente percebe, no mundo inteiro, um fermento antiglobalização."
Segundo o diplomata, a declaração final do evento em Pequim deve alertar para números da desigualdade mundial: o G20 concentra 90% do Produto Interno Bruto (PIB), 80% do investimento em pesquisa e desenvolvimento e 70% das patentes do planeta. "Então, os chineses, que se tornam a locomotiva da economia, estão apontando o caminho da inovação", explica. "Quando sairmos de lá, vamos ter mostrado um rumo que vai se manter e que vai criar novos desafios e oportunidades nessa nossa área, em torno da inovação, porque agora essas questões passam a ter o ouvido das lideranças políticas."
Integram o G20 África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia.
Fonte: Portal MCTIC