Classe C amplia presença na internet
O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) divulgou nesta terça-feira, 28, os resultados da sexta Pesquisa TIC Domicílios. Mais de 24 mil domicílios foram entrevistados em todas as regiões do Brasil sobre infraestrutura tecnológica nos domicílios brasileiros, perfil dos usuários brasileiros de computador e Internet, uso do computador e da Internet e mobilidade e portabilidade.
O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) divulgou nesta terça-feira, 28, os resultados da sexta Pesquisa TIC Domicílios. Mais de 24 mil domicílios foram entrevistados em todas as regiões do Brasil sobre infraestrutura tecnológica nos domicílios brasileiros, perfil dos usuários brasileiros de computador e Internet, uso do computador e da Internet e mobilidade e portabilidade.
Realizada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), a pesquisa teve como destaque uma mudança no perfil dos usuários brasileiros de internet, com forte crescimento da classe C. Em 2010, este público representou 53% do universo pesquisado.
Para Helmut Glaser, coordenador do CGI.br, o esta edição do estudo permite a identificação de tendências mais claras no uso da internet no Brasil. “Depois de seis anos, é possível acompanhar dados históricos com mais precisão”, afirmou.
Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br e responsável pela pesquisa, ressaltou seis grandes destaques nesta edição: o aumento na presença de computadores e da internet nos lares brasileiros; o crescimento nas velocidades de conexão disponíveis; a mudança no perfil dos usuários; o crescimento na busca pela mobilidade; e a identificação de barreiras na navegação, além da infraestrutura.
Presença de computador e Internet
Entre 2009 e 2010, a proporção de domicílios brasileiros no Brasil com computador passou de 32% para 35%, representando um crescimento de 9%. Na área urbana, essa proporção passa de 36%, em 2009, para 39%, em 2010, registrando uma taxa de crescimento de 8%. Esses resultados mostram que a proporção de domicílios com computador mais que dobrou na área urbana nos últimos seis anos, embora o crescimento desse ano seja menor que o da pesquisa anterior.
Em 2010, o acesso à Internet nos domicílios urbanos cresce 15% em relação ao ano anterior, taxa inferior à verificada em 2009, ano em que o crescimento foi o maior desde o início da série. A média anual composta do crescimento do acesso à rede nos domicílios brasileiros urbanos foi de 19% no período entre 2005 e 2010.
“Continuamos a verificar um aumento na presença dos computadores e da Internet; a oscilação do ritmo de crescimento é bastante natural e pode ser influenciada por inúmeros fatores socioeconômicos”, afirma Barbosa. Ele lembrou que, em ambos as casos, a taxa de penetração brasileira ainda é menor do que países vizinhos como Uruguai, Argentina e Chile (média de 35% em 2008) e muito menor do que países europeus (média de 80% em 2008).
Perfil do usuário de Internet
A pesquisa apontou que, em 2010, o maior crescimento proporcional de usuários de Internet está entre indivíduos com baixa escolaridade, especialmente analfabetos/ensino infantil, que passou de 9% em 2009 para 13% em 2010; 43% dos entrevistados com ensino fundamental que acessam a rede, perante 36% em 2009, representando 19% de crescimento.
Sobre os hábitos de navegação, a pesquisa constatou que pelo menos 50% dos usuários brasileiros de internet usam sites de relacionamento. Por outro lado, o uso de redes sociais como o Twitter, blogs e listas de discussão está concentrado em jovens da classe A, com nível superior.
Tipo de conexão à Internet
Nessa edição também se percebe a queda de usuários de acesso discado, presente em apenas 13% dos domicílios da zona urbana, e um aumento proporcional das conexões de banda larga fixa, que estão em 68% dos domicílios com acesso à Internet na zona urbana do país. Os indicadores retratam, ainda, um aumento expressivo de conexões de banda larga móvel, reflexo da ampliação de novas tecnologias móveis, principalmente a tecnologia 3G.
O estudo verificou o crescimento expressivo das conexões de banda larga fixa, especialmente na zona rural do país: entre 2009 e 2010, a proporção de domicílios com conexão de banda larga cresceu nove pontos percentuais. Observa-se também que conexões de banda larga móvel (como o 3G), cresceram tanto nas áreas urbanas como nas rurais. Nas áreas urbanas, esse crescimento foi de 67% em relação a 2009 e nas áreas rurais foi de 63% em relação à edição anterior.
Local de acesso à Internet
Em 2010, observou-se o crescimento considerável do acesso à Internet no domicílio. Entre o total da população brasileira urbana, o crescimento foi de sete pontos percentuais em relação a 2009. “Trabalho” (22%), “escola” (14%), “casa de outras pessoas” (27%) e “centros públicos de acesso gratuito à Internet (telecentros)” (4%) mantiveram os mesmos patamares da edição anterior.
Outro resultado bastante expressivo em 2010 foi a queda do uso da Internet em lanhouses, que em 2010 caiu 10 pontos percentuais no total de usuários em relação à edição de 2009 para o Total Brasil. Embora essa tenha sido a queda mais expressiva da participação das lanhouses desde o início da pesquisa TIC Domicílios, elas continuam sendo o segundo lugar que os brasileiros mais utilizam para acessar a Internet.
Para uma parcela considerável da população de baixa renda elas constituem uma oportunidade para a participação cidadã e para o trânsito no mundo cultural, educacional e de lazer, por meio das tecnologias de informação e comunicação.
Redes sociais
No que se refere aos brasileiros que usam as redes sociais, considerando a participação em sites como Orkut e Facebook, observa-se que é expressiva a proporção de internautas que participam dessa atividade na rede. A Região Nordeste desponta como um destaque, alcançando a marca de 75% de internautas que fazem uso de redes sociais, seguido das regiões Sul e Centro-Oeste, com 70%, Norte com 68% e Sudeste com 67%.
Em relação à faixa etária, 82% os internautas mais jovens, na faixa de 16 a 24 anos participam de alguma rede social, uma diferença considerável de 12 pontos percentuais para os internautas entre 25 e 34 anos, faixa em que 70% dos internautas participam das redes sociais. Entre a população de usuários de Internet com idade acima de 65 anos, 45% fazem uso de redes sociais.
Barreiras
As barreiras para o acesso à Internet nos domicílios brasileiros estão associadas a problemas de custo e de infraestrutura. Dentre os domicílios que possuem computador, mas não dispõem de acesso à Internet, no Total Brasil observa-se que: 49% não possui acesso à Internet devido ao alto custo do serviço e 23% pela falta de disponibilidade na área. A falta de interesse (16%) e falta de habilidade (12%) são citações mais tímidas, porém relevantes, pois refletem barreiras que não são referentes à infraestrutura, mas à falta de apropriação da tecnologia pela população.
Entre as dificuldades encontradas pelos cidadãos no uso e navegação na Internet relacionadas a acessibilidade, as principais se referem a “acessar sites ou páginas demora muito/ páginas são muito pesadas” (37%), “não encontro a informação desejada no site” (22%), dificuldades relacionadas a “ler um texto longo” (14%) e “acessar páginas com janelas que aparecem na tela” (11%). “É comum que as pessoas confundam a Internet com sua interface gráfica, a Web”.
Mobilidade
Em 2010, observa-se um crescimento expressivo de tecnologias que favorecem a mobilidade: a proporção de domicílios com computadores portáteis (notebooks) e telefones celulares aumentou de maneira expressiva.
A penetração dos notebooks nos domicílios brasileiros com computador cresceu mais de 60%, passando de 14% em 2009 para 23% em 2010. Ainda em relação aos computadores portáteis, o crescimento acontece especialmente em áreas urbanas e classes sociais mais elevadas. As áreas rurais apresentam estabilidade em relação à medição anterior: apenas 15% dos domicílios rurais possuem computadores portáteis. Por outro lado, nota-se um aumento expressivo da posse de computadores portáteis nas diferentes classes sociais: enquanto 70% domicílios da classe A que tem computadores possuem um notebook, nas classes C e DE, esse percentual cai pela metade.
Telefones celulares tiveram crescimento expressivo, especialmente entre os segmentos sociais menos favorecidos economicamente. Os maiores crescimentos proporcionais dos domicílios com telefone celular ocorreram na zona rural – crescimento de 10 pontos percentuais em relação a 2009; na região Nordeste – o total de domicílios com aparelho celular passou de 63% em 2009 para 77%; e na classe DE, na qual o crescimento de 2009 para 2010 foi de 9 pontos percentuais, passando de 54% em 2009, para 63% em 2010.
Para Barbosa, o resultado geral da pesquisa deixa claro aos gestores públicos a necessidade de ampliar a velocidade de acesso à internet. “Estamos muito atrás de mercados desenvolvidos como o europeu e o asiático, e isso precisa ser resolvido”, conclui.