edTech Summit: Tecnologias transformam relação entre professores, estudantes e instituições de ensino
As tecnologias mudaram a forma como os alunos aprendem e se interessam pelo ensino, sendo necessário que professores, gestores, instituições e todo um mercado educacional coloque em prática a inovação. Com foco nas mudanças nos ambientes de ensino e aprendizagem, a Vertical edTech reuniu especialistas para subir ao palco do edTech Summit nos dias 21 e 22 de novembro em palestras e oficinas que estimularam profissionais de educação e empreendedores a pensarem sobre tecnologias, entre elas a Inteligência Artificial (IA). Os conteúdos completos estão disponíveis no YouTube da ACATE.
“A inovação está em tudo. Não podemos fechar os olhos para os avanços e temos que entender a tecnologia como um meio para desenvolver a aprendizagem e a inovação, isso é fundamental”, destaca a professora Nágila Hinckel, que acompanhou a programação da 3ª edição do edTech Summit. Ela acrescenta que o evento é uma oportunidade para que professores busquem melhorar e ampliar horizontes de suas práticas visando levar o melhor aos estudantes e entender o que eles precisam para tornar o processo de aprendizagem mais efetivo e transformador.
Uma das preocupações dos professores e das instituições de ensino brasileiras é a evasão escolar, que segundo dados da Unicef, chega a 2 milhões de jovens entre 11 a 19 anos. Apenas no Ensino Médio, o crescimento do abandono dos estudos é de cerca de meio milhão de alunos por ano no Brasil, conforme aponta a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan SESI), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Para Janes Fidélis Tomelin, vice-presidente Acadêmico da Vitru Educação, é um desafio reinventar os espaços educacionais com as tecnologias. “Hoje, a escola continua com o quadro e o giz em uma maioria predominante”, ressalta Tomelin na abertura do primeiro dia de palestras.
O vice-presidente da Vitru, grupo que reúne as universidades Uniasselvi e UniCesumar, define que a tecnologia e a inovação têm o papel de aumentar a qualidade da educação e garantir a possibilidade de ascensão social às pessoas: “O elevador social do Brasil está quebrado. E o papel das edTechs e das instituições de ensino é a de recuperá-lo, para que assim, as pessoas que não teriam acesso à educação passem a ter por meio da tecnologia e da inovação”.
Mas em meio à emergência de novas tecnologias com rapidez e ampla difusão de informações, a introdução tecnológica pelos professores e instituições de ensino é complexa. Um dos desafios que pairam sobre a relação entre alunos e docentes é a conexão entre o virtual e o real. Para o professor Noslen Borges, que hoje soma mais de mais 4,6 milhões de inscritos em seu canal de YouTube, onde leciona aulas de língua portuguesa, tanto o virtual quanto o real podem ser trabalhados de forma conjunta para chegar a mais pessoas além das salas de aula e levar educação de qualidade. Parafraseando Milton Nascimento em sua palestra no 2º dia do edTech Summit, Borges contou que decidiu dar aulas na internet por causa de seus alunos: “O professor tem que ir onde o estudante está”.
Para se aproximar dos alunos, outra forma de usar a tecnologia tratada no evento foi a gamificação e os chamados e-sports, o quais são jogos eletrônicos competitivos e que se popularizaram no Brasil somando uma comunidade de cerca de 74,5% da população que jogam games, de acordo com a Pesquisa Game Brasil, uma parceria entre Sioux Group, Go Gamers, Blend New Research e ESPM. Para Grace Gonçalves, supervisora de Tecnologia Educacional do Colégio Miguel Cervantes, CEO da Comunidade TE & TI Partners Brasil e ministrante de uma das oficinas do edTech Summit, jogos eletrônicos têm o potencial de engajamento de alunos e, até mesmo, de ampliação de oportunidades a jovens em uma gama de novas profissões que surgem em torno do mercado dos games.
O olhar para o futuro dos jovens e seus objetivos de vida foram pontos de partida de algumas palestras do edTech Summit para pensar em mudanças na forma de ensinar. Bruna Emerich, gerente de Marketing da Vitru Educação, afirmou que as instituições educacionais ainda não estão preparadas para ensinar aos alunos o que eles precisam para continuar além de uma certificação. “Só o diploma não está mais valendo, precisamos garantir habilidades e competências na resolução de problemas, na aceitação e acompanhamento de mudanças”. Emerich acrescenta que um dado relevante para contexto futuro é que 85% dos trabalhos ou funções profissionais que existirão em 2030 ainda não foram criados, de acordo com estudo do Institute for the Future (IFTF).
Mas para impactar os estudantes não apenas as tecnologias e equipamentos se fazem necessários, é o que defendeu Mauro Junior, professor e consultor de Inovação na I.Go for Education. Para ele, a inovação é uma atitude que precisa ser aplicada nas escolas e universidades a partir de seus próprios desafios e para resolver os problemas.
Neste ano, o edTech Summit teve sua primeira edição híbrida, após dois anos de realização pela Vertical edTech da ACATE em formato remoto e tem os conteúdos gravados disponíveis no YouTube. O evento contou com o patrocínio da Bett Brasil, Sebrae Startups, Vitru Educação, DOT Digital Group e Nexpon.
Inteligência Artificial: possibilidades e relação com a inteligência humana
A evolução da IA chegou ao modelo generativo, em que as máquinas possuem capacidade de aprendizado e criação. Mas especialistas, como Ricardo Wagner, diretor de Marketing de Produtos da Microsoft, asseguram que a tecnologia não vai substituir o profissional de educação ou o aluno. Tanto Wagner quanto outros palestrantes que passaram pelo edTech Summit apostam que o potencial da IA para o ensino e a aprendizagem está na co-criação e no uso conjunto da inteligência humana com a artificial.
“Hoje, a IA não é uma inteligência autônoma de fato, ela é humana e é alimentada por humanos. Há a possibilidade dessa inteligência ser artificial apenas daqui a alguns anos. Hoje, isso ainda não é uma realidade”, explicou Otávio Auler Pinheiro, diretor da Vertical edTech da ACATE durante painel no primeiro dia do edTech Summit.
A união entre as inteligências também promove uma mudança no papel dos professores no atual contexto, quando se tem muitas informações e fácil acesso por todos, é o que apontou Gil Giardelli, CEO da 5era. “As crianças de hoje tem 12 vezes mais acesso a conteúdos e informações que a geração da década de 70. Por isso, elas precisam de curadores para transformar esse excesso de informação em sabedoria”.
Outra possibilidade gerada pela tecnologia está no fomento à criatividade dos estudantes, para que eles estejam no centro do processo formativo e se relacionem com a IA de forma a aprender sobre ela e seus limites com pensamento crítico, isso apontou Thuinie Daros, diretora de Planejamento Acadêmico da Vitru Educação em uma oficina ministrada junto a Maria F. Francelin, coordenadora de Planejamento Acadêmico da Vitru Educação.
O segundo dia do edTech Summit dedicou todo o período da tarde para apresentar oficinas também sobre os temas: “A IA transformando o aprendizado na Educação Básica”, com Charles Soares Pimentel, professor de Design, Robótica e Matemática da Escola Americana do Rio de Janeiro, “Uso prático da IA na Educação”, por Otávio Auler Pinheiro, e “Crie seu Programa de IA para sua instituição”, com Alessandra Reis Lima, diretora Executiva de Inovação da Vitru Educação, e Julia Yumi Ito, coordenadora de Cultura de Inovação da Vitru Educação.
Cenário das edTechs no Brasil
A Vertical edTech da ACATE, realizadora do evento, é um grupo de conexão das empresas catarinenses de tecnologia que desenvolvem soluções para o setor educacional, que possui 13 anos de história e mais de 60 empresas reunidas. Um dos fundadores da Vertical é o atual diretor de Inovação e Novos Negócios da ACATE, Silvio Kotujansky, que participou da abertura do edTech Summit 2023 e abordou as mudanças na visão do empreendedorismo inovador. “O mundo muda e cada vez mais rápido. Os desafios da educação também ficam mais complexos. Preparar um cidadão para o mundo e um colaborador para o mercado de trabalho não são tarefas fáceis. Por sorte, estamos cercados de bons talentos, grandes conhecimentos e ferramentas na Vertical edTech”.
O cenário das edTechs foi apresentado durante o evento por Lucia Dellagnelo que situou dados, por exemplo, de que nacionalmente o ecossistema brasileiro de startups é formado por 15% de edTechs, conforme a Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Para Dellagnelo, “quem escolhe o setor da educação para atuar está em busca de impacto social e fazer diferença para o país”, entretanto, existem desafios para o desenvolvimento das empresas, como a fragmentação de soluções, necessidade de um tempo de maturação maior, além da falta de infraestrutura e capacitação para a absorção de tecnologias pelas instituições de ensinos e professores.
Diante da dificuldade de propor tecnologias para ambientes escolares, Vahid Sherafat, co-fundador do ClassApp e Escolas Exponenciais, em sua palestra afirmou que um dos caminhos para edTechs é olhar para o problemas reais de educação e ter as soluções para eles, enquanto as tecnologias são utilizadas apenas como ferramentas para resolver as necessidades. As aplicações de inovação também devem levar em conta as reações e ter a noção que existe a oportunidade para valorizar aspectos de humanidade e a sustentabilidade.
Entre as soluções de edTechs que existem no mercado estão o ambiente virtual de aprendizagem, aplicações de conteúdo para ensino à distância, sistema de avaliação e gestão acadêmica, aplicativos mobile, soluções de tutoria e vários outros projetos, produtos e serviços que fazem parte do portfólio das empresas integrantes da Vertical edTech da ACATE. Para saber mais sobre o grupo, clique aqui.
Assista às palestras completas do 3º edTech Summit no YouTube da ACATE.
*Foto: Imagem e Arte Fotografia Profissional
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