FINEP: Banco é para crédito, não para subvenções
O novo presidente da Finep, agência de fomento do MCT, Glauco Arbix, acredita que a criação do Banco Finep permitirá à entidade captar mais R$ 4 bilhões para o seu orçamento até 2014. Mas manda um recado: O processo de migração será lento, exigirá governança corporativa e uma transparência efetiva entre os recursos destinados para o crédito, via banco, e os voltados para subvenção, oriundos dos fundos setoriais, e não reembolsáveis.
O novo presidente da Finep, agência de fomento do MCT, Glauco Arbix, acredita que a criação do Banco Finep permitirá à entidade captar mais R$ 4 bilhões para o seu orçamento até 2014. Mas manda um recado: O processo de migração será lento, exigirá governança corporativa e uma transparência efetiva entre os recursos destinados para o crédito, via banco, e os voltados para subvenção, oriundos dos fundos setoriais, e não reembolsáveis.
“Não se iludam. O Banco Finep será para crédito, ele dará recursos, mas eles serão pagos pelas empresas, mesmo com as facilidades que temos. As subvenções, os recursos não-reembolsáveis, não entram na atividade dessa carteira. E isso exigirá uma governança muito forte da Finep. Temos que trabalhar nessa estruturação interna em paralelo com as negociações com o Banco Central”, destacou Glauco Arbix, que tomou posse como presidente da Finep, nesta sexta-feira, 28, numa concorrida solenidade, que teve a presença de cientistas e de representantes de outros ministérios, entre eles, o secretário executivo do ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira.
Com relação ao Banco Finep, Glauco Arbix diz que ele é absolutamente necessário. Isso porque, observou, os analistas de crédito tradicionais, assim como, os analistas de riscos do mundo financeiro não têm a inovação como perspectiva. “O modelo é outro. A inovação embute riscos. E nem tudo que fracassou hoje, deve ser descartado. Amanhã, pode render frutos. O modelo da inovação é outro. o segmento financeiro tradicional não vê dessa forma”, salientou.
Mas Glauco Arbix mostrou estar ciente das dificuldades no ambiente governamental. O Banco Finep ainda está sendo estruturado e precisa passar pelo crivo de outros ministérios e pelo próprio Banco Central. Nao há ainda nenhuma regra definida, tampouco como será o modelo de atuação. “Isso leva tempo e as negociações começaram agora. O bom de esclarecer é que a Finep será capitalizada com ou sem banco. A ideia do Banco é para agilizar os processos. Não vamos ficar parados à espera disso”, observou Arbix, em coletiva de imprensa, após a sua posse.
No ano passado, o orçamento da Finep contou com R$ 3,1 bilhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), sendo que R$ 1,215 bilhão foi direcionado para crédito a empresas. É este volume de recursos para crédito que deverá ser dobrado nos próximos quatro anos.
Arbix,no entanto, admitiu não sabre ainda como os recursos para o crédito vão surgir para a Finep. “Podemos pegar junto ao Tesouro Nacional ou ir ao mercado para captar, fato que poderemos fazer se formos instituição financeira”, disse.
E, preocupado ao assumir sua função de presidente da Finep, diante de tantos planos de novos caminhos, Glauco Arbix fez um apelo: Que a Finep fique fora da rota dos cortes do contigenciamento. “Fevereiro é um mês complexo para nós. Vai ser o mês que vamos saber dos cortes da contenção fiscal. Espero, sinceramente, que a Finep não venha a perder recursos. A presidenta Dilma falou da Inovação no seu discurso de posse. E inovação não é invenção. Ela se faz com qualificação profissional e recursos”, sinalizou.
O novo presidente da Finep é sociólogo e coordena o Observatório da Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP). Ele também presidiu o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nos três primeiros anos do governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva.
Além da experiência internacional, com passagens em instituições de ensino e pesquisa nos Estados Unidos e na Inglaterra, Glauco Arbix é membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) e do Grupo de Estudos sobre Ciência, Sociedade e Inovação da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
O sociólogo também foi professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Arbix também realizou estudos de pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT), na Universidade de Columbia, na Universidade da California e na London School of Economics.
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