Fintech Trends 2024 situa o uso de inovações no dia a dia e soluções em meio à emergência climática
A 2ª edição do evento Fintech Trends proporcionou cerca de cinco horas de palestras e painéis com especialistas do mercado financeiro, do setor de tecnologia e da academia. Em discussão estiveram as perspectivas da economia brasileira em 2024, além de tendências e oportunidades com a digitalização do Real – o Drex -, em tokenização e criptomoedas, Open Finance, inteligência artificial, sustentabilidade e como empresas de diversos setores podem se tornar fintechs.
O evento foi transmitido de forma online e contou com a presença de público no Centro de Inovação ACATE Primavera, em Florianópolis (SC), no último dia 9 de maio. O conteúdo gravado está disponível no canal de YouTube da ACATE e pode ser assistido a qualquer momento. O Fintech Trends foi realizado pela Vertical Fintech da ACATE, com o patrocínio do escritório de advocacia b/luz e da empresa SmartPay. Foram apoiadoras as associadas Sinqia, Edunext, Fluid, Nexpon e também as instituições Sebrae, Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac) e Darwin Startups.
Com o propósito de debater as mudanças que ocorreram no setor financeiro nos últimos anos, o evento também situou a forma como acontecimentos recentes, entre elas a catástrofe climática no Rio Grande do Sul, impactam o segmento e exigem esforços na promoção de ESG (sigla do inglês que se refere a Ambiental, Social e Governança).
Gertrudes Dandolini, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Maurício Rodrigues, CEO da ESGreen e Natália Bráulio, CMO da Fenasbac, destacaram em painel o atraso na promoção de ações a fim de evitar consequências em eventos extremos. “O que está acontecendo no RS, não gera impacto apenas no estado. Hoje estão sendo refeitas todas as projeções do país para este ano. O impacto é gigante e imediato”, afirma Maurício Rodrigues, que acrescenta a existência de desafios sobre como o sistema financeiro irá comportar, por exemplo, a cobertura de seguros sobre os danos causados pelas inundações que atingiram mais de 1,4 milhão de pessoas, sendo mais de 100 mortos e cerca 165 mil desabrigados em quase 500 cidades.
Para a professora da UFSC, mudanças necessitam de colaboração e atitudes para gerar sustentabilidade: “O futuro já começou. Estávamos olhando como algo distante, mas o futuro já está acontecendo em termos de revoluções tecnológicas. Mas a transformação só vai acontecer se nós, indivíduos e instituições, mudarmos a forma de ver o mundo e agir. Catástrofes [como a do RS] nos provocam cada vez mais a mudar e buscar uma visão integrativa e sistêmica em busca de soluções”. Natália Bráulio complementa que é um papel das startups entenderem os riscos sistêmicos para mudar formas de produção e consumo, reinventando modelos de negócios do passado e propondo tecnologias para solucionar problemas complexos.
💰 Investimentos no setor de tecnologia e fintechs: cenários econômicos e visão de investidores
Com olhar para a economia brasileira em 2023 e 2024, o economista Marcelo Cypriano apresentou perspectivas econômicas e financeiras no Brasil e o impacto causado no setor de tecnologia e nas fintechs.
Ele ressaltou o cenário que afeta o setor de tecnologia atualmente: o faturamento do setor tecnológico recua com baixa taxa de investimento, a qual é impactada pela alta do juro longo. Além disso, Cypriano apresentou a leitura que “embora o ambiente econômico não tenha sido tão fácil no ano passado, pelo menos em pesquisas sobre o setor de tecnologia, em 2024 tende a melhorar com a evolução da economia”. Entretanto, acrescentou que existe o risco da taxa de investimentos voltar a cair.
A palestra completa de Marcelo Cypriano, da CYPRIA Consultoria Empresarial, está disponível aqui.
Os investimentos no setor de tecnologia também foram pautas em painel com a mediação da colunista Estela Benetti, do NSC Total, e Anderson Wustro, sócio da Questum, Otávio Picasky, diretor de Investimentos e Portfólio da Darwin Startups, e Fábio Ferrari, diretor do Grupo Temático de Investimentos da ACATE. O debate entre os especialistas tratou sobre as expectativas e desafios no ecossistema de fintechs para atrair investimentos nacionais e globais.
Em dicas para empreendedores, os participantes do painel ressaltaram aspectos que atraem investidores na atualidade, como:
– Posicionamento do negócio para promover disrupções;
– Estar em estágios de maturidade avançados;
– Focar nos negócios e soluções para ter rentabilidade e crescimento sólido como meio para alcançar investimentos;
– Ter estratégias de internacionalização levando em conta dinâmicas de mercado e regulações de outros países a fim de chegar a investidores globais.
Do ponto de vista dos investidores, tendências como a Inteligência Artificial (IA) e soluções de segurança contra riscos da IA, além de Embedded Finance – que significa a incorporação de serviços financeiros por empresas de diferentes segmentos – são tendências de mercado em alta para atrair o aporte de recursos.
🪙 Criptomoedas e tokenização: inovações tecnológicas e suas aplicações
Três painéis do Fintech Trends 2024 abordaram as inovações tecnológicas e o uso no dia a dia das criptomoedas e dos ativos tokenizados.
Com a mediação de Alexandre Adoglio, fundador e CEO da Sonica, Reinaldo Rabello, CEO do Mercado Bitcoin e Luciana Simões, advogada especialista em mercado financeiro, de capitais e em outras áreas no escritório b/luz, o painel “Drex: Novas fronteiras das transações digitais” abriu as discussões sobre criptomoedas. O projeto de digitalização do Real encontra-se em fase piloto operada pelo Banco Central do Brasil e conta com a participação de instituições de diversos segmentos financeiros com o objetivo de realizar testes de funcionalidades de privacidade e de implementação.
Para Luciana Simões, a digitalização do Real, após o processo de testes do Banco Central, vai gerar oportunidades com a tecnologia blockchain com mais transparência, segurança e infraestrutura. “A representação digital da moeda Real [o Drex] abre um futuro para novos modelos de negócios pegando o gancho da Embedded Finance. Com possibilidades de haver grandes plataformas e marketplaces de fintechs”.
Reinaldo Rabello citou que o Mercado Bitcoin é uma das lideranças dos consórcios que operacionalizam o piloto do Drex – sendo a única empresa que não é uma instituição bancária. Ele explica que o processo de implementação da moeda digital se dá em um primeiro momento com “a criação de uma moeda de atacado, que vai permitir que os bancos transformem o depósito em token, a qual é uma representação digital da moeda”. Rabello detalha que a representação do dinheiro existente hoje em aplicativos é apenas eletrônica, não digital, pois necessita da confirmação de existência física do saldo.
Confira o painel “DREX: Novas Fronteiras das Transações Digitais” na íntegra.
O CEO do Mercado Bitcoin também participou de painel com Felipe Zullino, co-fundador InfinitaMiner e a mediação de Fernanda Muller, analista de Comunicação e Negócios da NSC. Em discussão estiveram os impactos e perspectivas das criptomoedas no dia a dia.
Felipe Zullino e Reinaldo Rabello explicaram que ainda existe uma baixa aplicabilidade das criptomoedas, entre elas o Bitcoin, Cardano, Ethereum e outras, como meios de pagamento, e são utilizadas na atualidade para especulação quanto à valorização no futuro. Para ampliar o uso, Zullino ressalta que é preciso que os governos incentivem, por exemplo, com a aceitação de pagamentos de tributos com criptomoedas.
Durante o painel, os empreendedores também apontaram características para o futuro das criptomoedas como:
– Coexistência com o Real;
– Bitcoin como alternativa para dar segurança ao mercado;
– Uso atual como ativo de reserva e no futuro para documentação.
Assista ao painel “Criptomoedas no Dia a Dia: Impactos e Perspectivas” do Fintech Trends 2024.
Para encerrar a sessão de conteúdos sobre inovações tecnológicas e aplicações em tokenização, Alexandre Adoglio, fundador e CEO da Sonica e a advogada Luciana Simões participaram de painel sobre uma nova era de investimentos, mediado por Valder Zacarkim, diretor da Vertical AgTech da ACATE e CEO da FazendaCheia.
Durante as discussões, Luciana Simões fez o lançamento do e-book “Guia de Tokenização de Ativos Virtuais” que tem o objetivo de orientar sobre os princípios, práticas e oportunidades do uso da digitalização de ativos em blockchain. Ela define que o guia faz parte de um posicionamento do escritório de advocacia que visa educar o mercado sobre fundamentos econômicos que embasam a escolha de um negócio para realizar a tokenização.
Além do âmbito das empresas, Alexandre Adoglio trouxe a visão de como a tokenização vai impactar os consumidores. Para ele, “do ponto de vista do consumidor final, ele não vai reparar se está usando blockchain, PIX ou DREX. A vida dele vai melhorar e, no fundo, a maioria não vai nem perceber.”
📊 Open Finance e interoperabilidade: como criar valor
Os painéis que fecharam a série de conteúdos do Fintech Trends 2024 debateram sobre a criação de valor pelas tendências de Open Finance e interoperabilidade nos serviços financeiros.
Com foco em Open Finance, Micmas Alves de Carvalho, CSO da InfinityBase, Daniel Ladvanszky, co-fundador e CEO da Fluid, Paulo Valadares, CEO e cofundador da Akropoli participaram de painel com a mediação de Renan Schaefer, fundador e CEO da ExFin Advisory. Os painelistas elencaram as oportunidades de inovação e valores que empresas e instituições financeiras podem oferecer a clientes através da evolução do compartilhamento de dados no Open Finance, entre elas:
– Inteligência comercial em cobranças;
– Massificação de contas bancárias e aumento de competitividade;
– Super apps: aplicações que unificam ecossistema de instituições financeiras;
– Embedded Finance: pagamentos e antecipação de recebíveis através de ERP, além de benefícios para aumento de prazo para pagamento de fornecedores.
– Crédito: compartilhamento para ofertas de taxas de juros personalizadas; Visão de fluxo de caixa para alavancar a mesa de crédito e assertividade para identificar bons e maus pagadores;
– Hiper Personalização: possibilidades de ofertas customizadas para clientes de acordo com o perfil.
O último painel do Fintech Trends teve como foco a “Interoperabilidade e o futuro dos pagamentos”, com a participação de Rogerio Melfi, membro da ABFintechs, Jamile Leão, head de Open Finance na Capgemini, Elder Nakashima, especialista em Pesquisa e Inovação do Banco Bradesco, e a mediação de Ricardo Toledo diretor da Vertical Fintech da ACATE.
A interoperabilidade significa a integração de organizações provedoras de serviços financeiros, ou seja, entre bancos, fintechs e demais instituições. O relacionamento entre os diferentes players permite uma melhor comunicação e compartilhamento seguro de dados. Para Rogério Melfi, a interoperabilidade na prática também significa padronização, por exemplo, nos diferentes meios de pagamento, desde as formas de transferências DOC e TED, até às mais recentes, como o PIX e o futuro Drex. Ele acrescenta que a moeda digital projetada pelo Banco Central vai também gerar possibilidades de transações internacionais.
Assista ao painel “Interoperabilidade e o futuro dos pagamentos” neste link.
Vertical Fintech da ACATE
A Vertical FinTech é composta por mais de 90 empresas de tecnologia para o setor financeiro, um dos mercados que mais geram inovação para empresas e consumidores no mundo.
O grupo de empresas reúne serviços e soluções disruptivas para o mercado de pagamentos, o setor bancário e a gestão do dinheiro, incluindo meios de pagamento, mercado de seguros, soluções blockchain, análise de dados, além de aceleradoras, companhias públicas e privadas e diversos outros negócios.
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