Graduadas do MIDI tecnológico devem crescer 63% em 2014
As graduadas do MIDI Tecnológico, incubadora gerida pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (ACATE) e mantida pelo Sebrae/SC, esperam para 2014 um aumento de receita de 63%, saltando de R$ 72,2 milhões para mais de R$ 118 milhões. Esse grupo também espera neste ano investir R$ 24,75 milhões em P&D, quase o dobro do total investido no ano anterior (quase R$ 14,5 milhões).
As graduadas do MIDI Tecnológico, incubadora gerida pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (ACATE) e mantida pelo Sebrae/SC, esperam para 2014 um aumento de receita de 63%, saltando de R$ 72,2 milhões para mais de R$ 118 milhões. Esse grupo também espera neste ano investir R$ 24,75 milhões em P&D, quase o dobro do total investido no ano anterior (quase R$ 14,5 milhões). Já as empresas ainda em desenvolvimento, que contam com 126 colaboradores, esperam um aumento de mais de 100% na receita, fechando 2014 com quase R$ 13 milhões. Os números representam o total informado por 19 empresas incubadas e de 32 das 73 empresas graduadas no MIDI Tecnológico.
Apesar dos dados da pesquisa serem animadores, o coordenador geral do MIDI Tecnológico, Gabriel Sant'Ana Palma Santos, em entrevista ao Portal ABES, destaca as dificuldades e os desafios de uma incubadora para apoiar modelos de negócios economicamente sustentáveis e promover o desenvolvimento de novas empresas.
– Quais são os principais desafios para a gestão de uma incubadora?
Um dos grandes desafios enfrentados pelas incubadoras é a implementação de um modelo econômico sustentável. Consolidar um programa de incubação permanente, com programas, cursos, eventos, consultorias e suporte de alto nível implica custos consideráveis. Outro grande desafio é a necessidade de a incubadora se adaptar continuamente a dois fatores: a) à velocidade e à dinâmica dos mercados e tecnologias, que exigem das incubadoras um contínuo aprimoramento de seus processos e apoio, a fim de acompanhar e fomentar o desenvolvimento das empresas incubadas e; b) à necessidade de oferecer um amplo programa de incubação e oferecer suporte a diversas empresas, ao mesmo tempo em que as necessidades e demandas são particulares e individuais. Oferecer o remédio correto, na dose e no tempo certo a cada empresa incubada é um grande desafio.
– Quais são as condições que favorecem o desenvolvimento de empresas incubadas?
Participar de um processo de incubação significa estar inserido em um ambiente propício para o compartilhamento de conhecimento, trocas de experiências, criação de networking de alto nível, aproximação com investidores, participação em cursos, eventos, palestras, missões empresariais, programas de capacitação, consultorias, espaço físico adequado, entre muitos outros benefícios. O amadurecimento e o aprendizado com os erros e acertos são muito potencializados no âmbito de uma incubadora, que se preocupa tanto com o desenvolvimento da empresa, como com o crescimento dos próprios empreendedores.
– Quais sãos os fatores que ainda precisam ser melhorados para o desenvolvimento dessas empresas?
Para garantir maior sucesso no processo de incubação, é primordial que a incubadora possua uma metodologia bem definida de avaliação e realize o acompanhamento constante das empresas, a fim de que haja uma condução de forma mais assertiva nas ações relacionadas aos processos de gestão: estratégia, modelo de negócio e gestão de projetos, financeiro, clientes, comercial e marketing, serviços, inovação, produtos, infraestrutura e pessoas. As empresas incubadas, por sua vez, tem o desafio de aliar seus esforços tanto para o desenvolvimento do seu produto ou serviço quanto para a implantação ou aprimoramento dos seus processos de gestão.
– Como garantir a sobrevida de uma empresa graduada?
Para que uma empresa torne-se graduada normalmente são analisados alguns aspectos relacionados à consolidação do negócio, tais como os indicadores de ordem financeira, maturidade dos produtos ou serviços desenvolvidos, posicionamento no mercado, maturidade dos sócios e dos processos de gestão. Desta forma, pode-se prever um maior preparo para a competição nos mercados nacionais e internacionais e a existência de uma ampla rede de contatos. No entanto, não há como garantir o sucesso a longo prazo de cada empresa. Esse fator estará mais condicionado aos fatores de mercado e à capacidade de gestão dos sócios, do que propriamente pela incubadora ou pela tecnologia desenvolvida.
– Quais os empecilhos e as facilidades na captação de recursos (públicos e privados)?
As pequenas empresas normalmente possuem dificuldades para: a elaboração (escrita) dos projetos para a captação de recursos; a capacidade de oferecer contrapartida financeira; a comprovação de experiência e maturidade; a mitigação dos riscos do negócio e o oferecimento de garantias reais, no caso dos financiamentos. Por outro lado, pode-se dizer que nunca houve tantos recursos à disposição das empresas no Brasil, sejam públicos, como editais e linhas de financiamento, como privados, por meio de bancos, investidores-anjo e fundos de investimento. Nesse segundo caso, a maior dificuldade é comprovar o potencial do negócio e cumprir as previsões e metas estabelecidas.
– Em relação a políticas públicas, o que ainda pode ser feito para fomentar a incubação de empresas?
É necessário que o governo apoie e perceba a importância das incubadoras como agentes de apoio a novos negócios e como agentes transformadores e impulsionadores do segmento de tecnologia e inovação, fomentando a geração de empresas inovadoras e competitivas. Uma alternativa para melhorar esse cenário seria estimular parcerias estratégicas, por meio de programas e editais para fomentar a inovação a fim de promover o desenvolvimento das startups.
As políticas públicas voltadas para às micro e pequenas empresas impactam diretamente no ciclo de vida do negócio, portanto, a carga tributária precisa ser simplificada e a burocracia para a obtenção dos recursos minimizada. Esta mudança permitirá incentivar a criação e a sobrevivência das empresas por mais tempo, impactando diretamente no desenvolvimento local e na geração de emprego e renda.
– Você poderia fazer uma comparação entre o ambiente de inovação no Brasil e no exterior? Onde o Brasil avançou nos últimos anos?
Cada país possui características próprias e modelos específicos adaptados aos seus mercados ou governo. Há países em que o processo de incubação está diretamente vinculado ao apoio financeiro dos órgãos públicos, de maneira que se oferece espaço físico e alguns benefícios específicos às empresas residentes, como no caso de diversos países latino-americanos. Em outros locais, como os Estados Unidos, a incubação é gerida pela iniciativa privada, que se preocupa com o retorno financeiro de cada empresa a curto prazo e normalmente acelera o prazo de incubação, a fim de gerar negócios rentáveis mais rapidamente. O Brasil caminha para um modelo misto entre o que se chama de aceleradora e o que conhecemos tradicionalmente como incubadora de empresas. Isso significa que o processo de incubação leva de 2 a 4 anos em média no qual as empresas começam em estágios pré-operacionais até conseguir testar e inserir os produtos ou serviços no mercado com relativo sucesso. Felizmente, percebe-se no Brasil, atualmente, uma cultura mais tolerante ao fracasso e um número crescente de investidores se aproximando das incubadoras e investindo nas startups brasileiras.
Fonte: Abes Software