Inovação nas MPEs é tema do primeiro dia de conferência
A programação do primeiro dia da 10ª Conferência Anpei de Inovação Tecnológica foi marcada pela apresentação de casos de sucesso e palestras sobre inovação nas Micro e Pequenas Empresas (MPEs). O diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Alberto dos Santos, e o presidente da Amata, Roberto Waack, finalizaram a programação da manhã com as palestras “Soluções inovadoras” e “Inovação sustentável em cooperação para MPEs”, respectivamente.
A programação do primeiro dia da 10ª Conferência Anpei de Inovação Tecnológica foi marcada pela apresentação de casos de sucesso e palestras sobre inovação nas Micro e Pequenas Empresas (MPEs). O diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Alberto dos Santos, e o presidente da Amata, Roberto Waack, finalizaram a programação da manhã com as palestras “Soluções inovadoras” e “Inovação sustentável em cooperação para MPEs”, respectivamente.
Em seu relato, o diretor do Sebrae destacou a importância de diferenciar conceitos como os de inovação e inovação tecnológica. “Quando falamos em inovação no cotidiano das empresas o conceito é percebido de forma controversa. Muitas vezes o empreendedor não se interessa pelo assunto porque o investimento lhe parece caro e desnecessário”, lembrou.
De acordo com Santos, o setor das pequenas empresas gera grande impacto na economia e, por isso, o desafio da inovação não pode ser considerado isoladamente, pois envolve, em primeiro plano, a economia brasileira. “O Brasil tem 50% de trabalhadores com carteira assinada nas pequenas e micro-empresas e identificamos mais de 400 mil classificadas como pequena empresa no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ)”.
Nos últimos anos, um dos principais desafios do Sebrae tem sido identificar as empresas que têm potencial de inovação. “Nesse universo relativamente grande temos produtos com possibilidade de mercado, pessoas talentosas, e para esses existem oportunidades. O que está em jogo é como promover a inserção do Brasil no exterior com bases sustentáveis, em uma economia que vai melhorando a partir da sustentabilidade”, afirmou.
Para o biólogo e também mestre em administração de empresas, Roberto Waack, a discussão em torno da inovação e sustentabilidade, que antes era liderada por Organizações Não-governamentais (ONGs) é, atualmente, tarefa das empresas. “A expectativa de ações já passou para as empresas. O espaço do mundo empresarial na América Latina é de onde se espera que surja a condução deste processo”.
Em sua apresentação, Waack divulgou dados internacionais, como a linha e as tendências em investimentos em sustentabilidade. “Eles (investidores) estão olhando muito para as micro empresas”, adiantou. Segundo o biólogo, o processo de sustentabilidade não se desenvolve sem levar em consideração questões como o desenvolvimento local fundamentalmente relacionadas ao meio ambiente. Waack destacou que o Brasil já é protagonista na discussão de sustentabilidade no planeta.
Na visão do presidente da Amata, as demandas do futuro, que garantirão o sucesso e prosperidade das empresas, estão relacionadas às áreas de gestão do espaço urbano, eco-construções e equipamentos ecoeficientes, mobilidade urbana, produtos florestais, planejamento do uso do solo, reciclagem e gestão de lixo, gestão ecoeficiente da água, entre outros.
O que se vislumbra no futuro, segundo o especialista, é que as cadeias de suprimento estejam relacionadas a sistemas biológicos. “No mundo natural não há restos; os detritos para uns são alimentos para outros. Para abrir oportunidades e demandas de inovação é preciso trabalhar na tentativa de copiar modelos biológicos de reciclagem total o tempo inteiro”, lembrou.
Saneabas e Sociesc apresentam caso de cooperação de sucesso para a inovação sustentável
A empresa Saneabas Plásticos e a Sociedade Educacional de Santa Catarina (Sociesc) são responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia sustentável que resultou na produção de abas de boné feitas de material reciclado.
A iniciativa, intitulada “Aba do boné sem memória de forma e posição”, foi uma entre as cinco contempladas em um edital do MCT/Finep/Sebrae, em 2005. “O mercado precisava de novas tecnologias para abas de boné, com vistas a fazer frente à exportação da China. Entre os desafios estavam aproveitar a matéria-prima reciclada para aumentar a competitividade”, disse Luiz Fernando Lemos, proprietário da Saneabas.
O projeto envolveu R$ 309 mil, sendo 50% do Sebrae e 50% da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A verba foi dividida entre as cinco empresas contempladas pela chamada pública. Entre as metas a cumprir estavam, além de fazer fente ao mercado de abas chinesas, buscar novos mercados (internos e externos) e repassar conhecimento para empresas intervenientes. A Sociesc, entidade civil de caráter educacional sem fins lucrativos responsável pela execução do projeto, montou um laboratório para as pesquisas em sua unidade de Curitiba.
De acordo com Gilberto Paulo, diretor da Sociesc, a parceria alcançou os melhores resultados do setor. “O fato de não ter memória significa que a aba do boné não volta à posição inicial. Caso o usuário inverta a aba e a deixe assim por um determinado tempo, conseguirá dar uma nova forma ao boné”. Segundo o palestrante, as pesquisas chegaram às características de um material que o cliente deseja.
Após a conclusão das pesquisas, a Saneabas passou a fabricar seus produtos com material 100% reciclável. “Produzir aba com plástico virgem sai até oito vezes mais caro quando comparado ao material reciclável”, lembrou Lemos. A Saneabas fica em Apucarana, no Paraná, que é considerada a capital dos bonés. A Sociesc possui laboratórios de plástico e tem cursos técnicos e curso de pós-graduação na área de desenvolvimento de produtos.
A primeira fase do projeto das abas recicladas envolveu a caraterização da matéria-prima utilizada no mercado e, em seguida, o objetivo foi desenvolver uma nova matéria prima para a produção sustentável. O trabalho envolveu também a caracterização do processo de fabricação de abas. Foi desenvolvido um processo de fabricação para o novo produto e, posteriormente, a tecnologia foi repassada às empresas intervenientes do setor. Por último, foram realizados testes e ensaios nos fabricantes de boné de Apucarana.
Casos de sucesso
Além da experiência da Saneabas/Sociesc, foram divulgados os projetos “Malha Ecochic”, desenvolvido em parceria pelo Senai-PR e a empresa de confecção Joyful, e o “Brazilian Berries”, do Senai-PR/Samalou Comércio de Frutas Finas, com vistas à viabilização industrial de amoras nativas brasileiras. Também foi relatado o caso da Hy Tecnologies, com o projeto “Tele-medicina remota pra o monitoramento de pacientes”. A 10ª Conferência Anpei acontece de 26 a 28 de abril no complexo da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em Curitiba.
Site Gestão C&T