Inovações tecnológicas são aliadas na busca pelo desenvolvimento sustentável
Até pouco tempo atrás, não era possível acreditar que o padrão de consumo poderia caminhar junto a uma política de desenvolvimento sustentável. Harmonizar o uso dos recursos naturais com a política de produção era tido por países desenvolvidos como carta fora do baralho. Em virtude deste conceito pré-estabelecido, um dos maiores prejudicados foi o planeta, que viu a poluição da atmosfera crescer e implicar no aumento da temperatura global.
Até pouco tempo atrás, não era possível acreditar que o padrão de consumo poderia caminhar junto a uma política de desenvolvimento sustentável. Harmonizar o uso dos recursos naturais com a política de produção era tido por países desenvolvidos como carta fora do baralho. Em virtude deste conceito pré-estabelecido, um dos maiores prejudicados foi o planeta, que viu a poluição da atmosfera crescer e implicar no aumento da temperatura global.
Nos últimos anos, no entanto, a preocupação com os rumos da Terra fez com que grandes potências econômicas, em cooperação com países emergentes, tentassem mais uma vez sentar à mesa e discutir políticas eficientes para o controle das mudanças climáticas. Atrás da decisão dos chefes de Estado, porém, está a percepção de uma sociedade mais crítica e munida de informações.
Nesta terça-feira (30), o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) apresentou uma pesquisa acerca da consulta feita a especialistas do setor da França, do Brasil e da Suécia sobre o “Padrão de Consumo para o Desenvolvimento Sustentável”. Na amosta, ficou evidenciado o papel estratégico que tem a inovação tecnológica para a construção de um mundo mais sustentável. Dentre as principais áreas onde a tecnologia tem papel importante, três tiveram maior destaque: mobilidade e transporte; alimentos e nutrição; e água e saneamento.
“No caso dos transportes e da mobilidade urbana, a tecnologia pode auxiliar para minimizar o uso de combustíveis fósseis, diminuindo os impactos que traz para o ambiente. Neste campo, muita coisa pode ser feita , desde a produção de veículos mais leves, mais eficientes no uso da energia, até da mudança do tipo de motorização, como a substituição por motores elétricos”, explicou o presidente do CGEE, Mariano Laplane.
Contudo, o dirigente ressalta que, além de uma mudança no setor produtivo, também é necessária a participação tanto do setor público, como a sociedade civil, para que haja uma mudança cultural.
“Parte da preocupação tem a ver com a mudança do padrão de consumo. A substituição do veículo individual, da mobilidade individual, por sistemas de transporte coletivo, que seguramente teriam um impacto muito positivo, particularmente para grandes cidades como as nossas do Brasil, que têm sistemas deficientes de transporte público”, enfatizou Laplane.
No que se refere aos alimentos, o presidente do CGEE explicou que a tecnologia também é uma aliada. A produção de alimentos é uma das principais atividades da economia brasileira. É também a responsável pelo uso excessivo dos recursos hídricos, além de ser um dos setores que mais emite gases do efeito estufa, muito em virtude da utilização de defensivos agrícolas e fertilizantes.
“Temos que produzir alimentos com qualidade e em quantidade, comprometendo menos o estoque de recursos naturais do Planeta. Isto que me parece que seja a leitura das preocupações dos especialistas consultados nos vários países”, disse.
Aspecto socioeconômicos
A mudança de postura da população, em especial no consumo de produtos ditos sustentáveis, não passa apenas pelo conceito de educação sustentável. Em geral, o preço médio destes ítens é muito mais caro e dificulta a sua aquisição. Em países como o Brasil, em que o poder de compra do cidadão não é tão alto, praticamente não há escolha.
“Quando você fala das visões de consumo em um país de renda média ou baixa, o principal condicionante de consumo é a renda disponível do indivíduo ou da sua família. Com isso, preocupações com questões qualitativas, inclusive da sustentabilidade, não são tão analisadas. Consumo é uma coisa muito condicionada por disponibilidade de recursos”, explicou Mariano Laplane.
Apesar disso, destacou o presidente do CGEE, a preocupação da sustentabilidade ambiental e da saúde é muito grande entre a população local. “Recentemente, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação [MCTI] nos encomendou uma pesquisa para tentar captar a percepção que o brasileiro tem para importância da CT&I. E entre uma das muitas questões que uma amostra extratificada registrou, é que o brasileiro julga as atividades do setor como positivas em virtude de associar o conhecimento à qualidade de vida”.
Pesquisa
Esta não foi a primeira vez que o CGEE elaborou uma pesquisa sobre “Padrão de Consumo para o Desenvolvimento Sustentável”. Pouco antes da Rio+20, o órgão havia divulgado a amostra da primeira pesquisa desse tipo.
Segundo Laplane, a amostra tem dois objetivos centrais. O primeiro deles é gerar indicadores de um campo pouco conhecido. O segundo deles é utilizar estes dados para aprimoramentos de políticas públicas e contrução de acordos multilaterais.
(Leandro Duarte, da Agência Gestão CT&I)