Instituto elabora mapa da inovação do setor eletroeletrônico
O mapa da inovação pode servir de base também para a estruturação da segunda edição do Encontro Nacional de Inovação em Componentes e Equipamentos Eletroeletrônicos (Enicee), que o IPD Eletron vai promover no dia 5 de junho de 2009. O evento, um espaço de discussão onde profissionais de pesquisa e desenvolvimento debatem problemas setoriais específicos, questões operacionais e novas tecnologias, entre outros assuntos, também vai contribuir para a consolidação do estudo, que deve ser atualizado permanentemente.
No questionário são abordados assuntos como o percentual do faturamento investido pela empresa em P&D; mecanismos de vigilância tecnológica; análise de programas voltados para o fomento à P&D; necessidades da empresa quanto ao desenvolvimento de matérias-primas, componentes, dispositivos, novos produtos ou processos produtivos; demanda por laboratórios de ensaios e testes; utilização de linhas de crédito, programas oficiais para o estímulo ao desenvolvimento tecnológico ou benefícios fiscais para empresas inovadoras; principais fontes de aquisição de conhecimentos técnicos; patentes; qualificação de mão-de-obra; exportações e aumento da competitividade, além de temas técnicos específicos do complexo eletroeletrônico.
Pintec
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza, de dois em dois anos, a Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), que em 2009 terá sua quarta edição publicada. Embora a Pintec seja descrita como um retrato da inovação no País, não oferece subsídios suficientes para o planejamento de políticas setoriais de desenvolvimento tecnológico, segundo Nicolsky. "Além de não abordar aspectos específicos como um mapa setorial detalhado pode fazer, a Pintec ainda traz um grave equívoco conceitual ao confundir modernização com inovação", alerta.
O IBGE considera empresas com atividades inovativas todas aquelas que implementaram produtos ou processos tecnologicamente novos ou substancialmente aprimorados. O conceito inclui a aquisição de máquinas e equipamentos entre as atividades inovativas de uma empresa, o que, na opinião do diretor da PROTEC prejudica a compreensão dos resultados da pesquisa, já que a aquisição de novas máquinas refletiria um processo de modernização da empresa, e não de inovação tecnológica propriamente dita.
No Brasil, a maior parte das inovações ocorre em relação à própria empresa, e não em relação ao mercado. Isso significa que a empresa pode ser considerada inovadora porque lançou um produto que ainda não fabricava ou inaugurou um novo processo, que são novidades apenas em relação ao próprio negócio, mas já existiam anteriormente no mercado nacional ou mundial. Segundo Nicolsky, a diferenciação entre uma empresa que apenas se moderniza e outra que inova pode ser sutil. Enquanto uma compra tecnologia e lança o produto que antes não fabricava, a outra, caso desenvolva a mesma tecnologia, mesmo que já existente, vai aprender com isso e acumular competência. "Esse é o caso da Embraer, por exemplo. Os aviões dela têm tudo o que outros têm, mas ela aprendeu a desenvolver tecnologia, acumulou competência e hoje tem autonomia para inovar", explica. No caso das empresas que se modernizaram através da simples aquisição de equipamentos, este aprendizado não acontece. "A Pintec retrata com riqueza de detalhes o estágio tecnológico do Brasil. Podemos concluir que o País vem apenas acompanhando a tecnologia lançada no exterior", afirma Nicolsky.
De acordo com dados da última pesquisa, publicada em 2007, das cerca de 90 mil empresas pesquisadas no setor industrial, 28,5% se modernizaram, 4,6% desenvolveram produtos ou processos que, mesmo existindo em outros lugares, ainda não existiam no Brasil, e somente 0,3% inovaram a nível mundial. Tomando como base os critérios utilizados pelo IBGE, a imprensa, à época, divulgou que um terço das indústrias do País eram inovadoras. "Se o objetivo do instituto é fornecer dados para serem utilizados por empresas, associações de classe e pelo Governo para fazer análises de mercado e elaborar e avaliar políticas públicas, então é fundamental separar modernização de inovação", ressalta Nicolsky, destacando que 28,5% das indústrias, na verdade, apenas incorporaram equipamentos mais modernos ao seu negócio e assim passaram a fabricar produtos que não fabricavam antes.
"Uma padaria com mais de dez funcionários, por exemplo, que tinha um forno antigo e só fazia pão francês, quando investe na compra de um forno mais moderno e passa a produzir também pão de forma, está dentro desse um terço que inovou, segundo a pesquisa do IBGE. Ora, isto não é inovação. A padaria se modernizou, o que é bom, aumentou sua competitividade, mas para o mercado nacional, não há diferença. A inovação ocorreu apenas para a própria empresa", sublinha o diretor da PROTEC. Esta diferenciação é fundamental, segundo ele, porque em certos casos, como em relação à balança comercial, por exemplo, as ações têm resultados contrários, já que em um processo de modernização a empresa importa máquinas e no caso do desenvolvimento de uma inovação a empresa pode exportar seu produto.
Para Nicolsky, a estruturação de informações setoriais específicas e detalhadas sobre inovação tecnológica é a cada dia mais importante para subsidiar ações de entidades tecnológicas, associações setoriais e do Governo. "Esperamos que a iniciativa da Abinee, com a pesquisa do IPD Eletron, possa servir de inspiração para outras entidades formularem mapas setoriais e definirem suas estratégias de promoção da inovação tecnológica", finaliza.