Investimento em pesquisa cresce 10% ao ano no Brasil
Brasil é um dos países em que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento mais crescem no mundo, afirma o Conselho de Ciência e Engenharia dos Estados Unidos, que acaba de soltar o seu relatório bianual, considerado um dos mais importantes guias para a formulação das políticas públicas americanas na área.
Brasil é um dos países em que os investimentos em pesquisa e desenvolvimento mais crescem no mundo, afirma o Conselho de Ciência e Engenharia dos Estados Unidos, que acaba de soltar o seu relatório bianual, considerado um dos mais importantes guias para a formulação das políticas públicas americanas na área.
O foco central do relatório são os Estados Unidos, mas, quando são feitas comparações internacionais, o Brasil aparece bem algumas vezes, como na expansão nos investimento em pesquisa, calculada em 10% anuais. O destaque entre os emergentes, porém, é a China, com uma taxa de crescimento da ordem de 20%. O desempenho brasileiro também é positivo no número de publicações de artigos em revistas acadêmicas internacionais. “Ciência e tecnologia não são mais uma província das nações desenvolvidas”, conclui o relatório. “Elas se tornaram mais democráticas”.
Os investimentos mundiais em ciência em tecnologia são calculados em US$ 1,1 trilhão em 2007, ano mais recente com dados disponíveis, o que equivale ao dobro dos US$ 525 bilhões observados em 1996. “A cada 11 anos, os investimentos em pesquisa e desenvolvimentos duplicam”, afirma o relatório. O Brasil tem apenas uma fração desse valor, com investimentos calculados em US$ 13 bilhões em 2006. Os Estados Unidos mantêm a dianteira no ranking de investimentos, com US$ 369 bilhões; o Japão vem em seguida; com US$ 148 bilhões; e, na terceira posição, aparece a China, com US$ 102 bilhões.
Os dados sobre investimento em pesquisa são coletados pela OCDE, o clube dos países ricos, e incluem apenas os seus membros e alguns países selecionados. O Brasil, que não é sócio da OCDE, não está nas estatísticas. Mas o relatório usa dados coletados pela Unesco, organismo das Nações Unidas para cultura e educação, para mostrar que o Brasil está se tornando mais importante na área de pesquisa e desenvolvimento.
“Índia e Brasil estão entre os países com o melhor desempenho, ainda que não façam parte das estatísticas oficiais”, afirma o relatório, que diz que os dois países dobraram o volume de investimentos desde meados de 1990. “Brasil e a Índia estão entre os 15 maiores países que mais investem em pesquisa e desenvolvimento”.
Apesar de seu rápido crescimento, a China ainda tem uma relação entre investimento e o Produto Interno Bruto (PIB) relativamente pequena, de apenas 1,49%. Especialistas costumam citar como nível desejável percentuais acima de 3% do PIB, diz o conselho americano de ciência e tecnologia . Os Estados Unidos estão muito próximos disso (2,69%) e o Japão supera esse percentual (3,44%). O relatório não calcula o percentual do Brasil.
As empresas privadas respondem pela maior parte dos investimentos em ciência e tecnologia. Nos Estados Unidos, sua participação é de 72%. As empresas multinacionais americanas investiram US$ 31,1 bilhões em pesquisas em tecnologia fora dos Estados Unidos em 2006. A Alemanha é o país que mais recebe investimentos das multinacionais americanas, com US$ 4,919 bilhões. O Brasil recebeu US$ 571 milhões em investimentos em pesquisa das multinacionais americanas, à frente da Índia (US$ 310 milhões), mas atrás da China (US$ 804 milhões).
A maior parte dos investimentos de multinacionais americanas no Brasil vai para o setor de transportes e equipamentos, no qual está a indústria automobilística, com 53% dos investimentos. Depois vêm o setor químico (24%) e indústria de máquinas (8,4%).
O Brasil teve, em 2007, 11.885 artigos publicados em revistas acadêmicas, bem acima dos 3.436 de 1995. “O Brasil teve a maior taxa de crescimento na América Latina entre os países que produzem mais de mil artigos por ano, com crescimento de 10,9%, seguido de México (6,7%), Chile (5,8%) e Argentina (4,8%)”, diz o relatório.
Os brasileiros também têm, cada vez mais, escrito artigos em conjunto com argentinos. Normalmente, pesquisadores de países emergentes se associam a pesquisadores de países desenvolvidos, onde a infraestrutura de pesquisa costuma ser melhor. Mas o relatório do comitê americano de ciência e engenharia identifica uma tendência crescente de colaborações entre países vizinhos.
No relatório é calculado um índice de colaborações de artigos entre pesquisadores de diferentes países. Valores abaixo de 1 significam colaboração pequena. Os EUA e o Brasil têm um indicador conjunto de 0,88, enquanto os americanos têm um indicador de 1,03 com o México. Valores acima de 1 significam forte colaboração. Brasil e Argentina têm índice de 5,32, o maior do mundo.
Valor Econômico