Jornais do interior destacam atuação da ACATE
Em entrevista à coluna Pelo Estado, da Associação dos Diários do Interior de Santa Catarina (ADI-SC), o presidente da ACATE, Rui Luiz Gonçalves, fala sobre o perfil inovador de Santa Catarina. A coluna foi publicada nesta segunda-feira, dia 21 de junho, nos jornais associados à ADI-SC, cerca de 30 em todo o Estado.
Lei a entrevista completa:
“Somos um Estado inovador, que usa mal os incentivos da lei”
Em entrevista à coluna Pelo Estado, da Associação dos Diários do Interior de Santa Catarina (ADI-SC), o presidente da ACATE, Rui Luiz Gonçalves, fala sobre o perfil inovador de Santa Catarina. A coluna foi publicada nesta segunda-feira, dia 21 de junho, nos jornais associados à ADI-SC, cerca de 30 em todo o Estado.
Lei a entrevista completa:
“Somos um Estado inovador, que usa mal os incentivos da lei”
RUI LUIZ GONÇALVES preside a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) desde 2008, com mandato recém renovado por mais dois anos. FORMADO em Ciências da Computação e pós-graduado em Gestão Empresarial pela UFSC, é sócio-diretor da Alto QI, que produz softwares para engenharia. ORGULHA-SE de ser “pãe” de João Henrique, 11 anos, seu parceiro e colaborador inclusive nas experiências no mundo digital.
[Pelo Estado] – Qual foi o presente que comprou para seu filho?
RUI LUIZ GONÇALVES – Uma linha de colar na parede ou na geladeira, com laser.
[PE] – Bem tecnológico?
RUI – É, ele gostou bastante. E merece: tirou duas notas 9, quatro 9,5 e seis 10. É ‘CDFzinho’, um menino incluído digitalmente. Aprende tudo pelo youtube.
[PE] – Na área tecnológica, há muito a se aprender com as crianças?
RUI – Não é que temos de aprender com as crianças. As crianças estão descobrindo os seus caminhos de aprendizado. Há dificuldades das escolas em acompanhar novos mecanismos de aprendizado. Por exemplo, meu filho teve algumas aulas de flauta doce no colégio. Hoje, toca muito bem, mas foi pelo youtube que desenvolveu. É onde aprende a fazer joguinhos, mágica, origami. Esse menino, como todos os outros, será consumidor daqui a uns cinco ou 10 anos. Não vai buscar mais nada para comprar sem antes fazer uma experiência na Internet. Então, o uso das mídias digitais e sociais já não é mais uma alternativa, mas uma obrigação da empresa que quiser permanecer viva no futuro.
[PE] – A Acate trabalha para interiorizar os polos tecnológicos em Santa Catarina.
RUI – A inovação tecnológica pode existir em todas as áreas. É a capacidade de aplicar um conhecimento científico a determinado produto que a sociedade demanda. É um negócio que funciona, que dá resultado: alguém vende e alguém compra. Não é inventividade, mas produzir algo que funcione, aplicando uma tecnologia. O que temos feito é democratizar um pouco o conceito de inovação. Por exemplo: como faço inovação se eu produzo sal? Como faço, se vendo frutos do mar? É usar uma tecnologia que permita agregar valor ao produto ou para ser mais competitivo no mercado.
[PE] – Nesse sentido, o padrão catarinense de inovação já é bem distribuído?
RUI – É, exatamente. Somos um Estado por natureza inovador, mas que está usando muito mal os incentivos da Lei de Inovação de 2005. A legislação permite aplicar dinheiro com juros subsidiados, dinheiro de subvenção econômica que o governo banca sem reembolso. Esse dinheiro normalmente vem da interação de uma empresa tecnológica com uma empresa tradicional e uma universidade. Por falta de articulação, a inovação não está chegando na micro e na pequena empresa que são a grande maioria em nossa economia. A universidade não procura a pequena e microempresa para fazer inovação. Quem procura a universidade são as grandes empresas. Então a Acate está tentando criar núcleos de inovação tecnológica em parceria com as associações empresariais locais. Estamos fazendo em Jaraguá, Criciúma e Lages junto com as associações comerciais e industriais e com a Fiesc. Porque lá, as empresas já se reúnem. A ideia é só criar um núcleo dentro delas que comece a pensar e que, de preferência, inclua as universidades locais, quando existem, para fazer parceria e desenvolver as empresas. Essas universidades também têm dificuldades para manter seus professores, mestres e doutores. Se não criarem uma prestação de serviços comunitários, de forma que consigam transferir inovação às empresas, não vão conseguir manter pesquisadores.
[PE] – Quais os exemplos de cooperação?
RUI – A Acate desenvolveu um modelo de verticais, de energia, de segurança, etc., para organizar as 300 empresas associadas em grupos de negócios afins, onde o mercado alvo é o mesmo. Estamos criando uma vertical do setor têxtil, por exemplo. Blumenau, Jaraguá e Joinville têm grandes empresas de tecnologia com atuação regional, se conseguirmos reuni-las, poderemos criar um arranjo de referência para o Brasil e exterior. Cada vez mais, o mercado quer comprar soluções integradas, corporativas, não quer ter 10 fornecedores diferentes.
[PE] – O arranjo do ‘vale do silício’ na Capital ainda é o de excelência?
RUI – Se considerar que até 80% dos mestres e doutores do Estado estão em Florianópolis, a inovação tecnológica tem uma tendência a se concentrar aqui. Temos em torno de 550 empresas de tecnologia, só em Florianópolis, com um PIB em 2009 de R$ 1,25 bilhão. O PIB de turismo declarado à prefeitura foi de R$ 240 milhões. Pelo que se vê, já não é mais a capital turística, mas a capital da inovação. Quando se tem uma marca, uma imagem, ganha-se crédito internacional. Quando se vende tecnologia, um dos principais atributos é confiança: se é de Santa Catarina, então é bom. Não é só Florianópolis que ganha, ganha o Estado inteiro. Cria-se um selo de qualidade catarinense. Hoje, no País, perdemos apenas para São Paulo. No setor de tecnologia da informação e comunicação, por exemplo, produzimos 50% da que eles produzem e olha só o tamanho deles, 20 vezes maior. Somos o segundo maior tomador de dinheiro do Finep e temos o maior polo organizado do Brasil. O governo tem nos apoiado bastante, através da Fapesc. Inclusive, fizemos um fórum com 14 entidades de tecnologia do Estado e construímos uma pauta aos candidatos, de apoio às incubadoras, aos parques tecnológicos e para que o governo continue aportando os 2% constitucionais para incentivo à pesquisa e inovação.
Adriana Baldissarelli