Jornal da Globo: Empresas procuram mão de obra na área de tecnologia da informação
Um computador desacompanhado, mais um, outro.
Um computador desacompanhado, mais um, outro. Uma empresa procura por 200 profissionais em tecnologia da informação e não encontra. O salário pode chegar a R$ 15 mil para engenheiros da computação e gerentes de projeto.
Está tão difícil preencher essas vagas que a empresa abriu um escritório dentro de uma faculdade para atrair estagiários e recém-formados, criou um programa de treinamento pra formar mão-de-obra e, olha só, dá até prêmio para os funcionários quando eles indicam algum parente ou amigo para trabalhar.
Se o indicado é contratado, o funcionário ganha um vale-compras de R$ 200 e a gratidão do amigo. “Olha, até que ele merece receber uma cervejinha”, brinca o analista de sistemas, Renato Tavares
Renato ficou desempregado e, uma semana depois, já estava trabalhando na empresa, graças ao André, que também emplacou um outro amigo. “Eu ganhei dois vales em um valor de R$ 400”.
Por causa da falta de funcionários, a empresa deixa de ganhar cerca de R$ 3 milhões por mês, segundo o presidente da companhia, Benjamin Quadros.
“Hoje a nossa empresa forma muito mais gente do que formava cinco anos atrás. A cada ano que passa, o nosso negócio se torna muito mais de formação de gente do que seleção de pessoas”.
Uma pesquisa com as empresas de tecnologia da informação, ou TI como são conhecidas, mostra que 86% delas estão precisando de programadores; 50% de analistas de sistemas; 34% de técnicos de suporte, o chamado help-desk.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas, até 2014, haverá um déficit de 800 mil vagas no setor. “Nós não temos gente se formando, em volume que essa demanda apresenta hoje”, afirma o professor da FGV, Fernando Meirelles.
A Associação Brasileira das Empresas de TI, diz que representa as indústrias de tecnologia da informação, diz que também é preciso alinhar o ensino ao mercado.
“Há uma defasagem tecnológica entre os profissionais que são formados e a tecnologia que é aplicada no mercado. Então precisa haver essa sintonia fina entre universidades, centros formadores de mão de obra e as necessidades das empresas”, afirma o diretor da Associação, Sérgio Sgobbi.
Fábio Turci – Jornal da Globo