Jovens trabalhadores estão mais dispostos a mudar de país
Trabalhadores no mundo todo estão cada vez mais intencionados a buscar um emprego melhor fora do seu país, principalmente os mais jovens, conforme aponta um estudo global da GfK, 4ª maior empresa de pesquisa de mercado no Brasil e 4º maior grupo mundial do setor.
Trabalhadores no mundo todo estão cada vez mais intencionados a buscar um emprego melhor fora do seu país, principalmente os mais jovens, conforme aponta um estudo global da GfK, 4ª maior empresa de pesquisa de mercado no Brasil e 4º maior grupo mundial do setor.
O estudo detectou que, globalmente, 27% da força de trabalho está disposta a mudar para outro país. Entre os trabalhadores dos 18 aos 29 anos, o índice sobre para 41%. A pretensão também é maior para aqueles com pós-graduação, 37%, e cai para 32% entre aqueles que têm graduação e para 22% dos trabalhadores que têm o Ensino Médio.
Diante disso, verifica-se um cenário bastante preocupante para as empresas e países que ainda se recuperam da recessão e podem vir a se tornar “cidades-fantasmas” do emprego.
Para Daniela Salles, Diretora da Unidade de Satisfação e Lealdade da GfK Brasil, a pesquisa indica um risco de “fuga de inteligência” no próximo ano e isso pode representar problemas significativos para as empresas e também para países que estão tentando sair da crise.
“Tanto profissionais de cargos mais operacionais quanto os diretores de empresas têm se mostrado dispostos a procurar emprego fora do país. E o número aumenta entre os que têm nível de escolaridade mais elevado”, avalia Daniela.
Não é surpresa que a América Central e a do Sul serão as regiões que mais vão enviar mão de obra para os países em retomada de crescimento. Aproximadamente seis em cada 10 trabalhadores mexicanos (57%), 52% da Colômbia, 41% do Brasil e 38% do Peru estão prontos para cruzar a fronteira em busca de melhores oportunidades de carreira.
Mas essa tendência não se limita a países em desenvolvimento e inclui outros países como: Turquia (46%), Hungria (33%), Rússia (29%), Portugal e Reino Unido (27%).
Mesmo o Canadá e os EUA – países tradicionalmente conhecidos pelos relativos desinteresses de seus trabalhadores em morar fora – encaram 20% e 21% de sua força de trabalho dizendo que está pronta para mudar de seu país para encontrar uma melhor recolocação.
Fuga de inteligência
A GfK International Employee Engagement Survey identificou ainda que, assim como os países precisam se proteger contra a “fuga de inteligência” para além da fronteira, há um alerta também para as empresas, já que na média global mais de um em cada quatro trabalhadores tem a pretensão de deixar seu emprego dentro de 12 meses.
A pesquisa revela que 35% estão ativamente procurando por um novo trabalho e 18% querem mudar de emprego nos próximos seis meses. Apenas 8% dos trabalhadores dizem que vão esperar a economia se estabilizar.
No Brasil, a situação é mais otimista, com apenas 15% dos trabalhadores procurando ativamente outro trabalho, e apenas 5% que pretendem mudar nos próximos seis meses. Já no outro extremo da escala, a situação parece particularmente preocupante para Colômbia e os EUA, onde quase metade (55% e 47%, respectivamente) de seus trabalhadores estão em busca de outra colocação profissional.
Daniela Salles avalia o cenário e afirma que os resultados destacam como o mercado de trabalho tem se tornado globalizado e fluido em alguns países. “A verdade é que, para muitos empregadores, mudar de país é não menos assustador do que mudar de empresa. Por isso, as empresas devem procurar recrutar, engajar e reter o seu melhor quadro de pessoal para competir, não apenas com empresas rivais em seu próprio país ou mercado, mas ao redor do mundo.”
Comprometimento
O estudo apontou ainda falta de comprometimento de jovens trabalhadores no mundo todo. A análise destaca que isso é resultado da pressão a que eles têm sido submetidos nas empresas ou organizações.
Ao analisar os dados da pesquisa entre os 29 países participantes, alguns deles encaram um problema mais severo com relação ao nível de comprometimento do seu quadro de jovens funcionários.
Na Macedônia, na França e na Turquia, cerca de 1/3 dos trabalhadores que têm entre 18 e 29 anos estão altamente engajados, indicando uma situação razoavelmente estável e produtiva para as empresas. No Brasil, o índice de comprometimento nessa faixa etária é de 20%, deixando o país na 7ª posição e a frente de países como Portugal, Alemanha, Reino Unido e Bélgica.
Em nível global, comparando as faixas etárias de maior e menor idade, apenas 21% dos que têm entre 18 e 29 anos estão bastante comprometidos com seus empregadores, enquanto que para os entrevistados com idades acima dos 60 anos o índice sobre para 31%.
No Brasil, 20% dos jovens entre 18 e 29 anos estão altamente comprometidos, enquanto que nas faixas etárias mais altas (50 a 59 anos) o índice é bem superior: 37%. Esta grande diferença no nível de comprometimento entre os jovens “que põem a mão na massa” e aqueles que provavelmente estão em posições mais seniores representam um verdadeiro problema para as empresas no mundo. Além disso, podem criar divisões no local de trabalho, ressentimento entre gerações e dificultar os esforços de recrutamento, de retenção e de motivação de jovens talentos.
Embora 61% dos jovens trabalhadores acreditem que há oportunidades de carreira para eles, muitos acham que só vão encontrá-las em outro lugar – ou em outro país. Seis em cada 10 jovens trabalhadores (58%) estão procurando por um emprego ou estarão nos próximos seis meses e 41% estão dispostos a emigrar para encontrar um novo trabalho.
No Brasil, 77% dos entrevistados acham que há oportunidades disponíveis para eles no mercado, 28% estão ou estarão procurando por um novo emprego nos próximos seis meses e 53% mudariam para outro país em busca de um emprego melhor. Além disso, 55% considerariam trocar de carreira.
“É crucial, portanto, para empresas e países encarar e resolver as causas da falta de comprometimento de sua jovem força de trabalho”, ressalta Daniela Salles.
Embora os jovens trabalhadores sejam mais provavelmente livres de maiores responsabilidades no trabalho, uma grande porcentagem deles está “frequentemente” ou “quase sempre” preocupada com o equilíbrio entre sua vida profissional e pessoal, com a pressão para trabalhar longas jornadas e com a saúde pessoal.
Pressões de trabalho
A pesquisa da GfK constatou também que em alguns países pressões de trabalho estão afetando o bem-estar da geração mais jovem de trabalhadores e que a recessão teve impacto negativo nas aspirações de muitos. 37% deles foram forçados a aceitar um trabalho com o qual estão infelizes por causa da economia.
Entre os brasileiros a porcentagem de jovens nessa situação é bem mais baixa (27%). “Isso reflete bem a situação econômica favorável do Brasil nos últimos anos, com um mercado de trabalho bastante aquecido”, avalia Daniela Salles.
Outro ponto revelado pela pesquisa é que 40% estão frequentemente estressados no trabalho – uma alta porcentagem em comparação com outras idades. O índice também é alto entre os brasileiros. 53% deles afirmam estar “frequentemente” ou “quase sempre” estressados no trabalho.
Além disso, 31% do quadro jovem de funcionários das empresas se sentem pressionados para trabalhar por muitas horas. No Brasil, esta porcentagem é de 42%. Como resultado dos problemas acima, 39% estão infelizes com o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal – novamente a mais alta porcentagem de todas as faixas etárias. O índice é ainda mais alto no Brasil, com 59% dos brasileiros demonstrando “frequentemente” ou “quase sempre” esse sentimento.
A pesquisa
A GfK International Employee Engagement Survey foi realizada internacionalmente pela GfK. Ela inclui as opiniões de 30.556 adultos, que trabalham em 29 países e foram entrevistados entre 8 de fevereiro e 4 de abril de 2011, usando os seguintes meios: online, telefone, pessoal ou alguma outra técnica de entrevista adequada para o país.