Kyte, app que cria loja virtual no celular, recebe R$ 5,5 milhões para ampliar participação global
Conquistar clientes além das fronteiras do Brasil e da América do Sul é um desafio que muitas startups costumam enfrentar somente depois de dominarem o território nacional – é só ver a trajetória das mais bem sucedidas empresas de tecnologia de Santa Catarina, por exemplo.
Mas a regra não serviu para a Kyte, uma startup de Florianópolis que em três anos de atividade conta com 25 mil clientes em 143 países, dos EUA ao Oriente. Seu produto, um aplicativo de gestão de vendas online, tem sido utilizado como uma espécie de Ponto de Venda (PDV) no celular e uma loja virtual para pequenas empresas fazerem negócios em redes sociais.
No contexto da pandemia – e no desespero do “velho normal” se adequar à economia digital – a Kyte cresceu de maneira acelerada, o que chamou atenção de fundos de venture capital no país. Nesta semana, a startup anunciou um aporte de R$ 5,5 milhões liderado pela DGF Investimentos em conjunto com as curitibanas Honey Island Capital e Caravela Capital.
Os fundos têm histórico em aplicações no ecossistema catarinense.
A DGF liderou uma rodada na RD Station (R$ 62 milhões ao todo, em 2016), enquanto as gestoras paranaenses – de uma nova geração de fundos focados em startups SaaS – já ampliaram o capital de startups como Transfeera e Treasy (Joinville), além da Ocean Drop (Balneário Camboriú).
Lançado simultaneamente em três línguas – português, espanhol e inglês – o app da Kyte teve uma rápida adoção por usuários mundo afora, e tinha a opção de gestão online e offline. O choque da pandemia, no início de 2020, levou a uma perda momentânea de clientes mas a startup logo se recobrou do susto e, no fim do primeiro semestre já estava crescendo em velocidade superior à época pré-Covid.
Em entrevista em junho passado ao SC Inova, o CEO e cofundador Guilherme Hernandez explicou que a pandemia fortaleceu o modelo de gestão online (que permite também controle de estoque e débitos, relatórios e estatísticas etc), que foi a principal aposta a partir de então.
Naquele momento, a Kyte estava com 11 mil clientes – ou seja, mais do que dobrou em pouco mais de seis meses. “Nós liberamos a parte do pedido online, que até então era pago (atuamos no modelo freemium), pois sabíamos que dava pra ajudar o comércio pelo mundo com essa mudança”, disse o CEO. Hoje, 45% dos clientes estão no Brasil, mas a Kyte tem uma base forte em outros países em desenvolvimento, caso do México, Filipinas e Argentina.
“O app começou como um ponto de vendas mobile, mas com o tempo fomos expandindo e inserindo novas funcionalidades importantes para nosso público”, enfatiza Guilherme. Em 2020, com o avanço acelerado da digitalização no comércio, a Kyte registrou um crescimento de 217% da base de clientes e 331% de faturamento.
A partir do investimento, a startup pretende ampliar os serviços oferecidos via plataforma, especialmente na área financeira, comentou Guilherme ao portal NeoFeed. A equipe também deve dar um salto – eram 15 em meados de 2020, hoje são 25 e a perspectiva é chegar a 70. Neste ano, foi selecionada para o programa de mentoria e aceleração Scale-up Endeavor.
Pela facilidade da operação – que permite uma gestão de pequenas lojas no celular, integra com WhatsApp e Instagram e já tem parceria de venda via Mercado Pago – e o digital cada vez mais presente, a Kyte tem uma janela de crescimento em escala global que pode indicar o caminho da internacionalização a outras startups do ecossistema catarinense e nacional.
*Fonte: SC Inova