Mercado nacional de software retoma forte crescimento em 2010
A Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes) anuncia a divulgação da 7ª edição da pesquisa “Mercado Brasileiro de Software – Panorama e Tendências”.
Conduzido pelo International Data Corporation (IDC), o relatório traz uma radiografia completa do cenário vivido por esse mercado durante todo o ano de 2010, bem como as principais tendências que se destacarão no segundo semestre de 2011.
A Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes) anuncia a divulgação da 7ª edição da pesquisa “Mercado Brasileiro de Software – Panorama e Tendências”.
Conduzido pelo International Data Corporation (IDC), o relatório traz uma radiografia completa do cenário vivido por esse mercado durante todo o ano de 2010, bem como as principais tendências que se destacarão no segundo semestre de 2011.
Na contramão do cenário vivido pelo mercado mundial de software e serviços, que cresceu apenas 0,5% em 2010, o mercado brasileiro passou por forte retomada no período, tendo movimentado cerca de US$ 19,04 bilhões, um salto de 21,3% . Deste total, US$ 5,510 bilhões referem-se à software, o equivalente a 1,8 % do mercado mundial, e US$ 13,530 bilhões à serviços relacionados, com 2,2% do mercado global. Esses resultados possibilitaram que o mercado nacional subisse uma posição no ranking mundial, passando a ocupar o 11º lugar.
Reforçando a tendência apontada desde 2004, a participação de programas de computador desenvolvidos no país atingiu apenas 30% do total do mercado brasileiro de software.
– Hoje 70% do software consumido no país é importado. Isso acontece porque, infelizmente, o modelo adotado no Brasil é baseado em serviços, que atende dois terços do mercado total, exige um número maior de profissionais e ainda apresenta uma produtividade econômica 30% menor – explica Gérson Schmitt, presidente da Abes.
Pela primeira vez o estudo trouxe uma avaliação sobre a participação do software livre para o resultado total obtido pelo mercado nacional. Após uma década de apoio ostensivo de muitos representantes da gestão pública no país, em especial do Governo Federal, e bilhões de reais aplicados neste modelo, de acordo com o relatório do IDC, a participação do software livre no mercado brasileiro em 2010 foi de apenas 2,95%, um montante equivalente a US$ 0,5 bilhão.
– A pesquisa confirma o que os empresários têm alertado ao governo há anos sem serem ouvidos: o modelo de software livre não produz inovação, demanda mais mão-de-obra, remunera menos toda a cadeia produtiva, não é alto sustentável e seria praticamente inexistente em termos de PIB sem o governo como seu protagonista. Não entendemos a quem interessa insistir em mais uma década com uma estratégia que não tem resultados macroeconômicos relevantes, consome recursos milionários e ainda doa conhecimento estratégico em TI produzido com recursos públicos para concorrentes internacionais, que representam mais de 50% dos downloads do portal do software público – alerta Schmitt.
No mesmo ano as exportações de software e serviços atingiram a ordem de US$ 420 milhões, um avanço de 15,7% em relação a 2010. Embora o saldo de exportação tenha crescido, não acompanhou o crescimento do mercado interno, principalmente porque 80% do que é exportado atualmente refere-se a serviços, onde o Brasil não tem competitividade em custos e tem falta de mão-de-obra especializada.
– Em nossa avaliação, insistir no crescimento de um perfil de exportação dominado pela venda de serviços representará um colapso setorial e insucesso do atual modelo, com a “comoditização” do seu mais valioso ativo vendido pelo menor preço possível na unidade homem/hora, abrindo mão da oportunidade de vender soluções replicáveis, de alto valor percebido, com inteligência e capacidade de inovação como diferenciais competitivos – comenta Schmitt.
De acordo com o executivo, para passar a exportar em uma década 40% do que a Índia exporta atualmente em serviços (US$ 50 bilhões ao ano), significaria multiplicar seis a sete vezes o atual volume de exportações brasileiras de serviços off shore de TI, para alcançar o patamar de US$ 20 bilhões até 2020. Neste caso, apenas para atender o segmento de exportação com a atual predominância de serviços, seriam necessários cerca de 400 mil profissionais.
Segundo o estudo da Abes, atualmente o setor é composto por mais de 8,5 mil empresas, das quais 75% dedicam-se ao desenvolvimento, distribuição e comercialização de softwares, formando uma capilar cadeia de valor com 50% de distribuidores. Assim como registrado no último ano, 94% do segmento refere-se a micro e pequenas empresas.
Em termos de demanda, em 2010 a indústria e o setor financeiro representaram praticamente 45% do mercado usuário. Na seqüência aparecem os mercados de serviços, comércio, governo e agroindústria. Porém, o governo foi o setor que apresentou o maior aumento nos investimentos, com variação positiva de mais de 27% em relação a 2009.
– O governo continua sendo o maior produtor e empregador do setor, deixando de ser o maior consumidor para assumir o papel de maior concorrente da iniciativa privada. Como não exporta e apóia um modelo de baixa produtividade econômica (porque prefere comprar serviços e estimular este modelo), continua patrocinando um excepcional déficit de mão de obra e da balança comercial de TIC, que tende a crescer ainda mais – argumento o presidente da Abes.
Mercado mundial e latino-americano de TI – Também alcançando retomada, o mercado mundial de Tecnologia da Informação atingiu o patamar de US$ 1,54 trilhão, um crescimento de 7,7% sobre o ano anterior. A América Latina, por sua vez, atingiu em 2010 um total de US$ 74,6 bilhões, sendo que o Brasil representa hoje o maior mercado regional, correspondendo a 49,6 % do total.
Segundo o IDC, as previsões para o segundo semestre de 2011 são bastante positivas. A perspectiva de crescimento do mercado total de Tecnologia da Informação brasileiro está em 10,3%. Já, em relação a software e serviços, a indústria nacional alcançará uma média de 10,5% de crescimento.
Ainda de acordo com o IDC, algumas tendências poderão impulsionar tais resultados: a mobilidade – pela primeira vez a venda de notebooks deve superar os desktops; SaaS e Cloud Computing; ferramentas para varredura de redes sociais e renovações de infra-estrutura das redes capazes de absorver um volume maior de negócios.