Todos os dias, o empreendedor e ex-executivo Paulo Rogério Silva recebe diversos currículos de profissionais egressos de grandes bancos em busca de emprego. É uma rotina que se repete há anos, e que o levou a desenvolver, ao lado de outros quatro sócios, um modelo de negócio inédito no mercado internacional: uma plataforma de tecnologia que agrega profissionais bancários autônomos, que podem oferecer produtos e serviços (de investimentos a créditos e seguros) de diferentes instituições financeiras.
Atualmente, cerca de 2 mil bancários atuam de maneira independente, como brokers, por meio da plataforma desenvolvida pela fintech Franq Openbank, em operação desde 2019 e que anunciou, nesta quarta (16), um investimento série A de R$ 20 milhões do fundo Valor Capital. Com os recursos, a startup espera ampliar para 18 mil profissionais cadastrados na plataforma, além de investir em tecnologia e em contratações.
“Há um mês, tínhamos 55 colaboradores fixos, na semana que vem chegaremos a 100 e a expectativa é fecharmos o ano com 400 pessoas”, detalha Paulo, CEO e cofundador da empresa, ao lado dos sócios Daniel Ferretti, Gustavo Hartmann, Felipe Giroleti e João Boos – todos egressos do setor bancário.
A onda que a fintech fundada em Florianópolis está surfando é gigantesca: em fevereiro deste ano, começou a vigorar no Brasil a primeira fase do open banking, sistema bancário aberto desenvolvido pelo Banco Central que permitirá compartilhamento de dados de clientes entre diversas instituições financeiras. “O futuro é do bancário autônomo, e o open banking vai revolucionar a oferta de serviços”, resume Paulo.
Dado o “calor” deste mercado e a tração que a Franq obteve em menos de dois anos de atividade, os fundos de venture capital começaram a bater à porta. “No dia em que estava recebendo o recurso deste primeiro aporte, já tinha oferta para uma rodada série B. Mas agora estamos com foco total na operação, queremos expandir para outros mercados e também atingir o break even. Daqui a alguns meses podemos pensar nos próximos investimentos”, diz. Com a expansão, a empresa – que começou com uma operação modesta no Sul da Ilha – pretende até o final do ano contar com uma sede própria na cidade.
Startup uniu demanda de fintechs com oportunidade a bancários
Há quatro anos na capital catarinense, ele começou a buscar contatos no ecossistema de tecnologia por meio da aceleradora Darwin Startups, especializada em segmentos como fintechs e insurtechs (seguros). “Me impressionei com a quantidade e qualidade de startups deste mercado que tinham aqui na região: havia muitos produtos bons mas que não estavam chegando ao consumidor final. Além disso, as fintechs não conseguiam encontrar bons profissionais para operar, embora eu recebesse a cada dia mais e mais currículos de bancários desempregados. Era preciso criar um modelo para unir as pontas”, lembra Paulo sobre a origem da Franq.
Neste primeiro round, a empresa contou com assessoramento do Catarina Capital, gestora de investimentos com foco no ecossistema de tecnologia de Santa Catarina, que atua como fundo de venture capital, advisory e M&A em operações de captação de recursos. “No caso da Franq, os empreendedores também têm uma bagagem muito grande no mercado de capitais, então há um grande acesso com investidores internacionais e corporações que podem complementar diversas rodadas”, explicou Raul Daitx, sócio da Catarina. A empresa também participou de recente aporte da Pagseguro na BoletoFlex, fintech também de Florianópolis que atua com meios de pagamentos via boletos parcelados.
“Agregamos no processo de transação auxiliando no planejamento estratégico de crescimento dessa rodada, nas condições das negociações, com foco em conseguir um modelo ganha-ganha seja pros empreendedores seja pros investidores que estão entrando numa jornada de longo prazo”, resume.
Para o CEO da Franq, o foco é no curtíssimo prazo. “Sabemos que o bancário autônomo vai explodir e que estamos pelo menos um ano e meio à frente do mercado. A discussão agora é se vamos ser líderes deste setor, pois ele é muito quente e dinâmico”.
*Fonte: SC Inova