Opinião ACATE: As fintechs incomodam muita gente
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A recente notícia sobre a liquidação do Banco Neon balançou a reputação das fintechs no mercado brasileiro. Para quem não leu a respeito, o Banco Central anunciou ter encontrado graves violações no Banco Neon — um banco comercial de pequeno porte, com 85 mil clientes — e decretou sua liquidação extrajudicial. Mas por conta dos nomes semelhantes, tem muita gente confundindo o banco com a startup Neon Pagamentos, e na verdade ele era apenas acionista minoritário da fintech.
Apesar de serem empreendimentos diferentes, a operação causou problemas também para o banco digital, uma vez que todas as contas eram gerenciadas pelo banco comercial. Por isso, elas ficaram bloqueadas e os clientes não estavam conseguindo movimentá-las. Porém, a situação foi contornada com uma nova parceria com outro banco comercial.
Ou seja, apesar de a primeira impressão ser de um problema relacionado às fintechs, toda a confusão foi com um banco tradicional. E isso ocorre justamente quando a concorrência no sistema bancário está mais acirrada, com o aumento no números de empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros. Segundo o último levantamento do Fintechlab, de novembro de 2017, este crescimento foi de 36%.
Aqui em Santa Catarina temos diversas fintechs de destaque. Uma das mais famosas, a ContaAzul, de Joinville, recebeu no mês passado um aporte de R$ 100 milhões de uma companhia de investimentos norte-americana. A startup foi fundada em 2011 e oferece uma plataforma em nuvem que facilita a organização e o controle das pequenas empresas. Também sediada na cidade do Norte do Estado está a Asaas, que desenvolve uma solução completa para gestão de cobranças, pagamentos e antecipações.
Por acreditar que a tecnologia pode sim revolucionar o sistema financeiro e proporcionar boas experiências ao usuário, criamos em 2016 na Acate a Vertical Fintech, que hoje conta com mais de 30 empresas do segmento. Elas se reúnem mensalmente para pensar em melhores práticas para a área, promovem eventos e estão constantemente buscando aperfeiçoar seus produtos e serviços, atendendo as demandas do mercado.
Se eu entendi algo do episódio com o Banco Neon é que ele não tira o crédito e confiabilidade das fintechs — a startup Neon Pagamentos continua a existir, e passa bem. Todo o caso serviu, na verdade, para demonstrar a fragilidade dos bancos comerciais tradicionais.
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Artigo assinado por Daniel Leipnitz, presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), e publicado originalmente no Diário Catarinense em 16/05/2018.