Opinião ACATE: Como detectar fake news em menos de dois minutos
Ao mesmo tempo que muita gente brinca que “se está na internet, é verdade”, existem pessoas que acreditam nessa premissa. E é assim que se difundem as fake news, ou notícias falsas, como a nota de R$ 50 com o rosto de Pabllo Vittar, a briga num posto de gasolina provocada por Antonio Fagundes e a exigência de nota fiscal ao pagar um pedágio. Aposto que você já recebeu algo do tipo nos grupos de família no Whatsapp, muitas vezes com uma mensagem ao final pedindo para compartilhar aquele conteúdo com um número determinado de pessoas.
As fake news ganharam tanta popularidade com o alcance das redes sociais que elas já se tornaram tema recorrente em pesquisas acadêmicas, principalmente na área da Comunicação, junto ao conceito de pós-verdade — quando fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais, segundo a universidade de Oxford, na Inglaterra.
E para entendermos melhor como são criadas, essas notícias falsas foram divididas em sete categorias pela jornalista britânica Claire Wandle: sátira ou paródia, quando o autor não quer necessariamente causar mal, mas pode enganar o leitor; falsa conexão, que traz uma chamada que não condiz com o conteúdo apresentado pela notícia; conteúdo enganoso, uso enganoso de uma informação para usá-la contra um assunto ou uma pessoa; falso contexto, quando o conteúdo é verdadeiro, mas compartilhado com um contexto falso; conteúdo impostor, no qual se usa o nome de uma pessoa ou marca com afirmações irreais; conteúdo manipulado, quando uma informação ou ideia verdadeira é manipulada para enganar o público; e conteúdo fabricado, feito do zero, totalmente falso e com o intuito de desinformar e causar algum mal.
Ou seja, não podemos compartilhar tudo o que chega em nossa timeline, é preciso conferir se a notícia é verdadeira. Algumas formas de fazer isso é conferindo a fonte da informação, não ler apenas o título, procurar outros veículos que publicaram o conteúdo, consultar especialistas e prestar atenção se você não está apenas buscando confirmação para o que já acredita. Além disso, existem sites como o e-farsas.com e o boatos.org, que têm como objetivo expor fake news e explicar quais aspectos fazem delas farsas. A tecnologia, frequentemente utilizada para difundir os conteúdos falsos, também está tentando auxiliar no combate às fake news por meio de inteligência artificial, processamento de texto e detecção de robôs, conhecidos como bots.
Checar se aquele conteúdo que você recebeu é mesmo verdadeiro não leva mais do que cinco minutos do seu tempo. E vale lembrar que a responsabilidade pela disseminação de notícias falsas não é apenas de quem as cria, aqueles que compartilham também estão contribuindo para que informações falsas alcancem milhares de pessoas.
Texto assinado por Daniel Leipnitz, presidente da Associação Catarinense de Tecnologia, e publicado originalmente no Diário Catarinense em 23/05/2018.