Pesquisa de mapeamento de vagas da ACATE estima que existam mais de 16 mil vagas demandadas por empresas de tecnologia de SC até 2023
O setor de tecnologia em Santa Catarina, considerado o 4º maior polo empresarial do Brasil em faturamento, apresenta crescimento na geração de negócios e de empregos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Ainda que cresçam o número empresas e de vagas abertas, a falta de mão de obra qualificada é uma das principais dores que afetam os negócios do setor no estado. Através da pesquisa de mapeamento de vagas realizada pela ACATE, estima-se que, em 2021, existam 4.561 vagas abertas por empresas de tecnologia.
A pesquisa da ACATE também aponta que o número de vagas abertas para profissionais com perfil tecnológico crescerá nos próximos dois anos, sendo estimado 5364, em 2022, e 6687 vagas, em 2023. O índice crescente de vagas abertas também se refere especificamente aos cargos de desenvolvedores, que em 2021 estima-se que existam 2554 vagas abertas, enquanto em 2022 será pouco mais de 3 mil, e em 2023, serão 3745. Os DEVs Full-Stack, Back-End e Front-End são as funções mais demandadas pelas empresas catarinenses e representam mais de 50% das funções indicadas como necessárias pelos negócios.
A pesquisa de mapeamento de vagas foi realizada entre os meses de abril e maio, e ouviu empresas e estudantes da área de tecnologia de todo o estado. Ao todo, 228 empresas responderam à pesquisa, e mais de 170 estudantes de 11 instituições de ensino. Os dados foram analisados e obtidos através de um modelo estatístico aplicado para extrapolar o resultado de forma que represente toda Santa Catarina. O modelo estatístico foi proposto pelo Dr. Marcelo Menezes Reis, professor titular de estatística no departamento de Informática e Estatística (INE) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A pesquisa também foi realizada em parceria com as empresas Ação Júnior, de consultoria em gestão, e a Autojun, empresa júnior de desenvolvimento de estudos e pesquisas em controle e automação da UFSC.
Iomani Engelmann, presidente da ACATE, destacou o engajamento das empresas durante o evento de apresentação dos resultados, realizado no canal da ACATE no YouTube, no último dia 26. “Foi um dos maiores engajamentos da história da entidade no mapeamento da demanda de mão de obra. Com essa iniciativa, estamos norteando as ações de formação de mão de obra. E gostaria de enfatizar a importância desse desafio que não é só de uma localidade, é um desafio do estado”.
Os indicadores obtidos servirão de base para que a ACATE e seu ecossistema articulem ações e parcerias estratégicas, por exemplo, com os governos estadual e federal, com a finalidade de promover soluções para as dores das empresas e o desenvolvimento dos negócios. Segundo Moacir Marafon, vice-presidente de Talentos da ACATE, os números são de interesse dos governos, dos players formadores de mão de obra e dos empresários que reconhecem e estão envolvidos no desafio da falta de mão de obra qualificada.
Além de ações futuras, os dados irão balizar a realização de programas em construção em parceria com o Senai, como o Hellow, que busca dar aos jovens a primeira experiência com programação, e o DevStart, que oferece os primeiros passos para o programador. E também, programas em execução, como o Prototipando a Quebrada, que forma jovens aprendizes oriundos de espaços periféricos, o DEVinHouse, parceria com o Senai que forma desenvolvedores e os oferece a possibilidade de ingressar no mercado de trabalho, e o Jovem Programador, parceria com o Senac e Seprosc, que forma profissionais desenvolvedores de software. Outra iniciativa é o Entra21, desenvolvido pelo polo de tecnologia de Blumenau, que forma, em média, 300 profissionais por ano.
Confira os resultados da pesquisa através deste link. Ou assista ao evento de apresentação dos resultados no canal de YouTube da ACATE.
O que as empresas esperam dos profissionais?
A pesquisa também questionou os desejos das empresas com relação aos profissionais, por exemplo, quais as competências são demandadas. Entre as respostas, estão: conhecimento de metodologias ágeis, experiência em áreas de tecnologia da informação e comunicação, habilidade em execução de projetos, domínio de linguagens e habilidades em programação. A linguagem de programação mais demandada pelas empresas é o Javascript.
Além de hards skills, as empresas foram questionadas sobre os soft skills mais requisitados que os profissionais de TI possuam. A capacidade de resolver problemas foi a resposta apresentada por mais de 90% das respondentes, seguida por trabalho em equipe e proatividade.
Sobre a formação dos profissionais, mais da metade das empresas aponta não possuir restrições, enquanto 26,39% exigem formação superior, e 16,20% pedem formação técnica. As empresas também podem abrir portas aos futuros profissionais, através de programas de jovem aprendiz. Estima-se que haja 263 vagas neste formato em 2021.
Resultados da pesquisa com estudantes
Os 175 estudantes de curso de graduação relacionados com tecnologia respondentes da pesquisa apresentaram seus desejos com relação às empresas do setor. Mais da metade dos entrevistados deseja possuir vínculo empregatício por meio de CLT. Com o percentual de 20%, os jovens se dividem entre abrir um negócio e continuar na carreira acadêmica. Segundo a pesquisa, a principal atração para se especializar na área de tecnologia são os salários, que de acordo com o CAGED é de R$ 2775,00 a média inicial para as vagas até maio de 2021.
Entre os cargos almejados, os estudantes apontam para as necessidades das empresas, ou seja, almejam cargos de desenvolvedores Full-Stack, Back-End e Front-end, além de gestão de projetos e ciência de dados.
Os estudantes também apresentaram quais as habilidades desenvolvidas nos cursos promovidos pelas instituições de ensino. A principal habilidade citada foi o raciocínio lógico. Entre os conhecimentos que os estudantes têm ou terão durante sua formação, Python, Java e Javascript foram as principais respostas.
A pesquisa também questionou sobre um dos desafios da formação de profissionais para o setor: a evasão. Mais da metade alegou a não identificação com os cursos e a qualidade do ensino remoto como causas para abandonar a capacitação.
Confira os resultados da pesquisa através deste link. Ou assista ao evento de apresentação dos resultados no canal de YouTube da ACATE.