Presidente da ACATE fala ao DC sobre impacto da crise financeira
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Tecnologia
Os impactos da crise financeira global chegaram com velocidade à indústria de tecnologia catarinense.
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Tecnologia
Os impactos da crise financeira global chegaram com velocidade à indústria de tecnologia catarinense. Importador de insumos, o setor viu aumentar diariamente o peso dos custos de produção. Mas no meio da turbulência, ainda fazendo contas e buscando dados precisos para embasar o planejamento dos próximos meses, empresários se mostram otimistas e apontam o surgimento de vantagens no médio prazo.
Para o presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), Rui Luiz Gonçalves, a principal preocupação é com a insegurança do mercado, o que pode refletir no adiamento de compras e de investimentos.
– Num primeiro momento, a indústria de tecnologia da informação pode sofrer um atraso nos negócios. Os clientes podem segurar um pouco os contratos – avalia.
Mas ele acredita que, diante da turbulência no mercado de capitais, o setor poderá se tornar mais atrativo para investidores.
– A tecnologia é um segmento de forte rentabilidade. E quem levou ferro na bolsa, agora vai procurar outras oportunidades na economia real.
Gonçalves observa ainda que o dólar alto vai contribuir para deixar o produto brasileiro mais barato para o resto do mundo. Por outro lado, para reduzir os gastos com importações, o setor deve apostar no desenvolvimento de materiais locais.
Fabricante de máquinas para corte e gravação a laser para o setor têxtil, a Automatisa, de Florianópolis, é uma das empresas locais que já sentiu o forte peso do aumento no preço das importações. O diretor de recursos da Automatisa, Marcos Lichtblau, diz que algumas peças são compradas no exterior por questão de escala, já que a demanda local não seria tão alta, e não por falta de tecnologia.
Lichtblau afirma que diante das incertezas do mercado, a empresa enfrenta dificuldades para planejar os próximos meses. A retomada da exportação, deixada de lado pela perda de competitividade dos brasileiros nos últimos meses, ainda não é vista como aposta certa.
Confiança na força do mercado interno
A confiança no mercado interno segue mais forte. A empresa, que vende entre oito e 10 máquinas por mês, tem um projeto de expansão para os próximos anos que prevê a produção de 18 máquinas por mês a partir de 2010. Hoje, cada máquina custa entre R$ 50 mil e R$ 80 mil.
Lichtblau enxerga vantagens em meio à turbulência. Entre elas uma limpeza do mercado. No último ano, afirma ele, dobrou o número de concorrentes na região.
– Mas algumas eram empresas que apenas traziam produtos chineses para revender aqui. Oportunistas agindo em função do dólar barato.
Sem depender de importação, os diretores da Carpio Solutions, em Florianópolis, conseguem demonstrar mais otimismo ainda. Desenvolvedora de softwares, a empresa verificou uma procura até maior por alguns de seus produtos diante do cenário de crise, afirma o diretor comercial Milton Toledo. Um dos itens com maior demanda é o aplicativo voltado para planejamento orçamentário.
– Existe, sim, uma situação de alerta para o mercado. Mas para nós, existe também a oportunidade de intensificar a oferta de produtos.