Projeto educa e conscientiza sobre riscos na internet e no uso de tecnologias
O consumo de notícias online por crianças e adolescentes brasileiros de 9 a 17 anos cresceu de maneira relevante nos últimos anos: 51% dos jovens conectados leem e/ou assistem a notícias pela Internet. Em 2013 essa proporção era de apenas 34%. Os dados são da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2017, divulgada em setembro de 2018 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
Porém, os riscos do mau uso da internet são evidentes. De acordo com o portal da Safernet, 925 páginas em 250 domínios com conteúdo de pornografia infantil foram denunciadas à Safernet em 2018, no Brasil. A TIC Kids Online Brasil 2017 mostra que 39% dos usuários de 9 a 17 anos – o que corresponde a 9,7 milhões de crianças e adolescentes – declararam ter visto formas de discriminação na Internet no último ano. Entre os principais tipos de discriminação identificados estão: cor ou raça (26%), aparência física (16%) e por preferências sexuais (14%). O estudo demonstra que demonstra que, na região Sul do País, 59% dos usuários de internet são crianças e adolescentes.
Outra pesquisa, a TIC Educação 2017, aponta, de forma inédita, que 40% dos professores de escolas localizadas em áreas urbanas já ajudaram algum aluno a enfrentar situações desconfortáveis ocorridas durante o uso da internet, tais como bullying, discriminação, assédio e disseminação de imagens sem consentimento.
Para contribuir com a educação e conscientização sobre os riscos que existem na internet e no uso das tecnologias da informação, como celulares, tablets, computadores e novos dispositivos que fazem parte da vida cotidiana, a Associação Polo Tecnológico do Oeste Catarinense (Deatec), desenvolve o Projeto Ética e Segurança Digital Sou Digital, junto com os parceiros Mangold Assessoria Jurídica, Mágica Filmes, To Rocket e BRSIS Tecnologia Web.
O diretor de Infraestrutura da Deatec e presidente da Comissão de Direito Digital da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), 5ª Subseção Chapecó, Fernando Mangold, explica que a iniciativa aborda questões que impactam a todos, crianças, adolescentes, professores, empresários, médicos, etc. “É extremamente importante refletir sobre os riscos do mundo digital. Toda a sociedade está mergulhada no uso diário dessas tecnologias que surgiram, na sua grande maioria, nos últimos 20 anos, o que não nos deu tempo para nos prepararmos e, por isso, muitos são os problemas enfrentados, além de diversas dúvidas”.
Em vídeos, são abordados problemas reais do dia a dia, como não cair no golpe de sites falsos e realizar compras seguras na internet. Também são discutidos assuntos como o tempo ideal que um adolescente pode ficar no computador e evitar os vícios tecnológicos, qual a idade mínima para ter um perfil nas mídias sociais e quem está do outro lado da tela. Os vídeos estão sendo disponibilizados no site www.soudigital.org.br.
De acordo com Mangold, 2018 foi o ano de consolidação do projeto, com participação na Expen, no evento HOJE e realização de palestra em escola. A iniciativa também recebeu indicação na Câmara de Vereadores de Chapecó para que seja analisada pela Secretaria de Educação para ser incorporada ao planejamento anual dos profissionais de educação, bem como aos pais dos alunos. No ano passado foram produzidos dois vídeos: sobre cuidados e privacidade nas mídias sociais e dos problemas sobre o crime de pornografia infantil na internet.
Para este ano, a expectativa é agregar mais patrocinadores e apoiadores e produzir outros quatro vídeos, sobre os temas: vícios na internet e games, boatos na internet (fakenews), cyberbullying (intimidação sistemática online), privacidade na internet (proteja seus dados) e golpes na internet. “Realizarem palestras em Chapecó e região para escolas e empresas para disseminar essas informações. Nosso site oficial será lançado nos próximos meses também”, frisa Mangold.
PESQUISA
Conforme a TIC Kids Online Brasil 2017, quanto a práticas realizadas por crianças e adolescentes na Internet, mantém-se a predominância de atividades ligadas à comunicação e ao entretenimento, entre elas: enviar mensagens instantâneas (79%), assistir a vídeos online (77%), ouvir música (75%) e usar redes sociais (73%). No que diz respeito ao uso seguro da Internet, 7 em cada 10 crianças e adolescentes conectados utilizaram a Internet com segurança, segundo a declaração dos seus pais ou responsáveis.
Segundo a pesquisa, outra atividade comum é pesquisar na Internet, seja para trabalhos escolares (76%), seja por curiosidade ou vontade própria (64%). De maneira inédita, a TIC Kids Online aponta que 40% das crianças e adolescentes conectados usam a Internet para conversar com pessoas de outras cidades, países e culturas, 36% delas participam de páginas ou grupos sobre assuntos de interesse, 28% buscam informações sobre saúde e 22% sobre o que acontece na sua comunidade. Além disso, 12% das crianças e adolescentes conectados conversam na Internet sobre política ou problemas da cidade ou país e 4% participam de campanhas ou protestos na rede.
ORIENTAÇÕES
Para se proteger na internet, Fernando Mangold dá algumas dicas:
– Se for fazer compras pela internet, faça uma pesquisa sobre a reputação da empresa, veja se encontra o CNPJ dela e faça uma consulta na Receita Federal (é online e gratuito). Desconfie de preços muito baixos, isso pode ser um sinal de golpe;
– Acompanhe a vida digital das crianças e adolescentes, leia o termo de uso das mídias sociais como Facebook, Instagram e outros e respeite as idades mínimas estabelecidas para criar um perfil nestas redes;
– Não dê informações pessoais, como destinos, lugares, pertences, cuidados com fotos e exposições desnecessárias. Você nunca sabe quem estará lhe observando do outro lado. Não aceite pessoas estranhas nas redes sociais;
– Use softwares licenciados e atualizados, tenha antivírus instalado na máquina;
– Não acredite em tudo o que você lê na internet, procure verificar as fontes, de preferência mais do que uma confiável e, na dúvida, não comente ou compartilhe.