Projeto para substituir Lei de Informática poderá ser apresentado ainda este mês
Há urgência para as mudanças porque a Organização Mundial do Comércio (OMC) pode decidir definitivamente em outubro de 2018 se os subsídios da lei atual e do setor automobilístico ferem acordos internacionais.
Há urgência para as mudanças porque a Organização Mundial do Comércio (OMC) pode decidir definitivamente em outubro de 2018 se os subsídios da lei atual e do setor automobilístico ferem acordos internacionais.
Com a decisão, o Brasil teria 90 dias para adequar suas normas, o que é considerado um prazo curto. Celso Pansera lembrou que o próximo ano é eleitoral. “A partir de maio, vai ser muito difícil tomar uma decisão consistente aqui. Então nós temos que construir esse processo antes disso para não sermos surpreendidos lá na frente por uma decisão da OMC que deixe o governo na mão de uma medida provisória necessária – não vai ter saída – e a gente não consiga como sociedade responder ao desafio”, explicou.
Os subsídios brasileiros foram questionados pela União Europeia e pelo Japão porque estariam discriminando o produto importado e privilegiando o conteúdo nacional nos processos de produção.
Jurisprudência
Presente ao debate, Pedro Miguel da Costa e Silva, diretor do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores, afirmou que o processo já está em fase final de apelação, mas que o tema subsídios ainda não tem uma jurisprudência firme na OMC. De qualquer forma, ele acredita que o Brasil tem condições de reformular sua política industrial sem abandoná-la.
“Na verdade, o que precisamos é desenvolver os nossos programas, as nossas leis, tendo em vista os acordos internacionais, e navegar por esses acordos. Isso é possível na nossa visão. Eu acho que no diálogo que temos tido com os órgãos e com o setor privado, estamos buscando mostrar quais são os tipos de subsídios que podemos dar e que não serão questionados.”
Para o ex-secretário-geral do ministério, Samuel Pinheiro Guimarães, é interessante rever a política industrial no sentido de reforçá-la. Ele disse que várias indústrias beneficiadas pela legislação são multinacionais de alta tecnologia em seus países, mas não apresentam o mesmo equipamento aqui e não têm compromissos de exportação.
Segundo ele, países como os Estados Unidos subsidiam a pesquisa científica por meio da área de defesa e não sofrem represálias.
“Os Estados Unidos investem por ano mais de 600 bilhões de dólares no seu programa de defesa. Talvez para se defender do México ou do Canadá, ou talvez dos mísseis coreanos. Mas isso tudo vai para o desenvolvimento tecnológico das empresas, da Boeing, de toda a indústria siderúrgica, de toda indústria ótica, de toda indústria eletrônica.”
De acordo com Guimarães, depois, como são as mesmas empresas que fazem os contratos de defesa, “todo esse desenvolvimento financiado a fundo perdido, muitas vezes, passa para o setor civil”.
Thiago Lopes, secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, disse que a Lei de Informática gera R$ 1,5 bilhão por ano em investimentos, e o setor é responsável por 135 mil empregos diretos.
* Fonte: Agência Câmara de Notícias