Projeto visa reforçar imagem do país como exportador de TI
Espelhadas no sucesso das empresas indianas, que têm sido referência na área há mais de uma década, com negócios da ordem de US$ 50 bilhões, as companhias brasileiras têm lutado para atrair clientes internacionais e aumentar seu faturamento.
Os números referentes à exportação de serviços de tecnologia não são muito precisos já que não há uma referência ou um indicador único no país, mas a estimativa é de que esse valor tenha se aproximado de US$ 1,3 bilhão em 2008. É um salto interessante se comparado aos US$ 200 milhões registrados em 2004, mas o valor permanece distante da meta fixada que se esperava atingir em 2007: US$ 2 bilhões.
Segundo o presidente Brasscom, o custo da mão-de-obra, a necessidade de se capacitar profissionais na língua inglesa, o porte das empresas brasileiras (cinco a dez vezes menores que as indianas) e a falta de reconhecimento do país na área são os fatores que têm limitado seu crescimento neste tipo de oferta.
O projeto da Brasscom com a Apex atacará essa última questão. Nos próximos 24 meses, R$ 14 milhões serão investidos para promover o Brasil no cenário internacional, com ações que incluem a contratação de uma assessoria de relações públicas internacional, campanha publicitária em revistas e jornais de negócios, promoção de seminários para potenciais clientes, realização de estudos de mercado e uma conferência anual no Brasil. Metade dos recursos virão da Brasscom e a outra metade, da Apex. "Este é um jogo de bilhões, você não pode ir com um estilingue", diz Gil.
Segundo ele, o momento atual é propício para iniciar uma ação de promoção. Os custos na Índia têm aumentado por conta da valorização da moeda local, a rupia, e questões de governança estão sendo levantadas por conta de problemas recentes como o escândalo financeiro envolvendo a Satyam, uma das maiores companhias indianas de TI.
Os gastos globais com terceirização "offshore" devem crescer 20% ao ano entre 2009 e 2010. É um ritmo bem mais lento que os 40% apresentados nos últimos anos, mas o suficiente para criar um mercado adicional de US$ 30 bilhões. A previsão é de que o movimento total, de US$ 70 bilhões no ano passado, alcance US$ 101 bilhões em 2010. Das novas receitas, os indianos provavelmente ficarão com US$ 15 bilhões. A outra metade será disputada por países como Brasil, China, Filipinas, México e Rússia.
Pelas contas de Gil, o Brasil tem condições de conquistar US$ 3,5 bilhões até 2010, senão antes. O executivo acrescenta que as medidas de desoneração fiscal previstas com a regulamentação da lei 11.774/2008 também ajudarão no processo. "Ainda não estamos entendendo o impacto total dessas medidas", diz. A lei permite, por exemplo, que empresas exportadoras se beneficiem do Regime Especial para Aquisição de Bens de Capital (Recap), caso sua receita externa tenha sido igual ou superior a 70% de sua receita bruta total no ano anterior.
Segundo Ricardo Schaefer, diretor de gestão e planejamento da Apex, a parceria com a Brasscom faz parte da nova orientação da agência de promover o Brasil como exportador de alta tecnologia.