Setor tecnológico é destaque no jornal Diário Catarinense
Confira a coluna Informe Econômico na íntegra pelo site do jornal, ou leia abaixo:
Como SC vem ganhando o jogo da tecnologia
Nas últimas três décadas, por necessidade ou criatividade, empreendedores começaram negócios na área de informática para atender a demandas de empresas maiores no Estado. Conseguiram avanço expressivo, mas a queixa sempre foi a falta de linhas de financiamento, porque o grande capital destas empresas é a inteligência dos seus profissionais, e isto não serve de garantia real.
Desde 2006 este pleito começou a se tornar realidade, com a lei da inovação federal, e, mais recentemente, com a legislação estadual.
Agora, empresas de tecnologia de SC contam com várias opções de capital não reembolsável e também linhas no BNDES e Finep com juros baixos. Graças a isto, os saltos de crescimento são maiores, explica o presidente da Associação Catarinense das Empresas de Tecnologia (Acate), Rui Luiz Gonçalves.
Este ano, o setor, na Grande Florianópolis, projeta crescer 20% frente a 2008.
No Estado, é grande o número de novas empresas, novos polos tecnológicos, e há falta de mão de obra. Leia, a seguir, entrevista com Rui Gonçalves.
NOVAS EMPRESAS
– Somente em Florianópolis, são abertas de 30 a 40 novas empresas de tecnologia da informação por ano. Nesta última semana, 240 empreendedores do Estado participaram de capacitação do Prime, o Programa Primeira Empresa Inovadora, que vai distribuir R$ 28,8 milhões. Serão 120 mil para cada projeto – é capital não reembolsável, da Finep.
NÃO REEMBOLSÁVEL
– A maior oferta de capital ao setor começou, no país, em 2006, com a aprovação da lei federal da inovação. Em Florianópolis, nossas entidades se mobilizaram e ajudaram as empresas a apresentar projetos e, assim, conseguir capital não reembolsável (a fundo perdido), a maior parte da Finep. Recentemente, 13 empresas de SC conseguiram verba não reembolsável de R$ 17 milhões, mais de R$ 1 milhão cada, a título de subvenção. O projeto Sinapse da Inovação, do governo do Estado, via Fapesc, vai liberar R$ 50 milhões a 60 projetos. Do programa Juro Zero da Finep, em 2007 conseguimos R$ 20 milhões, o que representou 52% da verba nacional, e estamos preparando novos projetos para esta linha, para a qual tivemos aval da SC Parcerias. A maior parte desse capital vai para a contratação de mão de obra.
RITMO ACELERADO
– Com mais recursos, as empresas estão em condições de desenvolver projetos e crescer. Para este ano, apesar da crise, estamos estimando faturamento 20% maior para as empresas de software e serviços da Capital. No ano passado, elas faturaram R$ 771 milhões, 60% mais do que os R$ 540 milhões do ano anterior. Nos últimos três anos, o setor duplicou o faturamento em Florianópolis.
INDÚSTRIA INVISÍVEL
– O prefeito Dário Berger diz que esta é uma indústria invisível. Em função da importância do setor para o município, ele criou a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico Sustentável. Hoje, o setor de tecnologia da informação é o maior arrecadador de impostos do município, por meio do ISS.
PARQUE ACATE
– Inauguramos, na última quarta-feira, o Parque Tecnológico Acate, em Santo Antônio de Lisboa. O prédio sustentável e com toda a infraestrutura para o setor foi construído em parceria com a Rá Incorporadora. Fica na “Rota da Inovação”, a SC- 401, que sedia vários empreendimentos do setor, começando pelo parque Alfa, e vai ao Sapiens Parque, em Canasvieiras. Como o aluguel para empresas do setor estava ficando muito caro na cidade, decidimos incentivar construtoras a fazer projetos especiais. Outro projeto é novo condomínio de 6 mil metros quadrados junto à sede da Acate, na Rua Lauro Linhares.
MAIS EMPREGOS
– Um dos obstáculos ao nosso crescimento é a falta de profissionais qualificados. Estamos fazendo parcerias e incentivando várias instituições a formar os profissionais que necessitamos. De cada emprego de programador, nossas empresas geram mais cerca de 10 a 15 empregos diretos e indiretos. Mas estamos perdendo profissionais para os Estados Unidos e Canadá. Aqui eles ganham cerca de R$ 4 mil, e lá, R$ 8 mil. O custo é quase o mesmo, porque eles não pagam encargos sociais nos EUA, apenas plano de saúde.
POLOS ESTADUAIS
– Com a nossa união na Acate e em outras entidades, as empresas de Florianópolis e outras regiões do Estado conseguiram avançar na busca de financiamento e no diálogo com governos. Pretendemos reforçar ainda mais este nosso associativismo no Estado. Já assinamos convênios com Criciúma, Lages e Chapecó e estamos conversando com grupo de empresários de Rio do Sul.
Software com associativismo
Quem tem ideias e novos projetos para o disputado setor de software quer conseguir pelo menos uma pequena cifra do dinheiro barato ou gratuito oferecido ao setor. Este é um dos motivos pelos quais várias regiões de SC estão dispostas a tornar seus polos de tecnologia de informação e comunicação (TI) mais robustos.
Jean Sandro Pedroso (foto), presidente do núcleo de tecnologia da informação de Rio do Sul, é um dos que buscam parceria com a Acate, e já conversou com o presidente Rui Luiz Gonçalves para este apoiar a criação de um polo de tecnologia para a região.
– Nosso núcleo tem 13 empresas associadas, que geram 96 empregos diretos e podem abrir mais 45 vagas em breve. Um dos nossos objetivos é conseguir mais recursos para investir – diz Pedroso.
Resultados práticos
As empresas de tecnologia da informação não precisam reinventar a roda para alcançar nível de excelência global. Devem buscar o caminho mais simples para atingir o padrão exigido pelo mercado. A avaliação é do consultor Ernani Ferrari, da Mondo Estrategies, de Joinville, que tem experiência no setor em vários países.
Segundo ele, apesar da tendência de valorizar aspectos sociais e de sustentabilidade, os resultados práticos em qualidade também vão evoluir, com a exigência de alta produtividade, baixos custos, prazos curtos, garantias e facilidades nos negócios.
Ferrari, além de consultor, é autor do livro Product Management for Software (só em inglês).
Apoio em incubadoras
A busca de incubadoras para apoiar empresas nascentes é uma das características do setor. Em Joinville, um dos maiores polos de tecnologia da informação do Estado, a incubadora Softville conta com 16 empresas incubadas, 10 já se graduaram e quatro esperam para ingressar, informa a gerente técnica, Vanessa de Oliveira Collere.
Coluna Informe Econômico – jornalista Estela Benetti, Diário Catarinense, 19 de julho de 2009