#SouMulherACATE oportuniza trocas de experiências e networking entre mulheres da tecnologia
90 participantes presenciais, 186 reproduções ao vivo no YouTube e 287 visitantes no LinkedIn. A primeira edição da série #SouMulherACATE, dedicada ao protagonismo, desenvolvimento e networking feminino na tecnologia, teve forte adesão do público geral. Realizado em formato híbrido, no dia 9 de março, o evento contou com palestras sobre tópicos importantes da vida contemporânea das mulheres, momentos de trocas de experiências e uma feira de oportunidades para jovens talentos.
A iniciativa do grupo temático Mulheres ACATE, da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), tem como objetivo inspirar, engajar e atrair mais mulheres para o setor de tecnologia catarinense. Apesar de servir de referência para outras regiões do Brasil e do mundo — em termos de descentralização tecnológica, produtividade, faturamento, número de colaboradores e de negócios — o ecossistema de inovação de Santa Catarina ainda tem um longo caminho a percorrer para ser chamado de diverso. É o que apontam os dados do ACATE Tech Report 2021. Quando se trata da participação por gênero, menos da metade dos colaboradores (43%) e apenas 22,8% do total de empreendedores são mulheres.
“Sabemos que a presença feminina no universo tech ainda é muito pequena. E nele estarão as grandes oportunidades de trabalho no futuro. Então, é importantíssimo engajar mulheres para a área desde cedo”, afirmou Betina Zanetti, diretora do Mulheres ACATE, na abertura do evento. “Através do nosso grupo, queremos gerar oportunidades reais para o ecossistema, aumentar a diversidade e a inclusão nas empresas, promover treinamentos e capacitações, realizar eventos e fazer o match entre vagas de emprego e os talentos femininos”.
A ocasião marcou o primeiro evento oficial do grupo temático. Os próximos dois encontros do #SouMulherACATE em 2022 estarão relacionados à diversidade e ao empreendedorismo feminino.
Multitarefas?
Na abertura do #SouMulherACATE, a coordenadora de eventos Cássia Liandra e a diretora Betina Zanetti apresentaram a iniciativa e o grupo Mulheres ACATE. Em seguida, abriu-se o espaço para a trilha Mulheres 360, que questionou o perfil feminino multitarefas. Participando dessa roda de conversa, estiveram Charys Oliveira, gerente de Saúde Financeira da Ahfin; Cleuse Soares, coordenadora de políticas públicas para mulheres na Prefeitura Municipal de Florianópolis; Flávia Bittencourt, head Gente & Gestão na ParMais; e Natalia Braulio, Chief Operations Officer e co-fundadora da Openbox.
“As mulheres dão conta de todas as suas funções, mas será que deveriam dar? Hoje, eu tento desenvolver cada vez mais a arte de dizer não. Quando a gente está tentando equilibrar vários pratos, o bem-estar fica bem longe da realidade”, comentou Charys. Um dos assuntos tratados na trilha foi a importância da criação de uma rede de apoio para as demandas do dia a dia. “Quando sentimos que não vamos dar conta de alguma tarefa, é importante ter com quem compartilhar. Nenhuma decisão precisa ser feita sozinha”.
Numa conversa descontraída, as palestrantes deram exemplos de suas experiências de vida para mostrar que, muitas vezes, a vida profissional das mulheres é atravessada por outros papéis sociais que lhes são delegados, como a maternidade e os cuidados com a casa. Nas palavras de Cleuse, “somos multitarefas não por uma questão de escolha, mas por situações que, na verdade, nos são impostas”.
“Mulheres 360” ainda abordou a importância da representatividade e do empoderamento femininos. Segundo Natalia, ao ocupar espaços antes tidos como masculinos, como o setor de tecnologia, “a mulher tem que estar sempre se provando e lembrando as pessoas de seu potencial”. Nesse sentido, acaba assumindo mais funções e se sobrecarregando. Para resolver o problema, as palestrantes aconselharam o desapego e a delegação de tarefas, em prol da manutenção da saúde mental. “Não se culpem. Acho que o principal para seguirmos nessa caminhada é fazer o possível e compartilhar os pratinhos”, afirmou Flávia.
Oportunidades
O destaque do evento foi uma feira de oportunidades profissionais para jovens talentos femininos do projeto social Prototipando a Quebrada (PAQ), que leva educação tecnológica às periferias da Grande Florianópolis. A ação articulada pelo Mulheres ACATE, em parceria com a ONG, tinha como objetivo dar espaço e visibilidade para que meninas que estão se capacitando encontrassem sua primeira oportunidade de emprego no setor.
Ao longo do mês de fevereiro, as jovens do PAQ passaram por dez mentorias e foram convidadas a preparar um vídeo de apresentação, além de responder a um desafio técnico, mostrando que estão preparadas para as vagas abertas no mercado.
Edital Mulheres+Tec
Ao lado dessa ação, outra iniciativa para fortalecer o protagonismo de mulheres e meninas no setor de tecnologia de Santa Catarina preencheu a agenda do #SouMulherACATE. Em meio ao evento, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do estado (FAPESC) anunciou a abertura do edital “Mulheres+Tec”, que promete fomentar empresas iniciantes, de base tecnológica e liderança feminina, com um montante de R$ 1,4 milhão e treinamentos realizados em parceria com ACATE e Sebrae/SC.
“Esse projeto vem sendo amadurecido há algum tempo na Fapesc”, explica Gabriela Mager, gerente de Inovação da fundação. “Ano passado, no Dia da Mulher, foi formado um comitê de estudos sobre a participação feminina no ecossistema de TI. Começamos a levantar uma série de dados estarrecedores. De todos os diferentes setores e mercados, a tecnologia tem uma disparidade absurda entre a participação feminina e masculina, desde o número de ingressantes nos cursos de graduação em Ciências da Computação e Engenharias. Por isso a ideia da iniciativa”.
As inscrições para o Mulheres+Tec vão até 8 de abril, pela plataforma da Fapesc.
Liderança
A segunda trilha do dia teve como tema “Mulheres no Comando”. Silvia Marafon, CEO e Head Escola de Negócios na Cianet/FIESC, falou sobre as competências necessárias para que uma mulher assuma posições de liderança. Entre elas, capacitação profissional e autodesenvolvimento, coragem para tomar decisões e fazer renúncias, disciplina, obsessão por entregas e inconformismo.
“A cada novo ciclo que assumimos, novas competências precisamos desenvolver. Se eu quero uma posição de comando, eu preciso me preparar. Também é preciso coragem para não paralisar diante das coisas que precisamos fazer, uma veia introempreendedora para transformar ideias em negócios e buscar se desenvolver sem depender dos outros”. Segundo Silvia, uma líder precisa ter habilidades para desenvolver gente e saber mover colegas para alcançar resultados. “As pessoas deveriam esperar das mulheres no comando a mesma coisa que esperam dos homens. Competência não está ligada a gênero. Estar no comando significa saber escolher pessoas e dividir tarefas”.
Propósito e relacionamento
Cássia Liandra, coordenadora de Marketing da Visto Sistemas e de eventos no Mulheres ACATE; Yazmín Trejos, CEO e sócia-fundadora da Meaning Startup; e Valdirene Teixeira, consultora de Marketing na Val Teixeira Marketing comandaram a trilha “Imagem e propósito”, falando sobre a importância dessas temáticas no ambiente profissional e no desenvolvimento pessoal.
“Passei por empresas que não cabiam em meu propósito de vida. E minha avó sempre dizia que às vezes queremos colocar sapatos que não cabem nos nossos pés”, compartilhou Cássia. “Não adianta fazermos isso, porque não vamos conseguir ficar com eles calçados por muito tempo”.
Para Yazmín, “propósito de vida é o que nos movimenta. E a imagem, ou marca pessoal, é a pegada nessa trajetória de movimento”. Complementando o pensamento, Valdirene definiu o propósito como “acreditar no que você não pode alcançar e na sua essência — no que você sente e traz dentro de si. É algo que não encontramos de uma hora para outra”. De acordo com as três, cada indivíduo descobre o seu propósito tirando lições de seus erros e acertos.
Logo após a trilha, para finalizar o evento, a CMO e sócia da Meaning, Bruna Sartori; a diretora comercial do Floripa Square, Elisa Fernandez; a head de expansão da CabTable, Camilla Telles; e a head de relação com investidores da Invisto, Marina Leite, trouxeram uma discussão sobre atitudes a evitar e boas práticas na hora de construir e manter uma rede de contatos. A trilha “Networking Estratégico” contou com dicas de livros e podcasts sobre o assunto, além de um momento de troca de contatos entre participantes presenciais e online do #SouMulherACATE.
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