Urban Tech Forum reflete sobre desafios e soluções para o desenvolvimento de cidades
O Urban Tech Forum, evento de tecnologia e inovação para cidades, teve a sua 1ª edição com o objetivo de pensar o futuro dos centros urbanos com sustentabilidade e inteligência. O encontro foi realizado na última quinta-feira (05), no Passeio Sapiens, em Florianópolis (SC), na mesma semana em que o município catarinense conquistou a liderança no Ranking Connected Smart Cities, pelo 2º ano consecutivo, e o título de Capital Nacional das Startups.
O evento, realizado pela Vertical Smart Cities da ACATE, reuniu em torno de 100 pessoas entre empreendedores, gestores públicos e acadêmicos. “Este evento é, na verdade, um grande encontro entre pessoas que, assim como eu, acreditam em um desenvolvimento sustentável para as cidades”, definiu Thaís Nahas, diretora da Vertical Smart Cities, do polo regional da ACATE na Grande Florianópolis e CEO na Intelink Mercado e Inovação, na abertura do Urban Tech Forum.
“As cidades foram criadas por pessoas, e elas são o ponto de encontro para a troca de conhecimento e contato de diversas classes sociais, e nós devemos criar espaços que permitam esses encontros. As cidades precisam ser cada vez mais eficientes porque essa é uma demanda da sociedade, que pede também mais sustentabilidade, com equilíbrio entre recursos naturais e financeiros. O evento surgiu para discutir o que podemos fazer e o que existe hoje de inovação para desenvolvermos um urbanismo cada vez mais sustentável”, complementa Thaís Nahas.
A abertura do Urban Tech Forum destacou as conquistas recentes da capital catarinense que tornam a cidade um modelo para o desenvolvimento de outros municípios. Além de Thaís Nahas, também abriram o evento a vice-presidente de Relacionamento da ACATE, Betina Giehl Zanetti Ramos, o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (CREA-SC), Kita Xavier, e o prefeito de Florianópolis Topázio Neto.
O encontro também celebrou a marca de 100 empresas aderidas à Vertical Smart Cities. O grupo reúne negócios de tecnologia que pensam e criam cidades mais dinâmicas, sustentáveis e eficientes, integrando também representantes de governos, academia e da sociedade civil.
A 1ª edição do Urban Tech Forum contou com o patrocínio do CREA-SC, BTG Pactual e Passeio Sapiens. Foram apoiadores o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CREA-SC), o Colégio de Entidades Regionais de Santa Catarina (CDER-SC) e Entidades de Classe do CREA-SC.
Transformação Digital: Experiências em gestão e análise de dados e IA no setor público
A 1ª trilha de conteúdos do Urban Tech Forum foi dedicada à transformação digital no setor público. As discussões abordaram desde riscos de ataques cibernéticos às instituições, passando pelo uso de dados para decisões assertivas até a implementação de soluções baseadas em Inteligência Artificial e desafios para sua aplicação.
No palco, foram painelistas Lucas dos Santos, gerente de TI do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (CREA-SC), Sergio Weber, assessor de Planejamento do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), e Rodrigo Zeferino, gerente de Transformação Digital do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Eles compartilharam experiências da gestão de tecnologia em suas instituições junto a Alessandro Garibotti, sócio da Lab Of Codes, que mediou o bate-papo.
O debate ressaltou que a preservação da segurança digital das organizações passa tanto pela capacitação de pessoas, quanto por investimentos em processos e tecnologias, e esses pilares precisam ser orientados por uma cultura de proteção de dados na instituição.
Além de dados seguros, os órgãos públicos precisam zelar pela qualidade das informações, pois elas são fundamentais para a análise e a tomada de decisões que vão impactar a sociedade. Com a implementação de tecnologias como a IA, os dados se tornam ainda mais relevantes pois servem de base para o aprendizado da máquina.
O painel destacou que as instituições públicas buscam colocar a IA em prática em suas atuações. Mas um dos desafios é tornar os projetos efetivos na atuação dos órgãos, visto que uma tendência de mercado é o abandono deles. De acordo com pesquisa da Gartner apresentada no debate, 30% das iniciativas de aplicação da IA serão deixadas de lado até 2025.
Embora haja dificuldades, os painelistas ressaltaram maneiras que a tecnologias podem apoiar as instituições: “Uma vertente da aplicação da IA no serviço público é a utilização para otimizar os recursos humanos para projetos mais estratégicos das instituições”, afirma Rodrigo Zeferino, gerente de Transformação Digital do MPSC. Ele complementa que também é uma tendência a habilidade de profissionais em engenharia de prompts, que significa a capacidade de pessoas se especializarem na utilização eficiente da IA.
Sérgio Weber, assessor de Planejamento do TJSC, vê os avanços tecnológicos com esperança para aprimorar serviços públicos.“As demandas da sociedade são cada vez mais emergentes, temos anseios que as coisas se resolvam de forma mais rápida. Recebendo as necessidades mais rapidamente nós também investimos mais”, finaliza.
Tecnologias emergentes: O futuro dos gêmeos digitais em ambientes urbanos
Além da Inteligência Artificial, outras tecnologias são tendências para o desenvolvimento das cidades, entre elas os chamados gêmeos digitais, os quais consistem em representações virtuais de objetos físicos. Em painel no Urban Tech Forum, Matheus Joaquim Cofferri, head em Telecomunicações de MJ Telco Consulting, Celso Berri, co-fundador e CEO da Webphy, e Laura Lidia Rosa, CEO da Urban Etc, debateram sobre como a tecnologia pode servir para apoiar gestores urbanos com informações precisas e preditivas.
O CEO da Webphy aponta que os gêmeos digitais tem potencial para agregar soluções: “As tecnologias vão avançar para ajudar a monitorar e criar gêmeos digitais de comportamentos e dinâmicas físicas que possam predizer e criar automações com integração às tecnologias de realidade aumentada e simulações, além da utilização e automação de serviços para criar cidades inteligentes”, ressalta Celso Berri.
O painel destacou cases de implementação dos gêmeos digitais, por exemplo, em Singapura – o 1º país ter uma representação virtual própria – onde a tecnologia é uma ferramenta para planejamento urbano e monitoramento de trânsito, gestão de recursos, entre outras aplicações.
Outro case apresentado foi o do Painel RS, plataforma utilizada durante a emergência climática no estado do Rio Grande do Sul em 2024. “Os gêmeos digitais nas enchentes do RS auxiliaram na mitigação de impactos, para direcionar pessoas para locais em segurança, alertas, socorro e toda uma infraestrutura” citou Laura Lidia Rosa, CEO da Urban Etc, sobre a utilização da tecnologia para o monitoramento das cheias.
Sustentabilidade urbana: Inovação e tecnologia no planejamento territorial para o desenvolvimento sustentável de cidades resilientes frentes aos ODS 2030
Outro painel do Urban Tech Forum reuniu o setor público, representado pelo Governo do Estado de Santa Catarina e a Prefeitura Municipal de Florianópolis, para discutir esforços do poder executivo para a promoção da sustentabilidade nos municípios no contexto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
O painel foi conduzido por Gustavo Rittl, fundador da Zero Wastex, e teve a participação de Cibele Assman, chefe do Departamento de Tecnologias Urbanas da Prefeitura de Florianópolis, Luis Kronbauer, diretor de Desenvolvimento e Gestão Territorial da Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan), e Cristiane Casini, gerente de Clima e Energia da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e da Economia Verde (SEMAE).
Cibele Assman abriu o debate destacando que “as cidades inteligentes precisam se desenvolver economicamente, gerando qualidade de vida para as pessoas e com eficiência em suas operações, e não apenas com tecnologias, mas também com soluções baseadas na natureza e outras possibilidades”. Ela complementa que as ações de sustentabilidade são baseadas em três pilares, são eles: mitigação de problemas, adaptação das cidades e resiliência.
Algumas das ações lideradas em Florianópolis são incentivos a construções sustentáveis, plano de descarbonização, programa de eficiência energética, plataformas de acompanhamento de indicadores relacionados aos ODS, além de iniciativas voltadas para a tecnologia como o Living Lab 5G. O laboratório de soluções reuniu empresas com inovações baseadas na 5ª geração de telefonia móvel capazes de atender demandas nas áreas de meio ambiente, mobilidade, planejamento e desenvolvimento urbano, sustentabilidade, governança, gestão de processos e segurança pública.
No âmbito estadual, a pasta de Meio Ambiente e da Economia Verde é responsável pela formulação de políticas públicas no contexto de mudanças climáticas, por exemplo, fomentando energias sustentáveis e avaliando riscos de eventos extremos.
Luis Kronbauer, diretor de Desenvolvimento e Gestão Territorial da Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan), destacou a importância da conexão entre o setor público e entes privados para entregar serviços eficientes aos cidadãos em seus municípios, o qual é um papel que as empresas de tecnologia podem protagonizar com suas soluções, agregando a localização dos ODS em planos de gestão já existentes, além de transparência e dinamicidade.
Turismo: O impacto do turismo nas cidades e a integração inteligente dos modais de longa distância com o transporte urbano
A mobilidade também foi pauta do Urban Tech Forum em painel que contou com a participação de José Almeida, diretor geral da BuscaOnibus, Rodolfo Nicolazzi, coordenador de Projetos do Laboratório de Transportes e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina (LabTrans-UFSC), Anderson Ribeiro, coordenador de Negócios do Floripa Airport, e Carlos Cappelini, sócio-fundador da Toordata. O debate teve como foco o turismo, considerando o potencial turístico da região Sul do Brasil e as conexões entre diferentes modais.
Carlos Cappelini introduziu a temática ressaltando a complexidade da mobilidade no âmbito do turismo, pois muitas cidades falham no planejamento da ocupação dos pontos turísticos em um território, o que ocasiona em problemas de política pública para distribuir a infraestrutura para todas as localidades. Para ele, a solução passa por “entender a localização e clusterização dos equipamentos nos territórios, além do fluxo turístico existente e os deslocamentos realizados, para pensar nas necessidades de ampliação de vias, de modais de transporte e de investimentos”. Já Rodolfo Nicolazzi, apontou para alternativas para a mobilidade como o transporte ferroviário e aquaviário, que podem ser incentivados a partir de estudos de viabilidade.
Um dos principais players de transportes na região Sul é o Floripa Airport – eleito por quatro vezes o melhor aeroporto do país no prêmio Aviação + Brasil 2024, da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC). Anderson Ribeiro destacou o processo de transformação do espaço nos últimos anos desde a sua privatização, entre elas, a implementação de voos internacionais e estratégias para atrair turistas.
Sobre a integração com a mobilidade urbana, o coordenador de Negócios do aeroporto cita que o Floripa Airport promove projetos em razão de demandas dos viajantes, como a viabilidade de linhas e infraestrutura para ônibus municipais e intermunicipais, estímulo ao uso de bicicletas e transportes inteligentes, além de estrutura de recarga para veículos elétricos.
Mobilidade urbana: Tecnologia e eletrificação
O último painel do Urban Tech Forum também colocou em pauta a mobilidade ao reunir o setor público, representado pelos secretários de Transportes e Infraestrutura, Rafael Hahne, e de Planejamento e Inteligência Urbana, Michel Mittmann, do munícipio de Florianópolis, junto ao setor privado, com Diogo Seixas, vice-diretor da Vertical Smart Cities da ACATE e CEO da EVPV Power, e Nelson Fuchter, CEO da Fever Mobilidade.
Os secretários apresentaram esforços para superar desafios de deslocamentos urbanos em Florianópolis, por exemplo, através da mobilidade ativa com iluminação de vias públicas para pedestres e ciclistas, compartilhamento de bicicletas e patinetes elétricos, e um transporte coletivo eficiente, além de projetos estruturantes com obras e novos sistemas de transportes.
Um destaque do debate foi a mudança do comportamento de consumo do público para o e-commerce, o que movimenta o setor logístico de entregas nas residências. Para Nelson Fuchter, o crescimento desse mercado gera alertas para repensar a quantidade e o espaço que os veículos ocupam nas vias, além da poluição gerada. Ele acrescenta que a solução passa pela introdução de modais e veículos sustentáveis para melhorar a convivência com o ser humano pelo setor privado, mas também com o apoio do setor público para aprimorar a mobilidade urbana.
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