Valor Econômico: Universitários apostam em telemedicina veterinária
* A Reportagem que destaca a Vertical Sustentabilidade da ACATE foi publicada no jornal Valor Econômico, no Especial Empresas e Clima da edição de 18 de novembro de 2015. Leia o texto completo no site.
* A Reportagem que destaca a Vertical Sustentabilidade da ACATE foi publicada no jornal Valor Econômico, no Especial Empresas e Clima da edição de 18 de novembro de 2015. Leia o texto completo no site.
Nascida na incubadora de negócios tecnológicos da Universidade de São Paulo (USP), uma pequena empresa brasileira, a Brasil Ozônio, aproveitou o potencial do oxigênio enriquecido de desinfecção de água para desenvolver equipamentos pequenos, portáteis e de baixo custo em diferentes aplicações. O alto poder germicida do gás já era conhecido e sua utilização era considerada segura nos Estados Unidos e países europeus, mas não havia ainda equipamentos dirigidos para diversas finalidades e em pequena escala.
Com acesso a laboratórios e cérebros da universidade, o empresário Samy Menasce, fundador e presidente da empresa, utilizou as linhas de fomento do governo federal e estadual de apoio à execução de pesquisas científicas e tecnológicas, com essa finalidade.
Para isso, desenvolveu equipamentos que captam o ar do ambiente e quebram a molécula de oxigênio (O2) por meio de descarga elétrica, que é transformada em ozônio pela adição de um átomo (O3). O gás é aplicado na água ou no material a ser tratado, da mesma forma que o cloro, antes tradicionalmente usado nesses casos, mas sua ação é cem vezes mais potente com a vantagem de não agredir o meio ambiente.
Passados dez anos, e depois de receber aportes de cerca de R$ 5 milhões, a empresa está na sexta geração de equipamentos, com mais de 3 mil sistemas modulares instalados para usos tão variados como a desodorização de cigarro em hotéis até a esterilização de materiais cirúrgicos e tratamento de efluentes industriais e poços artesianos. Ao aplicar a sua tecnologia na limpeza de água contaminada com metais pesados no entorno da mina de urânio em Poços de Caldas que abasteceu os reatores das usinas nucleares de Angra 1 e 2, a Brasil Ozônio recebe agora mais R$ 9,6 milhões de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), administrado pela Fundação Pátria da Marinha do Brasil.
"Sem essas linhas de fomento não teríamos chegado onde estamos", afirma Menasce. A Brasil Ozônio hoje tem 14 empregados e faturamento de R$ 2,4 milhões em 2014. "Para uma empresa como a nossa, que tinha apenas uma boa ideia, estar dentro da universidade trouxe credibilidade." Outra vantagem foi desenvolver um produto que não agride o meio ambiente. "Nossa tecnologia é uma das poucas que são totalmente limpas porque nossa matéria-prima é o ar e o resíduo oxigênio", afirma o empresário.
A Brasil Ozônio é um bom exemplo de como a demanda crescente da sociedade por produtos e serviços ligados ao meio ambiente chama a atenção tanto dos clientes como das agências interessadas em apoiar pequenas empresas inovadoras que se destacam nessa área. A começar pelo Serviço Nacional de Apoio a Médias e Pequenas Empresas (Sebrae), um dos apoiadores do Centro de Inovação Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), a incubadora localizada dentro da USP.
"O tema sustentabilidade é estratégico para nós, não só como prática como condição de competitividade", afirma Alexandre Ambrosini, gestor desustentabilidade do Sebrae Nacional. Não por coincidência, cerca de um terço das empresas abrigadas no Cietec desenvolve soluções no campo da tecnologia ambiental.
Trajetória semelhante à da Brasil Ozônio está sendo seguida pela Umwelt Biotecnologia Ambiental, empresa de Blumenau, no Estado de Santa Catarina, sul do Brasil, com 30 funcionários. A especialidade da Umwelt (palavra que significa meio ambiente em alemão) é o monitoramento da qualidade de águas, efluentes, análises de sedimentos e produtos químicos para determinação de ecotoxicidade. A empresa utiliza como indicadores organismos que possuem um limite pequeno de tolerância ecológica e apresentam alguma alteração quando expostos a determinados poluentes. Entre eles, uma bactéria marinha, a Vibrio fischeri, que emite luminescência ao entrar em contato com substâncias tóxicas. Outra de suas inovações é um processo de remoção de cor nos efluentes têxteis, que reduz a aplicação de produtos químicos em até 50%. Atualmente desenvolve projeto para degradar gorduras provenientes da indústria frigorífica.
A Umwelt nasceu em 1996 como resultado de pesquisas em biotecnologia ambiental e sua motivação foi a possibilidade de usar recursos naturais nos processos produtivos e na adequação das operações industriais a práticas mais sustentáveis. "Nossos produtos são inovadores por não terem referenciais no mercado nacional, e sustentáveis porque garantem a redução dos custos de processo e um melhor controle ambiental", diz o sócio diretor Gerson Zimmer, que também coordena a área de sustentabilidade da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate).
A Umwelt acumula prêmios de excelência do Estado e do governo federal na área de tecnologia e valorização da biodiversidade e investe em torno de 5% do faturamento _ que prefere não revelar _ em pesquisa e inovação, sendo uma parte com recursos próprios e outra proveniente de bolsas para pesquisadores e projetos de fomento, como o Programa de Apoio a Pequenas Empresas, conhecido como Pappe Inovação, bancado pelo órgão financiador de pesquisas científicas e tecnológicas de Santa Catarina (Fapesc), e do Ministério da Ciência e Tecnologia (Finep). Atende clientes do Paraguai e da Argentina, além da região Sul e Sudeste do país, principalmente indústrias têxteis, de papel e celulose, e aterros sanitários.
Um prêmio foi o impulso que faltava para que a Ambievo, empresa de descontaminação de solo criada há quatro anos pelo empresário Fernando Pecoraro, decolasse. A empresa estabelecida na cidade paulista de Jundiaí, no Estado de São Paulo, desenvolve uma linha de produtos desengraxantes, testada em contaminações de óleos, gasolina, petróleo, usando o óleo da casca de laranja que passa por um processo químico para se tornar um supersolvente. Seu carro-chefe é a descontaminação do solo por um processo móvel. A planta automatizada é colocada na carreta de um caminhão para se locomover até a área contaminada. Uma das vantagens é que o solvente não só recupera o solo como separa o óleo que estava misturado, de forma que ele pode ser reaproveitado. "Além de limpa, a tecnologia custa muito menos que o método tradicional", afirma Pecoraro.
Com um pipeline de projetos potenciais de cerca de R$ 400 milhões e oito funcionários, o empresário, que não revela seu faturamento, conseguiu o apoio do Banco Santander que adquiriu 23% de participação na startup por meio de sua carteira com foco em negócios sustentáveis; e atraiu a parceria da Haver&Boecker para o fornecimento de equipamentos. Este ano, a Ambievo foi selecionada pela Launch, plataforma de inovação firmada entre o Departamento de Estado dos Estados Unidos, a Nasa, a Nike e a Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (Usaid) para identificar e promover soluções avançadas para um mundo mais sustentável. Pecoraro recebeu o prêmio de melhor desafio nos avanços na área de química verde.
Com o interesse despertado nos Estados Unidos, o empresário procurou a Apex-Brasil, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, entidade que promove ações para incrementar a competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional a partir do desenvolvimento de atributos de sustentabilidade e inovação. "Fazemos o diagnóstico dessas práticas que podem ser ainda mais aprimoradas e ajudamos a ressaltá-las como diferenciais competitivos", afirma Adriana Rodrigues, responsável pela Gerência de Sustentabilidade da agência. A Ambievo deve começar em 2016 o seu processo de internacionalização abrindo uma subsidiária em Miami.